Exposição integrada na programação do Centre Culturel Portugais (CCP), sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em Paris, dedicada à realização de exposições individuais de bolseiros e ex-bolseiros da FCG. Integrada neste ciclo, a Delegação de Paris, conjuntamente com o Serviço Internacional e o Serviço de Exposições e Museografia da FCG, promoveu uma exposição dedicada à apresentação de alguns dos mais recentes trabalhos de João Dixo (941-2012).

Com projeto museográfico de Paulo Ferreira, a mostra apresentou 16 pinturas recentes do artista, divididas em quarto séries (Quem pinta, pinta-se; Completamente defendido; A moda da ecologia; Diante de um caso) e expostas no piso térreo da antiga residência de Calouste Sarkis Gulbenkian em Paris. No contexto desta exposição foi ainda adquirida, para incorporar a coleção de arte moderna da FCG, a obra intitulada Quem pinta, pinta-se (Inv. 79P631).

A organização e produção da exposição seguiu os mesmos moldes das demais mostras individuais de bolseiros, realizadas entre os anos de 1978 e 1979 (Fernando Pinheiro, João Moniz, Pedro Chorão, Justino Alves, Graça Morais, Jaime Silva, Bertino Cordeiro, Manuel Casimiro, Maluda, Jacques Minassian, Nadir Afonso e Gonçalo Duarte), contando com um catálogo simples, constituído por poucas páginas, nas quais, além da lista de obras, eram apresentadas algumas reproduções a preto-e-branco das obras em exibição.

O prefácio do catálogo foi assinado pelo crítico de arte Egídio Álvaro, que destacaria a pintura de João Dixo desta forma: «Cette peinture ne cherche pas la facilité. Elle est exigeante, inventive, fait appel à notre imaginaire, à notre disponibilité intellectuelle. C’est une figuration résolument analytique, engagée, critique. Un regard éveillé, vigilant. Mais, avant tout, une figuration interrogative, proposant des signes ambigus et des symboles à sens multiples.» (João Dixo, 1979, p. 2)

À inauguração da exposição compareceram várias centenas de pessoas, entre as quais alguns pintores e diplomatas portugueses que não deixaram de marcar presença no evento. Como daria nota o diretor do CCP, José Pina Martins: «Algumas centenas de pessoas […] puderam admirar o sentido de riqueza cromática e as qualidades pictóricas excepcionais deste jovem artista português.» (Fax de José Pina Martins para o Serviço Internacional da FCG, 6 abr. 1979, Arquivos Gulbenkian, PRS 05129)

Finalizado este ciclo de exposições, o CCP manifestou a intenção de realizar salões anuais, com apresentações coletivas de bolseiros, e outras mostras anuais dedicadas ao que de mais significativo se apresentava em Portugal, contando para tal com avaliação interna da FCG, de outras instituições, de críticos de arte e de historiadores. Apesar desta nova direção programática, era ressalvado que, em situações especiais, se poderiam realizar mostras individuais (Apontamento Serviço Internacional, 8 jun. 1979, Arquivos Gulbenkian, PRS 05138).

Filipa Coimbra, 2017