Exposição integrada na programação do Centre Culturel Portugais (CCP), sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em Paris, dedicada à realização de exposições individuais de bolseiros e ex-bolseiros da FCG. Integrada neste ciclo, a Delegação de Paris, conjuntamente com o Serviço Internacional e o Serviço de Exposições e Museografia da FCG, promove uma exposição dedicada à apresentação de alguns dos mais recentes trabalhos de Maluda (Maria de Lourdes Ribeiro, 1934-1999).

Com projeto museográfico de Paulo Ferreira, a mostra apresentou 32 pinturas a óleo no género da paisagem, realizadas pela artista entre os anos de 1971 e de 1978, e expostas no piso térreo da antiga residência de Calouste Sarkis Gulbenkian em Paris.

A organização e produção da exposição seguiu os mesmos moldes das demais mostras individuais de bolseiros, realizadas entre os anos de 1978 e 1979 (Fernando Pinheiro, João Moniz, Pedro Chorão, Justino Alves, Graça Morais, Jaime Silva, Bertino Cordeiro, Manuel Casimiro, Gonçalo Duarte, Jacques Minassian, Nadir Afonso e João Dixo), contando com um catálogo simples, constituído por poucas páginas, nas quais, além da lista de obras, eram apresentadas algumas reproduções, a preto-e-branco, das obras em exibição.

O prefácio do catálogo foi assinado por Simone Frigerio, que destacaria a pintura de Maluda nos seguintes termos: «La démarche picturale de Maluda est caractérisée par une synthèse originale entre une sort de post-cubisme et un constructivisme, à la dine de démarcation figuration-abstraction. Dans ses compositions tri-dimensionnelles, l’artiste respect la convention de l’espace, un espace du domaine mental, où les plans, les volumes, s’emboitent, se superposent, suivant une logique plastique rigoureuse.» (Maluda, 1979, pp. 2-3)

No mesmo texto, a crítica de arte parisiense elogiaria a ação da FCG no domínio da divulgação e atualização dos valores da arte contemporânea: «Une fois de plus, il faut rendre hommage à l’action éclectique de la Fondation Gulbenkian, dans la prospection de l’Art contemporain. / Grace aux bourses d’études destinées à encourager de jeunes talents, une “école portugaise” s’est affirmée au cours de ces dernières dix années. Aujourd’hui, dépassant les limites d’un art local, nombre d’artistes portugais, la plupart anciens lauréats de la Fondation, se distinguent au sien de l’avant-garde international la plus évoluée.» (Ibid., p. 2)

O diretor do CCP, José Pina Martins, seria também bastante elogioso em relação às obras de Maluda: «[Os] trabalhos expostos, na opinião geral, representam um conjunto de valor artístico extraordinário. Em todos os quadros se patenteia, com um domínio de técnica raramente atingido num pintor ainda jovem, uma autenticidade invulgar de expressão plástica. Coexistindo com um sentido da luz e da cor que revelam imediatamente o encanto da paisagem portuguesa interpretada por uma artista excepcional.» (Fax de José Pina Martins para o Serviço Internacional da FCG, 8 fev. 1979, Arquivos Gulbenkian, PRS 05122)

À inauguração da exposição compareceram cerca de 500 visitantes, entre os quais alguns pintores e diplomatas portugueses que não deixaram de marcar presença no evento.

Finalizado este ciclo de exposições, o CCP manifestou a intenção de realizar salões anuais, com apresentações coletivas de bolseiros, e outras mostras anuais dedicadas ao que de mais significativo se apresentava em Portugal, contando para tal com avaliação interna da FCG, de outras instituições, de críticos de arte e de historiadores. Apesar da nova orientação programática, era ressalvado que, em situações especiais, se poderiam realizar mostras individuais (Apontamento Serviço Internacional, 8 jun. 1979, Arquivos Gulbenkian, PRS 05138).

Filipa Coimbra, 2017