Ocupações. Filipe Branquinho

Programa Gulbenkian Próximo Futuro. Ciclo «Arte Pública»

Intervenção do artista moçambicano Filipe Branquinho (1977), integrada no ciclo «Arte Pública» organizado no âmbito do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, o artista apresentou um conjunto de seis fotografias de grandes dimensões.
Art installation by Mozambican artist Filipe Branquinho (1977) included in the public art exhibitions organised for the Gulbenkian Next Future Programme. At the invitation of programme director António Pinto Ribeiro, the artist presented a selection of six large-scale photographs.

Exposição individual do artista moçambicano Filipe Branquinho (1977), integrada no ciclo de arte pública organizado no âmbito do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro», inaugurada no dia 22 de junho de 2012, no Jardim Gulbenkian. O projeto, intitulado «Ocupações», partilhou o espaço exterior da Fundação Calouste Gulbenkian com uma outra intervenção artística, «3 × 4», da moçambicana Camila de Sousa (1985). Ambas as iniciativas integravam a programação do «Próximo Futuro» para o ano de 2012, centrada na divulgação da cultura e vivências de Moçambique.

A ideia da exposição surgiu em 2011, durante a visita de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa «Próximo Futuro», à exposição «Ocupações Temporárias 20.11», realizada em Maputo (Rahim, Sol, 17 ago. 2012, p. 49). Filipe Branquinho foi convidado a desenvolver um projeto para apresentar no espaço exterior da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que consistia em retratar ao longo de um ano, num processo de work in progress, o quotidiano de Moçambique. Arquiteto de formação, o artista pretendeu que o seu projeto se estruturasse como um guia da cidade e do país, desvendando as vivências sociais por trás das figuras retratadas.

Em Lisboa, Filipe Branquinho apresentou um conjunto de seis fotografias, impressas em telas de grande formato (2,70 × 1,70 metros), distribuídas pelo Jardim Gulbenkian e que reuniam imagens das gentes, paisagens e arquiteturas, com um particular enfoque na diversidade social, elemento representativo das idiossincrasias do seu país. Estes trabalhos de Filipe Branquinho integraram posteriormente o conjunto de fotografias galardoadas com o prémio internacional de fotojornalismo Estação Imagem/MoraSérie Retratos, em 2012.

No vídeo sobre a exposição, o artista explica que procurou captar o instante do indivíduo, entendido como aquele que ocupa um determinado lugar (aqui identificado como «ocupante»), não negligenciando, contudo, a importância simbólica do «espaço ocupado». Num processo de trabalho que exige a imersão do artista nesses diferentes espaços, Filipe Branquinho diz pretender fotografar simultaneamente as pessoas e a cidade, uma vez que cada um dos elementos se revela nas diversas relações que estabelecem entre si. De facto, na sua perspetiva, o interesse maior centra-se em individualizar as pessoas que passam despercebidas na rotina do quotidiano para «mostrar como estas pessoas trabalham, onde elas trabalham e principalmente como, mesmo assim, com algumas dificuldades […], com alguns cenários precários, elas trabalham com muita dignidade» («Filipe Branquinho. Fotógrafo, Artista Plástico», 2012).

Depois da apresentação em Lisboa, esta mostra foi integrada numa exposição de maiores dimensões, que reuniu nas ruas do Mindelo (Rua 5 de Julho e Praça D. Luís) um conjunto de 12 fotografias de Camila de Sousa e de Filipe Branquinho. A nova mostra, patente entre 6 e 12 de novembro de 2012 na cidade do Mindelo (Cabo Verde), resultou de uma parceria entre o Programa Gulbenkian «Próximo Futuro» e o Polo do Mindelo do Instituto Camões/Centro Cultural Português, com o apoio do Programa Gulbenkian «Ajuda ao Desenvolvimento». A inauguração coincidiu com a organização, naquela cidade, do 9.º Encontro de Fundações da CPLP («Próximo Futuro no Mindelo até 12 de Novembro!», 7 nov. 2012).

No ano seguinte, em 2013, o trabalho do artista regressou a Lisboa e à FCG, para integrar a exposição «Ocupações Temporárias – Documentos» (2013). Esta exposição pretendeu divulgar o percurso do projeto «Ocupações» nas suas anteriores edições em Maputo, Mindelo e Lisboa, reunindo documentos, obras originais e réplicas apresentados nos anos anteriores, e um conjunto de novas obras produzidas especificamente para a mostra desse ano na Fundação Calouste Gulbenkian.

Ana Lúcia Luz, 2020


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