Exposição coletiva organizada pelo Museu Calouste Gulbenkian (MCG) em parceria com a Biblioteca de Arte e com os Arquivos Gulbenkian. Comissariada por João Carvalho Dias, a mostra «Calouste S. Gulbenkian e o Gosto Inglês» incluiu obras de pintura, escultura, gravura e arte do livro, às quais se juntaram documentos arquivísticos.

Organizada em diálogo com outra exposição patente na Fundação Gulbenkian, «Wentworth-Fitzwilliam. Uma Coleção Inglesa», a mostra integrou obras geralmente guardadas nas reservas do Museu Gulbenkian, de produção inglesa ou criadas ao «gosto inglês».

Após ter terminado a sua formação em Engenharia e Ciências Aplicadas no King's College, em Londres, Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955) fixou residência na capital britânica e adquiriu, em 1897, a sua primeira casa, o n.º 38 de Hyde Park Gardens, onde albergou a sua coleção. No período em que aí residiu, o empresário estabeleceu importantes contactos com negociadores e comerciantes de arte, que o aconselharam na compra de diversas obras de arte.

Além da obra de Sir Joshua Reynolds (1723-1792), Retrato do General William Keppel, oferecida por Calouste Gulbenkian ao Museu Nacional de Arte Antiga em 1949, estiveram patentes, nomeadamente, as obras Retrato de Miss Georgiana Musgrave (1797) (Inv. 310), de James Ward (1769-1859); Dafne (1872) (Inv. 81), de George Frederick Watts (1817-1904), testemunho da clara preferência do artista por motivos inspirados na mitologia clássica; Herma da Vestal Túcia (1818-1819) (Inv. 2214), escultura de Antonio Canova (1757-1822), considerado «o principal mentor da estética neoclássica»; ou Plymouth com Arco-Íris (c. 1825) (Inv. 374), aguarela de Joseph Mallord William Turner (1775-1851) (Calouste S. Gulbenkian e o Gosto Inglês, 2015).

Foram também incluídos nesta exposição alguns bibliónimos, designadamente a obra Nouveau Théâtre de la Grande Bretagne (Inv. LA67A/D), de 1714-1717, com vistas de Londres, ou o álbum da Coleção Walpole (Inv. LA255A/B), de 1788, dedicado a Catarina da Rússia. Além da arte do livro, foi integrado material de arquivo, «na tentativa de desvendar um pouco mais das múltiplas facetas [do] colecionador» (Comunicado de imprensa, 2015, Arquivos Gulbenkian, ID: 27215).

Complementarmente, foi publicado um catálogo (com versão em português e em inglês), dividido em três partes distintas: a primeira, com textos da autoria de João Carvalho Dias, comissário da exposição, propõe uma reflexão a partir da génese da Coleção Gulbenkian, centrando-se num período de aquisição de obras de arte inglesa; a segunda contém a reprodução integral dos objetos que integraram a mostra, incluindo textos da autoria do comissário e das conservadoras do MCG Luísa Sampaio e Maria Rosa Figueiredo; a terceira e última é constituída pela listagem das publicações provenientes da biblioteca pessoal de Calouste Gulbenkian e do material de arquivo que integrou a mostra.

Durante os 106 dias em que esteve patente na Fundação Gulbenkian, a exposição «Calouste S. Gulbenkian e o Gosto Inglês» recebeu 21 223 visitantes e foi referenciada na imprensa nacional conjuntamente com a exposição «Wentworth-Fitzwilliam. Uma Coleção Inglesa».

Joana Atalaia, 2019