A «Exposição Internacional da Medalha», integrada no XVIII Congresso da FIDEM (Federação Internacional de Medalhística), realizou-se nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e reuniu um total de 1600 medalhas.

Em 1937, a FIDEM foi fundada por um grupo europeu de fabricantes de medalhas, representando Casas da Moeda estatais e diversas empresas privadas. Num primeiro período, foram admitidos tanto artistas como colecionadores e, a partir de 1949, cada Congresso da FIDEM, organizado de dois em dois anos, coincidiu com uma exposição de arte de medalhística contemporânea, exibindo obras criadas por autores provenientes de mais de 30 países, representativos de várias regiões do mundo.

No XVIII Congresso, de 1979, participaram representantes de 40 países, entre os quais Austrália, Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Checoslováquia, Coreia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Itália, Japão, Jugoslávia, Malta, Nova Zelândia, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Federal da Alemanha, Roménia, São Marino, Suécia, Suíça, e ainda organismos de expressão internacional como a UNESCO e a FAO.

Os dezassete congressos precedentes tiveram lugar em cidades como Helsínquia, Cracóvia e Budapeste. A Comissão Organizadora do XVIII Congresso, depois de designada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, que oportunamente apresentara a candidatura de Portugal à realização do congresso de 1979, por ocasião da Assembleia Geral da FIDEM efetuada em Budapeste aquando do XVII Congresso Internacional, recuperou a tradição de se realizar uma exposição durante o período do evento, sendo assim organizada esta mostra, em Lisboa.

A Imprensa Nacional-Casa da Moeda, logo que aceitou a incumbência de organizar o Congresso FIDEM em Portugal, procurou a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian, para apoio nos encargos associados ao evento, o que viria a verificar-se não só nas diligências relativas à exposição, que foi integrada no programa de atividades da FCG, mas também na cedência das instalações da FCG para a realização do XVIII Congresso.

Coube por isso à Fundação Calouste Gulbenkian a tarefa de expor o notável conjunto de medalhas (pela diversidade de proveniências e conceções) da que, à data, era considerada a mais importante «Bienal Internacional da Medalha», pela sua tradição, prestígio internacional e qualidade artística.

A «Exposição Internacional da Medalha» pretendeu desde logo contribuir para a promoção da arte medalhística nacional e internacional, reunindo cerca de 1600 peças da autoria de centenas de artistas. O principal tema de discussão e apresentação do XVIII Congresso, e do certame associado, foi precisamente o estatuto de universalidade inerente à medalha, o que resultou numa abordagem que aprofundou vários aspetos expositivos: histórico, artístico, estético, técnico, social e cultural.

«Assim, verdadeiro objecto ou meio de comunicação, a medalha é sobretudo ou deve ser por isso mesmo um objecto de cultura e, simultaneamente, um objecto difusor de cultura sem fronteiras, sem inibições.» (Exposição Internacional da Medalha. XVIII Congresso FIDEM 1979, 1979)

Para a mostra, selecionou-se igualmente uma representação portuguesa, com um conjunto de medalhas de 66 artistas, que procurou identificar o percurso da medalhística nacional, exemplificando as suas variantes estéticas e técnicas, desde o final do século XIX até à atualidade.

Finalmente, no âmbito do congresso e da exposição, foi ainda instituído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda um prémio para agraciar o autor da melhor medalha participante na «Exposição-Concurso sobre o Ano Internacional da Criança», para cuja atribuição foi designado um júri internacional. O prémio foi concedido ao escultor português Hélder Batista (1932-2015), nomeado autor da melhor medalha em exposição.

Ainda no âmbito da realização em Lisboa do XVIII Congresso Internacional da FIDEM e das exposições medalhísticas, o Museu Calouste Gulbenkian julgou importante e oportuno editar um catálogo de divulgação da coleção de Medalhas do Renascimento Italiano da Coleção Gulbenkian, a fim de documentar «de forma inequívoca a beleza, a qualidade e a perfeição que a arte da medalhística atingiu neste período histórico» (Colecção Calouste Gulbenkian. Medalhas do Renascimento, 1979).

Joana Brito, 2017