Nada para fazer nem sítio para onde ir. Vítor Pomar

Exposição individual do artista Vítor Pomar (1949), com comissariado de Rita Fabiana. Esta mostra reuniu três séries fotográficas e uma vasta seleção de filmes e vídeos do artista, cobrindo um extenso período de produção, desde 1972 a 2011.
Solo exhibition on artist Vítor Pomar (1949) curated by Rita Fabiana. The show featured three series of photographs and a vast selection of films and videos by the artist covering an extensive period in his career, from 1972 to 2011.

Exposição individual do artista português Vítor Pomar (1949), apresentada na Sala de Exposições Temporárias e na Sala Polivalente do Centro de Arte Moderna (CAM). Comissariada por Rita Fabiana, esta mostra reuniu três séries fotográficas e uma vasta seleção de filmes e vídeos do artista, cobrindo um extenso período, desde 1972, data da série fotográfica Crush Proof Box, e 2011, momento em que Pomar retoma os vídeos Vote for OKC Monastery (1994-2011) e Dharma Life (1994-2011). Através das obras selecionadas, a curadora pretendia ativar, como a própria explica, «um campo de diálogo e contaminações entre fotografia, filme e vídeo» (Nada para fazer nem sítio para onde ir. Vítor Pomar, 2011, p. 12).

A exposição iniciava-se no átrio do CAM com a obra Slow Sex (2009-2011), uma fotografia composta por 24 imagens de uma parte da biblioteca pessoal do artista. Esta compreendia, como revela a imagem, um total de mais de três metros lineares de obras sobre sexo e sexualidade, reunindo produção literária, artística, científica e espiritual. Exposto na parede que separa as entradas para as duas salas, este trabalho, ao qual subjaz uma dimensão pessoal e íntima que atravessa toda a obra do artista, parece funcionar, simultaneamente, como introdução e elemento unificador da mostra.

Na Sala de Exposições Temporárias, foram apresentadas duas séries fotográficas Crush Proof Box (1972) e Dwell in Suchness (1996). Apesar dos 24 anos que separam estes trabalhos, nota-se uma constante temática que explica a sua escolha.

Crush Proof Box é o resultado de uma ação de mapeamento minucioso de um espaço particular: o primeiro ateliê do artista em Haia, lugar de trabalho e habitação, onde vida e processo criativo se fundem, «espécie de caixa que nos protege e permite exprimirmo-nos», usando as palavras do artista (Nada para fazer nem sítio para onde ir. Vítor Pomar, 2011, p. 32). Este projeto fotográfico, que ocupou Pomar durante seis meses consecutivos, deu origem a uma das duas mais extensas séries, com cerca de 150 fotografias, das quais são apresentadas 122 nesta exposição, imagens que posteriormente foram recuperadas e integradas noutros trabalhos em filme.

Dwell in Suchness marca, por sua vez, o reinício da prática artística de Pomar após uma interrupção de cerca de dez anos, que o mesmo designa como «pausa criativa», tendo nesse período mergulhado num processo de autoconhecimento orientado pelo budismo zen, com longas estadas na Índia. Esta composição fotográfica a cores mostra a cama do artista, onde uma série de objetos convivem de modo caótico, e onde se concentram vestígios de diferentes atividades. Apesar de se notar um regresso à temática anteriormente trabalhada, é importante notar que o preto-e-branco da série da década de 70 dá aqui lugar à cor, do mesmo modo que o pequeno formato é abandonado a favor do grande formato, alcançado, no entanto, através da reunião de fotografias de médio formato que compõem a imagem. Emolduradas individualmente, estas remetem para o pormenor, para as partes que compõem o todo, revelando, portanto, uma outra forma de mapeamento. As suas cores vibrantes são ainda realçadas pelas cores ou não-cores (branco e preto) escolhidas para as paredes e chão da Sala de Exposições Temporárias.

Ainda nesta sala foram expostos, num recanto deixado na penumbra, os vídeos Nada de Especial (micropráticas) (2005) e Flores: 4 Curtas (2003-2010). Neste último, em In Memoriam LCP e Júlio Pomar, Visita ao Atelier são mostrados ateliês de outros artistas, o de uma amiga de Vítor Pomar, Luísa Costa Pereira, e o de seu pai, numa breve derivação para a vida dos «outros».

Na Sala Polivalente foram exibidos filmes e vídeos, alguns deles inéditos. O programa, organizado cronologicamente, divide-se em três momentos: o primeiro corresponde ao período em que Pomar vive na Holanda, reunindo trabalhos decorrentes da série fotográfica Crush Proof Box; o segundo marca o regresso de Pomar ao ateliê e o retomar da prática artística; e o último, centra-se nos seus trabalhos mais recentes.

Na sequência desta mostra, a série fotográfica Crush Proof Box foi incorporada na coleção do CAM.

Para acompanhar a exposição, foi produzido um catálogo, ao qual se juntou um pequeno caderno de exposição. No primeiro, além do texto da curadora, destaca-se a entrevista ao artista, conduzida pelo crítico de arte e curador suíço Hans Ulrich Obrist.

Mariana Roquette Teixeira, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Crush Proof Box

Vítor Pomar (1949-)

Crush Proof Box, 1972 / Inv. FP567 1-122


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Encontros ao Fim da Tarde

abr 2011 – jun 2011
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Domingos com Arte

abr 2011 – jun 2011
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Uma Obra de Arte à Hora do Almoço

jun 2011
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Vítor Pomar e Isabel Carlos, Teresa Patrício Gouveia (atrás, esq.)
Emílio Rui Vilar (à esq.), Vítor Pomar (ao centro) e Teresa Gouveia (à dir.)
Isabel Carlos (à esq.) e Teresa Patrício Gouveia (à dir.)

Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00650

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém relatórios de estado das obras, correspondência, orçamentos para o catálogo e convites, material para o catálogo, lista de obras e autos de entrega. 2010 – 2011

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 7928

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 2011

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 7927

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 2011


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