Willie Doherty. Uma e Outra Vez

Exposição antológica da obra do artista, nascido na Irlanda do Norte, Willie Doherty (1959). Comissariada por Isabel Carlos, esta mostra reuniu uma seleção de trabalhos em fotografia, slide e vídeo, que cobria mais de três décadas de atividade artística.
Retrospective exhibition of work by Northern Irish artist Willie Doherty (1959). Curated by Isabel Carlos, the show brought together a selection of photographs, slides and videos that covered more than three decades of the artist’s career.

Exposição antológica da obra do artista, nascido na Irlanda do Norte, Willie Doherty (1959), apresentada na Sala de Exposições Temporárias e na Sala Polivalente do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian.

Comissariada por Isabel Carlos, esta mostra pretendeu dar a conhecer ao público português o percurso do artista desde a sua última exposição no CAM, em 1996, intitulada «Willie Doherty. The Only Good One Is a Dead One». Para tal, foi reunida uma seleção de trabalhos em fotografia, projeção de slides e vídeo, que cobriu mais de três décadas de atividade.

Repartindo-se entre a Sala de Exposições Temporárias e a Sala Polivalente, a mostra começava no átrio do CAM, cujos dois acessos estavam marcados pelas enigmáticas fotografias Non-Specific Threat I (Unspeakable Terror) (2003) e Non-Specific Threat VII (Unrelenting Vengeance) (2003), que refletem o universo de Willie Doherty.

O espaço da Sala de Exposições Temporárias foi dividido em três black boxes, onde foram expostos os trabalhos mais antigos, Same Difference (1990), They're All the Same (1991) e Tell Me What You Want (1996). Os dois primeiros, apresentados lado a lado mas em espaços distintos, pareciam funcionar como duas partes de um discurso. Os rostos de um homem e de uma mulher – fotografias de elementos do IRA (Irish Republican Army) retiradas de jornais – são alterados pela palavra sobreposta à imagem. Através destes trabalhos, o visitante era confrontado com o objeto de reflexão que domina a obra de Doherty: a tensão política na Irlanda. Por outro lado, as dualidades e dicotomias que caracterizam estas peças, e que se tornam uma constante do seu trabalho, como a exposição demonstra, parecem ter servido de base para o desenho do espaço.

A presença humana, também aqui central, acabou por se tornar, como explica a curadora, «o fio condutor para a seleção de obras», o que obviamente «não significa que em todas as obras surja o corpo humano, mas em todas há traços da sua presença» (Willie Doherty. Uma e Outra Vez, 2015, p. 11).

A par da figura humana, o elemento da paisagem é introduzido no vídeo Tell Me What You Want (1996), fazendo a ponte entre os trabalhos mais antigos e os mais recentes, apresentados na Sala Polivalente, em sequência e em loop, e nos quais a paisagem tem uma presença recorrente.

Passado e presente, mundo material e imaterial, lembrança e esquecimento, presença e ausência são noções trabalhadas nestes oito filmes, centrados em personagens densas e em ambientes frios, austeros e misteriosos. Visionados em conjunto seria possível, como aponta Declan Long, «descobrirmos a extensão da sua ligação, do seu contraste e da sua repetição». É neste movimento circular e repetitivo que assenta o processo criativo de Willie Doherty, traduzido desde logo pelo título escolhido pelo artista para a exposição.

Para acompanhar a mostra foram produzidas duas publicações, um catálogo e um caderno de exposições. No primeiro, além do texto da curadora, também incluído no caderno, destaca-se o texto de Declan Long, que parte de uma análise aprofundada de The Amnesiac (2014), a obra mais recente exposta, para refletir sobre o corpo de trabalho do artista.

No seguimento desta exposição, foi incorporada na coleção do CAM a obra fotográfica Undercover/Unseen (1985). A escolha desta peça, que não integrou a mostra, é justificada pelo facto de ser representativa daquele que é considerado o «momento forte» do trabalho de Willie Doherty, «as séries de fotografias dos anos 80 em que se refere, metonimicamente, às sublevações na Irlanda do Norte conhecidas por The Troubles» (Nota interna, 17 out. 2016, p. 2).

Mariana Roquette Teixeira, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Undercover / Unseen

Willie Doherty (1959-)

Undercover / Unseen, 1985 / Inv. 16FE110


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

À Descoberta do CAM. Visitas de Domingo

22 nov 2015 – 17 jan 2016
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Artur Santos Silva (à esq.) e Willie Doherty (à dir.)
Willie Doherty

Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00703

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, projeto museográfico, orçamentos para a museografia, grelha com dados técnicos das obras, pedidos de empréstimo, relatórios de conservação e convite. 2014 – 2016

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 3398

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 2015

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 3474

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 2015


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