Chapéus-de-sol

Programa «Gulbenkian Próximo Futuro»

Intervenção artística da artista portuguesa Inês Lobo (1966), integrada no ciclo de arte pública organizado no âmbito do Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, a artista interferiu no Jardim Gulbenkian com um conjunto de chapéus-de-sol, distribuídos pelo espaço exterior, para fruição do público.
Solo exhibition of work by artist Inês Lobo (1966) included in the Next Future programme of the Calouste Gulbenkian Foundation. At the invitation of the project director, António Pinto Ribeiro, the artist created an urban installation to be displayed outside the Calouste Gulbenkian Museum.

A convite do responsável do programa «Próximo Futuro», a arquiteta Inês Lobo (1966) desenvolveu um trabalho de intervenção urbana, pensado para o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian. Este trabalho foi integrado num conjunto de quatro apresentações de arte pública, todas elas expostas no espaço exterior da Fundação. Para esta apresentação, Inês Lobo concebeu 15 chapéus-de-sol, seguindo a lógica de trabalhos de anos anteriores.

No passado, tinha sido convidada a arquiteta Teresa Nunes da Ponte, que apresentou um conjunto de toldos coloridos. Desta feita, tal como anunciava a revista Visão, «o festival Próximo Futuro substitui os toldos, do passadiço de betão e do jardim, por chapéus-de-sol. A arquitecta Inês Lobo associa tropicalismo ao espaço e natureza europ[eus]» («Chapéus-de-Sol», Visão, 17 jun. 2010).

«A ideia segue a lógica de construção em países carentes de recursos, com os objectivos de proteger do calor, de dar sombra, de recolhimento e, naturalmente, de intervenção cuidada e atenciosa num espaço digno e apetecível ao uso diário e de promenade, como é o jardim. O resultado final é uma instalação que, desta vez, antropofagia o tropicalismo, a partir de um ponto de vista europeu.» (Próximo Futuro/Next Future, n.º 4, mai. 2010)

Este foi o objetivo da arquiteta Inês Lobo, cujo trabalho se subordinou ao conceito de «economia»: «Foi-nos pedido a criação de um sistema de ensombramento que fosse o mais económico possível», explica Inês Lobo numa entrevista conduzida por Maria Leonor Nunes para o Jornal de Letras (Nunes, JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, 16 jun. 2010, p. 13). Para tal, a artista «inventou um sistema com grandes guarda-sóis, com quatro metros de diâmetro, construídos em alumínio e tela de PVC. “Cria-se uma espécie de objetos brancos, que vão marcar mesmo as sombras das árvores sobre eles, em diferentes pontos do jardim”, acrescenta [Inês Lobo]» (Ibid.). A arquiteta faz notar que uma «outra ideia de futuro os acompanha, a capacidade de reutilização, capazes de durar um verão, mas adaptáveis a outras situações» (Ibid.). Também na revista Time Out, Catarina Mendonça Ferreira escreveu que com este projeto se tentava transformar jardins numa «praia citadina» (Ferreira, Time Out, 16 jul. 2011).

Esta iniciativa pretendia ir ao encontro de um dos objetivos do programa «Próximo Futuro», o de pretender «proporcionar o confronto dos visitantes habituais e ocasionais dos espaços públicos da Fundação com estas e outras instalações, contribuindo para o debate sobre a intervenção das obras de arte no espaço público» (Próximo Futuro/Next Future, n.º 4, mai. 2010).

Na remontagem que aconteceria no ano seguinte, em 2011, António Pinto Ribeiro referiu: «Remontámos ainda os Chapéus-de-sol (que haviam sido encomendados em 2010 à arquitecta Inês Lobo), desta feita com desenhos criados por quatro artistas: Bárbara Assis Pacheco (Portugal), Délio Jasse (Angola), Isaías Correa (Chile) e Rachel Korman (Brasil).» (Relatório de António Pinto Ribeiro, 5 jul. 2011, Arquivos Gulbenkian, PFP 00013)

Criado em 2009, o programa «Próximo Futuro», da Fundação Calouste Gulbenkian, foi um projeto temporário programado por António Pinto Ribeiro para três anos, mas que viria a prolongar-se até 2015. O projeto tinha como mote a criação artística de África, América Latina e Caraíbas e apostava na transversalidade do seu programa, com conferências, exposições e espetáculos.

«Próximo Futuro», tal como o nome indica, tinha o futuro como horizonte e centrava-se numa visão multicultural, que configurava, segundo o seu programador, «um exemplo concreto da mobilidade artística e cultural e do enriquecimento cultural e social que ela permite no espaço europeu», preconizando o «direito dos artistas e dos trabalhadores da cultura dos países terceiros a aprender, estudar e apresentar as suas propostas culturais e artísticas aos cidadãos europeus e suas organizações. Certamente que esta convivência contribui para o enriquecimento do nosso imaginário. Este é um debate importante que vai ocupar os próximos anos, porque nele está implicada a sobrevivência artística, a inovação e a fruição cultural no Próximo Futuro» («Próximo Futuro traz África e América Latina à Gulbenkian», Diário de Notícias, 19 mai. 2010).

A terceira (e a que se julgava última) edição do projeto decorreu de 16 de junho a 1 de julho de 2011 e foi na inauguração a 16 de junho desse ano que se incluiu a segunda versão da arte pública assinada por Inês Lobo.

Ana Lúcia Luz, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Concerto

Martín Matalón

27 jun 2010 – 4 jul 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Anfiteatro ao Ar Livre
Lisboa, Portugal
Teatro

Neva

20 jun 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Grande Auditório
Lisboa, Portugal
Teatro

Hechos Consumados

25 jun 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Grande Auditório
Lisboa, Portugal
Bailado / Dança

Cribles

3 jul 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Grande Auditório
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

Conferência Metropolis

19 jun 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Ciclo de conferências

Lições

18 jun 2010 – 2 jul 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
Performance

Metropolis

18 jun 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Anfiteatro ao Ar Livre
Lisboa, Portugal
Ciclo de cinema

Cinemateca

22 jun 2010 – 10 jul 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Anfiteatro ao Ar Livre
Lisboa, Portugal
Programa cultural

Programa Próximo Futuro

2009 – 2015
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Programa Próximo Futuro), Lisboa / PPF 00013

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém material de divulgação (imprensa, Facebook, newsletter), correspondência interna e externa, convites, folhetos e periódicos. 2011

Arquivos Gulbenkian (Programa Próximo Futuro), Lisboa / PPF 00003

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém material de divulgação, folhas de sala, programas, folhetos sobre a programação do «Próximo Futuro». 2010

Arquivos Gulbenkian (Programa Próximo Futuro), Lisboa / PPF 00004

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém material de divulgação – recortes de jornais sobre a programação geral do «Próximo Futuro». 2010

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 141058

Coleção fotográfica, cor: montagem (FCG, Lisboa) 2010

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 150114

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2010


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