Apresentação de obras literárias e artísticas da autoria de médicos, dando continuação à tradição começada em 1896, no I Congresso Nacional de Medicina.

Paralelamente aos trabalhos científicos apresentados no congresso, a exposição pretendia chamar a atenção para um conjunto de trabalhos artísticos «disperso e ignorado não só pelo público em geral, como por grande número de médicos mais jovens», segundo Luís da Silveira Botelho, comissário da exposição (V Congresso Nacional de Medicina…, 1983). No texto introdutório ao catálogo, Silveira Botelho refere ainda a necessidade de se construir um «Museu do Médico, casa que recolha e enalteça os trabalhos científicos, literários e artísticos de médicos» (Ibid.).

Sobre a montagem da exposição, sabe-se, através de um orçamento encontrado entre a documentação relativa à produção da exposição, que esta seria composta por 40 painéis de fotografias e textos, tendo como tema «todas as intervenções de Médicos Portugueses nos campos exteriores à Medicina, Artes-Letras-Ciências, etc.», dispostos na Galeria de Exposições Temporárias (piso 01).

Apesar de não ter sido possível apurar todas as obras e autores representados nesta mostra, foi analisada uma nota (n.º 175/EM/83) em que o Serviço de Exposições e Museografia solicita ao Centro de Arte Moderna a cedência das obras de arte do artista português Abel Salazar (1889-1946), João Carlos (1899-1960) e Roque Gameiro (1864-1935), com o fim de estas figurarem na exposição do V Congresso Nacional de Medicina.

O catálogo da exposição é organizado em vários setores:

1.    Figuras universais da medicina portuguesa (séculos XIII-XVIII);

2.    Grandes vultos da medicina portuguesa que ultrapassaram o âmbito puramente científico (fins do séculos XIX e século XX);

3.    Médicos que se evidenciaram noutros ramos;

4.    Medicina e letras;

5.    Medicina e artes plásticas;

6.    Prémios com nomes de médicos;

7.    Patronímicos hospitalares;

8.    Toponímia médica;

9.    Médicos e medalhística;

10.  Ex-líbris de médicos;

11.  Temática médica na filatelia portuguesa.

Em carta assinada por José de Azeredo Perdigão, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, e datada de 7 de fevereiro de 1983, dirigida a António Gentil Martins, presidente da Ordem dos Médicos, consta o programa de cinco dias do V Congresso Nacional de Medicina, no qual o primeiro e último dias foram constituídos por sessões solenes, ao passo que os restantes foram preenchidos por reuniões científicas.

O único recorte de imprensa disponível na documentação consultada dá conta da publicação do catálogo da exposição, explicando que «nele são inventariados os médicos portugueses que ocuparam lugar de destaque na sua profissão, noutros campos do saber ou nas artes» (V Congresso Nacional de Medicina…, 1983).

Carolina Gouveia Matias, 2017