Sergio Telles

Exposição itinerante e individual do artista brasileiro Sergio Telles (1936), que, ao longo das viagens inerentes ao seu cargo político, encontrou diversos lugares e contextos culturais que enriqueceram a sua obra artística. No âmbito desta mostra, a sua obra recupera a pintura parisiense do início do século XX, sentindo-se laivos do pós-impressionismo e uma coloração próxima dos «fauves».
Individual travelling exhibition on Sérgio Telles (1936), who, during his travels connected his political office, came across different places and cultural contexts that enriched his artistic work. As part of the show, Telles's works revive Parisian painting of the start of the 20th century, with hints of post-impressionism and colouring similar to the Fauves.

A relação institucional da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) com o diplomata e pintor brasileiro Sergio Telles remonta ao final da década de 1960, aquando da aquisição da obra Coin de Jardin (Restelo) Lisbonne, 1969 (Inv. PE11). Pouco depois, em 1971, o artista apresentaria em Paris a exposição «Paysages du Portugal», no Centre Culturel Portugais, Delegação em França da FCG.

Para esta sua individual em Lisboa, Sergio Telles terá sido convidado ainda em 1986, por iniciativa direta de José de Azeredo Perdigão, presidente da Fundação (Carta de Sergio Telles para José de Azeredo de Perdigão, 7 nov. 1986, Arquivos Gulbenkian, SEM 00402). A inauguração aconteceria dois anos depois, a 13 de dezembro de 1988, na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 0).

Produzida pelo Serviço de Exposições e Museografia da FCG, a mostra apresentou 88 peças, na sua maioria pintura a óleo, integrando também alguns desenhos a carvão e pastel e 16 litografias. Os temas mais frequentes são a paisagem, o retrato, as cenas de costumes e a natureza-morta, realizados nos diferentes lugares e contextos culturais por onde o artista foi passando nas suas funções de diplomata – do seu Brasil natal a Portugal, passando por Buenos Aires, Paris, Viena, Moscovo, Tóquio ou Katmandu, no Nepal.

Não obstante essa diversidade de motivos, a sua obra mantém-se bastante fiel, plasticamente, a uma matriz que recupera a pintura parisiense do início do século XX, sentindo-se laivos do pós-impressionismo e uma coloração próxima dos fauves. Com vasta representação em coleções institucionais e privadas pelo mundo, Telles planeava inicialmente reunir na Fundação Calouste Gulbenkian obras vindas de diversos pontos geográficos (Carta de Sergio Telles para José Sommer Ribeiro, 6 jun. 1987, Arquivos Gulbenkian, SEM 00402). Decidiria, mais tarde, apresentar apenas o acervo que tinha sido exposto pouco antes na sua individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP). O transporte das obras do Brasil para Portugal foi integralmente patrocinado pela transportadora aérea brasileira Varig (Carta de José Telles para José Sommer Ribeiro, 27 jun. 1987, Arquivos Gulbenkian, SEM 00402). Após o termo da exposição em Lisboa, as obras partiram para uma itinerância que passaria por Évora, Coimbra e Porto.

A documentação fotográfica disponível nos Arquivos Gulbenkian faz supor que em Évora a exposição terá decorrido numa ala do Museu de Évora/Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (antes das profundas remodelações e da reinauguração de 2009). Já de Coimbra, chega-nos uma nota da diretora do Museu Machado de Castro, que adianta a afluência de 1214 pessoas, congratulando-se com o sucesso da mostra (Carta de Maria José Sampaio para Nunes de Oliveira, 13 mar. 1989, Arquivos Gulbenkian, SEM 00402). O percurso da exposição terminaria no final de maio de 1989, com o encerramento da exposição na Casa D. Hugo (provavelmente a atual Casa-Museu Guerra Junqueiro), no Porto, cidade onde a organização contou com o suporte do Rotary Club (Carta de Américo Seixas para Domingos de Oliveira, 7 abr. 1989, Arquivos Gulbenkian, SEM 00402). Esse contacto seria estabelecido através de Domingos A. da Cunha Gonçalves (adido da Embaixada do Brasil em Portugal), que, juntamente com o embaixador do Brasil em Portugal, Alberto Costa e Silva, foi um importante interlocutor para questões relacionadas com a logística de toda a iniciativa.

À data desta itinerante, Sergio Telles era ministre conseiller da Ambassade du Brésil em Paris. Revestindo-se inevitavelmente de um certo pendor diplomático, esta iniciativa foi uma das muitas mostras de arte brasileira que a Gulbenkian trouxe a público no final da década de 1980.

Daniel Peres, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

José Sommer Ribeiro (à dir.)
José Blanco (à esq.)

Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Biblioteca de Arte Gulbenkian, Lisboa / Dossiê BA/FCG

Coleção de dossiês com recortes de imprensa de eventos realizados nas décadas de 80 e 90 do século XX, organizados de forma temática e cronológica. 1984 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00402

Pasta contendo documentação referente à produção da exposição individual itinerante do artista e diplomata Sergio Telles. 1986 – 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D02227

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0232-D00713

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0232-D00714

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0232-D00715

Coleção fotográfica, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1988

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0232-D00717

Coleção fotográfica, cor: aspetos (Museu de Évora) 1989

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0232-D00718

Coleção fotográfica, cor: aspetos (Museu de Évora) 1989


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