Por iniciativa da Embaixada da Noruega em Portugal e da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), realizou-se no Museu e Jardim Gulbenkian uma exposição dedicada ao escultor norueguês Gustav Vigeland (1869-1943), constituída por 67 esculturas, 25 xilogravuras e 98 desenhos. A exposição veio consagrar uma colaboração institucional no campo das artes visuais, já iniciada entre os dois países, Portugal e Noruega.

A escolha das obras ficou a cargo da diretora do Vigeland Museet, em Oslo, e comissária da exposição, Tone Wikborg, que delineou como objetivo o documentar da obra de um artista considerado um dos maiores escultores do seu país e que dedicou todo o seu trabalho à cidade de Oslo.

Este artista norueguês, de acordo com o texto de Tone Wikborg para o catálogo da exposição, começou a sua carreira de escultor em 1889 e depressa foi considerado escultor de referência do seu país, embora pouco conhecido no resto da Europa e noutros centros artísticos: «Contudo, muito pouco se sabe dele no estrangeiro. Todas as suas obras estão, praticamente, em Oslo, no museu e parque de escultura Vigeland […]. A obra de Vigeland foi e ainda é altamente controversa. Divergem as opiniões desde a desaprovação mais profunda até ao maior elogio […]. Vigeland aderiu teimosamente à tradição clássico-humanista, modelando em gesso para reproduzir em bronze ou em pedra. […] A arte de Vigeland compreende todas as idades do Homem, desde o feto à velhice e a respectiva degeneração. Ele penetra na alma e nos mais elementares sentimentos humanos com uma força e pontaria sem pudor. Poucas vezes algum artista retratou os momentos de ternura, medo, cólera, pena e solidão entre homem e mulher, criança e adulto, amigo e inimigo, com penetração e realismo tão profundos. Vigeland não procurava a graça e encanto fácil, mas transmitiu a sua própria melancolia a várias das suas figuras.» (Gustav Vigeland, 1977)

Gustav Vigeland nunca se interessou em vender ou expor as suas obras, porém, consciente do valor das suas peças, propôs ao município de Oslo que construísse um ateliê que viria a ser, por sua morte, um museu. A proposta foi prontamente aceite, bem como alargada a um projeto de construção de um parque de esculturas, inteiramente preenchido por obras de Gustav Vigeland.

Joana Brito, 2016