Primeira exposição individual da então jovem artista Brenda Novak (1961). Esta mostra integrava-se numa linha programática de apoio a jovens artistas, promovendo igualmente o intercâmbio cultural com o Brasil.

No seu texto para o catálogo, José Sommer Ribeiro comenta que aquilo que mais o atraiu no trabalho de Novak, «primeiro que tudo, foi a sua pesquisa tão pessoal e a sua contenção, quer da forma quer da cor, qualidades tão raras nos artistas brasileiros» (Brenda Novak, 1989).

Brenda Novak apresentou na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna um conjunto de pinturas abstratas, com reminiscências do abstracionismo lírico, o que a afastava daquilo a que Marc Berkowitz chama «“vocação construtivista” da arte brasileira, que produz a tão aborrecedora sensação do “déjà vu”» (Ibid.).

As pesquisas da artista incidiam na pintura sobre tela de lona desengradada, com recurso a diferentes materiais (tinta artesanal, carvão mineral, pastel de óleo). Também o suporte era objeto de intervenção, através de cortes e costuras, assumindo formas irregulares e ganhando, em alguns casos, uma dimensão escultórica.

Importa notar que, a par da sua formação em artes plásticas, Novak mantinha uma forte ligação à dança, participando em projetos de artes performativas. A dança aproximou-a das filosofias chinesa e indiana e de práticas espirituais e físicas a elas associadas. Estes seus trabalhos resultam da fusão de diversas influências, desde os movimentos da dança livre e do tai chi chuan, passando pelo cromatismo da pintura chinesa, até às ideias taoistas de harmonia e elevação espiritual.

Mariana Roquette Teixeira, 2018