Vítor Pomar. Fotografia 1970 – 1974

Exposição individual de Vítor Pomar (1949), na qual foram apresentadas fotografias de ateliê e de exterior – captadas no México, na Holanda e noutras deslocações europeias – e ainda alguns retratos e autorretratos. Jorge Molder, enquanto comissário da mostra, convidou João Miguel Fernandes Jorge para escrever o texto do catálogo da exposição.
Solo exhibition on Vítor Pomar (1949) displaying photographs of interiors, landscapes and travels through the Netherlands and Mexico. João Miguel Fernandes Jorge was invited by Jorge Molder to write the text for the exhibition catalogue.

Exposição fotográfica do artista português Vítor Pomar (1949), organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), onde foi inaugurada a 9 de fevereiro de 1998, na Galeria do piso 01.

Vítor Pomar frequentou o curso de Pintura nas Escolas de Belas-Artes do Porto (1966-1967) e de Lisboa (1967-1969), iniciando-se simultaneamente em pintura e fotografia a preto-e-branco. Em 1970, decidiu emigrar para a Holanda, onde prosseguiu os seus estudos artísticos. Como refere Ana Ruivo, «o choque desta transição cultural definiu a sua formação artística, trocando a ditadura esgotada em Portugal pelas liberdades criativas da Holanda, cujo ambiente alternativo de contracultura e de novas espiritualidades atraía artistas de todo o mundo, tornando-se então o principal centro europeu das pesquisas conceptuais e pós-minimalistas, e do ensino artístico experimental» (Ruivo, «Vítor Pomar», 2011).

Durante este período, Vítor Pomar consolidou um processo criativo muito próprio, combinando experimentalismo e espiritualidade na sua abordagem da pintura, e sobretudo no modo como esta se entrecruza com outras técnicas artísticas – como a fotografia, o vídeo, o filme, o desenho ou a escultura. Apesar do estatuto de exilado e das temporadas passadas no México (1974) e em Nova Iorque (1982), a obra de Pomar ia ganhando visibilidade em Portugal.

Em 1985, o artista regressa a Portugal, e «drasticamente» suspende a sua atividade artística. Durante este hiato, que acabou por se prolongar por uma década, Pomar dedicou-se «ao estudo de diversas práticas espirituais não-ocidentais, deslocando-se a encontros e retiros com mestres budistas ou lamas tibetanos na Índia» (Ibid.). Em 1995, retomou a sua atividade artística.

A presente exposição pretendeu destacar um conjunto de trabalhos fotográficos realizados por Pomar após o seu estabelecimento na Holanda, referentes aos anos de 1970 a 1974. Jorge Molder, então diretor do CAMJAP, e na qualidade de comissário da exposição, convidou o crítico João Miguel Fernandes Jorge para assinar o texto do catálogo dedicado ao artista. Pomar colaborou estreitamente na conceção e produção da mostra.

Do período entre 1970 e 1974, foi recolhido um conjunto de séries fotográficas compostas por imagens de ateliê e de exterior, imagens de viagem – tanto do México, como da Holanda e de outras deslocações europeias – e ainda alguns retratos e autorretratos.

No âmbito da exposição, foram incorporadas quatro séries de fotografias do artista na Coleção Moderna da Fundação.

Segundo Jorge Molder, esta exposição apresentou um conjunto de séries fotográficas e de imagens «de forte e evocativa presença», uma vez que, a pretexto da exposição, foram retrabalhadas, digitalizadas, ampliadas e impressas sobre tela. «Assim, estão em confronto, nesta surpreendente mostra, sequências pensadas e executadas há mais de vinte anos e peças com outras características onde algumas dessas imagens ganham uma nova experiência.» (Vítor Pomar. Fotografia 1970-1974, 1998, p. 5)

O texto de João Miguel Fernandes Jorge, envolto em referências que apoiam os trabalhos de Vítor Pomar, aborda a sua obra da seguinte forma: «Junto a estas imagens de Vítor Pomar parece ter crescido musgo […] demasiadamente fundo para que possa ser arrancado. É-nos dado como um imediato o território de formação budista. Ele subjaz a todo este trabalho. Assim, na fragilidade de um tempo absoluto e linear, tão presente na pintura até agora apresentada por Pomar, na qual se sujeita todo o formalismo a um desdobrar do negro no seu visível oposto: o branco. […] Assim nos "organismos" fotográficos que nos são mostrados. Situem-se eles na placitude holandesa ou numa nostálgica geografia mexicana; ou mesmo numa sitiada Paris dos anos setenta, confrontando-se com o desfazer e o renovar do seu tecido urbano, como sucede com as perfurações dos terrenos em "Les Halles".» (Ibid., p. 6)

Por sua vez, João Pinharanda, na crítica que dedica à exposição, qualifica as obras apresentadas de acordo com três estágios principais de maturação da imagem e de constituição/construção discursiva. São eles: «O registo original – em amplicópias e montagens determinadas por associações visuais que hoje se mantêm»; as «reuniões recentes de amplicópias antigas – segundo as regras das montagens originais» e a «reutilização recente de negativos originais – segundo técnicas de impressão a laser com jacto de tinta sobre tela […]. É aliás sobre estas últimas obras que somos recebidos e é sobre elas que Vítor Pomar concentra o seu maior interesse experimental» (Pinharanda, Público, 20 fev. 1998).

Ainda de acordo com Pinharanda, «a todos estes estágios preside uma lógica de fragmentação; e em todos eles se evidencia uma tensão entre o que poderia ser um mero registo de carácter documental (os pormenores do atelier, das arquitecturas parisienses, das paisagens, das personagens populares mexicanas, dos rostos retratados) e o que é a vocação abstracta das imagens finais (determinada por regras de pura associação formal e visual) capaz de destruir todo o carácter narrativo e descritivo das imagens» (Ibid.).

Como complemento da exposição, foram organizadas visitas guiadas e um «Encontro com o Artista», orientado pelo próprio.

O catálogo da exposição, editado pelo CAMJAP, inclui o texto introdutório assinado pelos diretores do CAM, Jorge Molder e Rui Sanches, o texto «Através de símbolos e acções», de João Miguel Fernandes Jorge, e ainda o texto de referência para o artista, «O Grande Brâmane Saraha». Além disso, integra as reproduções das fotografias apresentadas e a biografia do artista.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Auto-Retrato

Vítor Pomar (1949-)

Auto-Retrato, 1973 / Inv. 99FP334

R&B

Vítor Pomar (1949-)

R&B, 1972 / Inv. 98FP331

S/ Título

Vítor Pomar (1949-)

S/ Título, 1973 / Inv. 98FP332

S/ Título

Vítor Pomar (1949-)

S/ Título, 1972 / Inv. 98FP333

Auto-Retrato

Vítor Pomar (1949-)

Auto-Retrato, 1973 / Inv. 99FP334

R&B

Vítor Pomar (1949-)

R&B, 1972 / Inv. 98FP331

S/ Título

Vítor Pomar (1949-)

S/ Título, 1973 / Inv. 98FP332

S/ Título

Vítor Pomar (1949-)

S/ Título, 1972 / Inv. 98FP333


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Encontro com Vítor Pomar

22 fev 1998
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00410

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém orçamentos da exposição, textos do catálogo e traduções, convite da exposição e recortes de imprensa. 1997 – 1999

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 109434

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAMJAP, Lisboa) 1998


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