Inaugurou-se em agosto de 1979, no Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição «Escultura e Vida», organizada pela Embaixada de França em Portugal, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), com o objetivo de proporcionar aos seus visitantes uma panorâmica da escultura contemporânea. A exposição reuniu um conjunto de 36 peças de escultura, de artistas da Escola Francesa e de artistas portugueses.

Quando foi inaugurado o edifício Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, e consequentemente o seu Parque, em outubro de 1969, admitiu-se desde logo que o seu arranjo paisagístico reunia excelentes condições e enquadramento para expor peças de escultura ao ar livre. Em 1973, a exposição «Rodin» viria confirmar isso mesmo, quando algumas peças do escultor francês foram apresentadas no relvado anexo à Galeria de Exposições Temporárias da FCG.

A exposição «Escultura e Vida» retomava uma intenção já de 1975, de realizar uma exposição de escultura ao ar livre do século XX no Jardim da Fundação. Porém, dada a situação política do país naquela data, a FCG considerara prudente o adiamento da iniciativa.

Finalmente, em agosto de 1978, voltava-se a estudar a possibilidade de patentear um certame com esculturas no Jardim Gulbenkian que não pretendesse somente oferecer uma visão sistemática da escultura dos últimos cinquenta anos, mas que igualmente apresentasse obras notáveis de escultores contemporâneos, especialmente da Escola de Paris. Além deste primeiro objetivo do certame, a Fundação julgou importante aproveitar a ocasião para expor algumas esculturas executadas por artistas portugueses. Tal sugestão obteve plena aceitação junto dos responsáveis da Administração e Serviços da FCG. A exposição de escultores franceses seria assim enriquecida com doze esculturas de autores portugueses.

Aliado à vontade de possíveis aquisições de esculturas para a Coleção Moderna da Fundação, o projeto da exposição «Escultura e Vida» foi então oportunamente retomado, com vista à sua apresentação no ano seguinte.

Assim, a Fundação Calouste Gulbenkian contou com a cooperação de Jacques Lassaigne, conservador-chefe do Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, que se deslocou a Lisboa para estudar o local da exposição, selecionar as esculturas exibidas e colaborar na sua produção e montagem.

A exposição alcançou um enorme reconhecimento junto dos seus visitantes e da crítica especializada, como, a título de exemplo, atesta o seguinte excerto do pintor e crítico Fernando de Azevedo:

«Fundamentalmente, esta exposição no Parque Gulbenkian verificou a apetência do mais belo espaço verde da cidade, ao seu preenchimento, e revelou ao público a vocação implícita na qualidade do seu ordenamento plástico e arquitectónico […]. Perto de 30 esculturas de grandes nomes da arte moderna, da Escola de Paris na sua maioria, e uma dúzia de obras de outros autores, portugueses estes, preencheram o elenco da exposição, cobrindo várias áreas estéticas do século, diferenciadas e com obras em muitas delas sem qualquer dúvida, com bem pontuada e significativa escolha.» (Azevedo, Colóquio/Artes, n.º 42, set. 1979)

Joana Brito, 2017