Sculptures Infinies. Des Collections de Moulages à l’Ère Digitale 

Uma exposição, apresentada em Paris e em Lisboa, que reuniu obras de artistas contemporâneos que partilham o fascínio pela técnica da moldagem e pela reprodutibilidade do objeto escultórico, e um conjunto de modelos escultóricos das coleções de gessos históricos das Beaux-Arts de Paris e da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa.    

Na Galeria de Exposições Temporárias (piso 0) do Edifício Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em Lisboa, inaugurava no dia 17 de setembro de 2020 a exposição «Esculturas Infinitas. Do Gesso ao Digital», uma parceria do Museu Calouste Gulbenkian (MCG) com a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (também designada por Beaux-Arts de Paris), patente ao público até 19 de janeiro de 2021. A exposição tinha estado inicialmente programada para o período entre 24 de abril e 7 de setembro de 2020; no entanto, a data foi forçosamente alterada em consequência da implementação do plano de prevenção desenvolvido no âmbito do combate à pandemia de Covid-19, que obrigou ao encerramento do MCG entre 13 de março e 18 de maio de 2020. Antes da apresentação em Lisboa, a mostra, com o título «Sculptures Infinies. Des Collections de Moulages à l’Ère Digitale», tinha sido apresentada em Paris, nas Beaux-Arts, entre 4 de dezembro de 2019 (com inauguração no dia anterior, a 3 de dezembro) e 16 de fevereiro de 2020.

A exposição desenvolveu-se a partir de um projeto da diretora do MCG Penelope Curtis, pensado poucos meses depois da sua nomeação, em meados de 2015, e após uma visita à coleção de gessos históricos da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Inicialmente prevista só para Lisboa, a mostra, então projetada já em parceria com a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, foi planeada como itinerante, com dois momentos de concretização: um primeiro, em Paris, com a seleção de um conjunto de obras de artistas contemporâneos e de modelos em gesso provenientes do acervo reunido nas Beaux-Arts de Paris, na Gypsothèque du Louvre, em Versailles, e no Atelier de Moulage de la Réunion des Musées Nationaux – Grand Palais; o segundo, em Lisboa, com o mesmo conjunto de obras contemporâneas – à exceção de New Pompidou (2014), de Simon Fujiwara (1982) – e com uma nova seleção de gessos históricos, cedidos pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Além da coordenação geral e curadoria de Penelope Curtis, a mostra contou ainda com cocuradoria de Rita Fabiana, Thierry Leviez e Armelle Pradalier. Também colaboraram no projeto expositivo, na assessoria científica e investigação, os historiadores Eckart Marchand, Élisabeth Le Breton, Emmanuel Schwartz, Alice Thomine-Berrada, Eduardo Duarte e Victor dos Reis.

A inauguração da exposição, em Lisboa, decorreu de forma um pouco diferente da habitual uma vez que, seguindo as normas impostas pelo combate à pandemia, houve necessidade de fixar um conjunto de restrições no acesso ao espaço expositivo, de modo que os quatrocentos convidados foram previamente distribuídos por horários faseados de cerca de uma hora, só sendo permitido um número máximo de cinquenta pessoas em simultâneo na galeria. O evento inaugural integrou ainda outras iniciativas, nomeadamente: uma receção na Embaixada de França em Portugal, destinada aos artistas e a um grupo restrito de convidados, organizada no dia 16 de setembro; a habitual visita guiada para a comunicação social (com um número restrito de participantes), organizada pelo MCG no dia 17 de setembro, às 11 horas; e uma mesa-redonda, «Os Pontos de Vista dos Artistas», organizada na Sala 1 da Zona de Congressos da FCG, com início às 15 horas, uma hora antes da inauguração. Este evento, com uma lotação máxima de sessenta convidados e com transmissão em live streaming, contou com a moderação de Penelope Curtis e com a participação de três artistas: Francisco Tropa (1968) e Rogério Taveira (1966), representados na mostra, e Belén Uriel (1974), uma artista em que a fundição e a modelagem são processos recorrentes na sua prática artística e que, não tendo qualquer obra na exposição, olhava o projeto curatorial numa perspetiva de fruição.

Em «Esculturas Infinitas. Do Gesso ao Digital», reuniam-se obras de autores em que a pesquisa explora a tridimensionalidade do objeto escultórico, integrando a sua reprodutibilidade, intervindo na sua transmutação ou perscrutando a materialidade do suporte. O conjunto selecionado reunia artistas em atividade na Europa, em países como Portugal, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Áustria, França e Espanha: Jean-Luc Moulène (1955), Heimo Zobernig (1958), Asta Gröting (1961), Daphne Wright (1963), Xavier Veilhan (1963), Christine Borland (1965), Francisco Tropa (1968), Steven Claydon (1969), Michael Dean (1977), Charlotte Moth (1978), David Bestué (1980), Aleksandra Domanović (1981), Oliver Laric (1981), Simon Fujiwara (1982), Marion Verboom (1983) e Jumana Manna (1987). O circuito expositivo integrava ainda a projeção de dois vídeos: um de Marie José Burki (1961), com filmagens dos moldes académicos guardados nas reservas das Beaux-Arts de Paris, e um outro, de Rogério Taveira (1966), com imagens da coleção de gessos na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, além de uma representativa seleção de gessos históricos provenientes destas duas instituições (em Paris, da escola francesa; em Lisboa, da portuguesa).

Pretendia-se, assim, abordar a reprodutibilidade do objeto escultórico – «a escultura é tipicamente plural e o molde é o meio que permite essa pluralidade», escreve Penelope Curtis no catálogo da exposição (Esculturas Infinitas. Do Gesso ao Digital, 2020, p. 27) – mas explorando as potencialidades dos objetos recriados entre a reprodução fiel em gesso de esculturas, elementos arquitetónicos, fragmentos do corpo humano ou de animais e exemplares botânicos, uma prática incrementada na Antiguidade Clássica e com um maior desenvolvimento a partir do Renascimento, e a prática contemporânea em que o artista tem ao seu dispor uma diversidade de técnicas disponíveis, entre as quais se contam a modelagem, a fundição ou a reprodução 3D. Invocam-se, no espaço expositivo, as memórias do ensino e da prática artística de séculos anteriores, ao mesmo tempo que se celebra a infinita capacidade de reinvenção das técnicas da moldagem, na contemporaneidade.

Em Lisboa, o projeto expositivo, da responsabilidade de Mariano Piçarra, refletia uma intencional liberdade espacial, conferida pela amplitude do espaço – pouco compartimentado –, onde se dispunham, sem ordenação predefinida, os diversos núcleos de obras dos artistas contemporâneos que ladeavam – ainda que de forma intencionalmente subtil – as réplicas de gessos históricos que pontuavam a centralidade do espaço. Os diálogos ou interações entre as obras faziam-se de forma mais evidente como em Cast from Nature (2010-2011), de Christine Borland; Rebekkah (2012), de Simon Fujiwara; Gropiusbau (2016), de Asta Gröting; The Hunter and His Dog (2015) e Sleeping Boy (2016), ambos de Oliver Laric; ou até Substances of Human Origin (2015), de Aleksandra Domanović, ou de formas um pouco mais veladas como Taburete de platano con asiento de ajo y ajo de Delfos (2017), de David Bestué, ou Persistent Vestibules (2012), de Steven Claydon, ou lol lol (título provisório) (2017) e LLLLOLLLL (título provisório) (2018), ambos de Michael Dean. O espaço da galeria abria-se para o exterior através das grandes paredes em vidro, que permitiam observar diferentes zonas do Jardim Gulbenkian, acentuando uma amplidão espacial experienciada na visita ao circuito expositivo.

Em Paris, num projeto de Romain Guillet, a exposição ocupava uma grande sala de exposições das Beaux-Arts de Paris, espacialmente diferente da galeria de Lisboa e com uma forte presença de elementos arquitetónicos e decorativos do edifício. As obras dispunham-se de forma mais ordenada, recriando pequenos núcleos expositivos, mas centrando o projeto expositivo na permeabilidade de diálogos entre os gessos históricos e as obras dos artistas contemporâneos.

O catálogo, editado em português e francês e em versão bilingue (em inglês) e profusamente ilustrado com reprodução de obras e vistas gerais da galeria de exposição, integrou textos de Penelope Curtis, do historiador e arquivista Eckart Marchand, dos investigadores Élisabeth Le Breton, Emmanuel Schwartz e Alice Thomine-Berrada, dos professores Eduardo Duarte e Victor dos Reis, além de uma criteriosa seleção de fotografias de Carlos Azevedo, sobre as duas coleções de gessos históricos sediadas em Paris e em Lisboa, e um frame de cada um dos vídeos integrados na exposição.

A exposição, em Lisboa, teve uma grande atenção por parte da comunicação social, que lhe dedicou profusas notícias e artigos de divulgação. Dos muitos artigos publicados em periódicos (imprensa e digital) e websites, encontram-se identificadas mais de sessenta referências no dossiê de imprensa da exposição (Dossiê de imprensa, 2020, Arquivos Gulbenkian, ID: 313691), destacando-se artigos no Público (18 e 20 set. 2020), Expresso (19 set. 2020), Sol (19 set. 2020), Observador (26 set. 2020), Diário de Notícias (4 jan. 2020), Jornal de Notícias (9 set. 2020) ou Le Monde.fr (16 nov. 2020), bem como a crónica de Carla Carbone, na revista Umbigo (21 dez. 2020), e a de Flávia Brito, na Gerador (22 dez. 2020). A mostra teve também cobertura televisiva e radiofónica, nomeadamente na RTP, na SIC Notícias ou no Porto Canal, com notícias e reportagens incluídas na programação diária dos canais. A anterior itinerância em Paris, teve um moderado destaque, tendo sido referenciada em jornais como o Libération (13 jan. 2020) ou o Le Point (9 jan. 2020), e em websites como Télérama.fr (7 fev. 2020), Le Tour de l’Art (6 dez. 2019), Slash (26 dez. 2019) ou Toute la Culture (27 jan. 2020), entre outros.

Isabel Falcão, 2022


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Esculturas Infinitas. Do Gesso ao Digital]

19 set 2020 – 5 dez 2020
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Galeria Principal / Galeria Exposições Temporárias (piso 0)
Lisboa, Portugal
Mesa-redonda / Debate / Conversa

Os Pontos de Vista dos Artistas

17 set 2020
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Zona de Congressos
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Penelope Curtis
Rita Fabiana (esq.); Carlos Moedas; José Neves Adelino; Guilherme d'Oliveira Martins (dir.)
Francisco Tropa (esq.); Carlos Moedas (dir.)
Francisco Tropa (à esq.); Carlos Moedas (ao centro)
Penelope Curtis (dir.)
Penelope Curtis (esq.); Isabel Mota (centro)
José Neves Adelino; Rita Fabiana
Rita Fabiana e Guilherme d'Oliveira Martins

Multimédia


Documentação


Periódicos

Sol

Lisboa, 19 set 2020


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa

Conjunto de documentos referentes à exposição. Contém pressbook, materiais gráficos, comunicado de imprensa e folha de sala. 2019 – 2021

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 04708

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, plantas, listagens de obras e textos. 2016 – 2020

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 04384

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, plantas e projetos de execução. 2017 – 2020

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 04858

Pasta com documentação referente à produção da exposição em Paris. Contém correspondência interna e externa, projetos de execução, plantas e impressão do convite da itinerância em Paris. 2016 – 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 258208

Coleção fotográfica, cor: aspetos de sala (FCG, Lisboa) 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 265803

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 265801

Coleção fotográfica, cor: aspetos de sala (FCG, Lisboa) 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 265802

Coleção fotográfica, cor: aspetos de sala (FCG, Lisboa) 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 267970

Coleção fotográfica, cor: aspetos de sala (FCG, Lisboa) 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 273312

Coleção fotográfica, cor: montagem (FCG, Lisboa) 2020

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