Professores

Comemorações do Centenário da República

Exposição coletiva organizada em articulação com a mostra «Escola. Back to School. Obras da Colecção do CAM», integrada nas Comemorações do Centenário da República. Com a curadoria de Isabel Carlos, a mostra apresentou obras de oito artistas (professores) que marcaram o percurso de antigos alunos.
Collective exhibition tying into the show “Escola. Back to School. Works from the CAM Collection”, included in the Commemorations on the Centenary of the Portuguese Republic. Curated by Isabel Carlos, the show featured works by eight artists (teachers) who had had an impact on the careers of their former students.

Exposição coletiva organizada pelo Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em articulação com a mostra «Escola. Back to School. Obras da Colecção do CAM», integrada nas comemorações do Centenário da República Portuguesa e igualmente com a curadoria da diretora do CAM, Isabel Carlos. Além da exposição «Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face», o CAM pretendeu também, através destas duas exposições, evocar um dos pilares mais importantes para a construção ideológica da República: a educação.

A ideia por trás deste projeto já existia há muito tempo. A maior dificuldade, segundo Isabel Carlos, foi encontrar um processo que permitisse selecionar um grupo de artistas que tivesse marcado, de alguma forma, o percurso artístico de ex-alunos seus e que desse relevância à figura do professor-artista (Professores, 2010, p. 11).

O processo passou por escolher um grupo de 50 artistas, com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos, que indicasse quais os professores que mais os tinham marcado. As suas respostas foram posteriormente gravadas para serem integradas na mostra, podendo o visitante ouvi-las nos auscultadores que se encontravam ao lado das obras expostas (Caetano, Diário de Notícias [online], 14 out. 2010).

Entre os artistas que participaram no inquérito, nomeie-se Joana Vasconcelos, que lembrou as suas experiências com o seu professor Miguel Branco e o modo como este a ensinou «a pensar»; Fernanda Fragateiro, que recordou Pedro Morais; ou Adriana Molder, que, ao falar sobre o professor João Queiroz, lembrou a frase que Nauman repetia constantemente: «desenhar é pensar» (Ibid.).

Uma vez concluída esta seleção, foram eleitos oito artistas-professores que obtiveram mais de três referências: Eduardo Batarda, Manuel Botelho, Miguel Branco, Ângela Ferreira, Álvaro Lapa, Pedro Morais, João Queiroz e Rui Sanches (Professores, 2010, p. 11).

A exposição integrou obras da coleção do CAM e cada artista (à exceção de Álvaro Lapa, falecido em 2006) teve a oportunidade de produzir uma peça nova ou de apresentar uma obra inédita.

Constituída por pinturas, esculturas, instalações, desenhos, entre outros, a exposição integrou, a título de exemplo, a instalação-vídeo For Mozambique (2008), de Ângela Ferreira, diversos desenhos a tinta-da-china de Manuel Botelho ou a instalação de Pedro Morais, MA – Quadrado em Azul Profundo (2010), na qual «o rigor da geometria e a abordagem formal do espaço servem uma experiência mística em que há uma consciência aguda do corpo e dos limites físicos impostos pela materialidade dos objectos» (Marquilhas, Contemporânea, abr. 2018).

O catálogo, graficamente elaborado com o intuito de trazer à memória a ideia da «escola», tal como é visível, por exemplo, no índice organizado em forma de calendário, conta com uma introdução redigida por Teresa Gouveia, administradora da FCG, e com um ensaio da curadora da exposição, Isabel Carlos. No texto que dedica à exposição, Isabel Carlos apresenta aquelas que foram as questões mais levantadas pela temática expositiva: «Como é que se ensina alguém a ser artista? Sendo artista? Num tempo em que a antiga relação de ateliê entre mestre e discípulo já não existe, como é que se cria “escola”?» (Professores, 2010) De facto, tal como mencionou a diretora do CAM, a relação entre professor e artista extravasa a simples interação dentro da sala de aula, tendo em maior consideração o trabalho que o professor faz fora do âmbito escolar, fora das regras académicas (Ibid.).

No início de cada núcleo da publicação, cada artista dispunha da transcrição de dois depoimentos prestados por antigos alunos, seguida de breves ensaios que descreviam o percurso artístico de cada «professor».

Eduardo Batarda, que escreveu sobre si mesmo, foi recordado pelos antigos alunos Eduardo Matos e Cristina Mateus pela sua «provocação», «humor» e capacidade de encorajar os alunos a perseguirem os seus sonhos. Votado até por alunos que chumbou na Escola de Belas-Artes do Porto, Batarda acreditava que a influência de um professor se podia medir até nos mais exíguos pormenores, que faziam uma enorme diferença num determinado momento: «Pode ser uma coincidência, um encontro, um cruzamento. Às vezes, um aluno precisa de ouvir determinada coisa naquele momento.» (Caetano, Diário de Notícias, 14 de outubro de 2010)

Por sua vez, sobre Ângela Ferreira, outra das artistas-professoras escolhidas para figurar na exposição, Pedro Barateiro, seu antigo aluno, recordava-a como a artista que sempre continuou a trabalhar nos seus projetos, não se deixando ficar apenas pela profissão de professora (Professores, 2010).

No caso de Rui Sanches, o escultor que encerrou a exposição, conhecido pelos seus antigos alunos, Noé Sendas e Susanne Themlitz, «não como professor, mas como artista plástico», sempre manteve a sua convicção de que não é possível ensinar alguém a ser artista, mas é possível acompanhar a pessoa que quer ser artista e ajudá-la no seu processo criativo (Ibid.).

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Auto

Álvaro Lapa (1939-2006)

Auto, 1982 / Inv. 83P626

Os Criminosos e as suas Propriedades

Álvaro Lapa (1939-2006)

Os Criminosos e as suas Propriedades, 1974/75 / Inv. 75P416

Double Sided

Ângela Ferreira (1958-)

Double Sided, Inv. 09E1596

No chão que nem uma seta

Eduardo Batarda (1943- )

No chão que nem uma seta, 1975 / Inv. DP1340

101.rç-cmb (da série confidencial/desclassificado: ração de combate)

Manuel Botelho (1950- )

101.rç-cmb (da série confidencial/desclassificado: ração de combate), 2007/2008 / Inv. FP557

S/Título (Pequena figura de esquiador com fundo amarelo)

Miguel Branco (1963- )

S/Título (Pequena figura de esquiador com fundo amarelo), 1999 / Inv. 00P1032

Sem título

Rui Sanches (1954-)

Sem título, 2000 / Inv. 00E1036


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Encontros ao Fim da Tarde

15 out 2010 – 17 dez 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Programa C2

out 2010 – dez 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Instituto Gulbenkian Ciência
Oeiras, Portugal
out 2010 – dez 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Domingos com Arte

out 2010 – dez 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Uma Obra de Arte à Hora do Almoço

out 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

[Professores]

26 nov 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Documentação


Periódicos

Sol

Lisboa, 28 out 2010


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00621

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém lista de participantes, agenda de trabalhos e correspondência de caráter organizativo com os artistas escolhidos para figurarem na exposição. 2009 – 2011


Exposições Relacionadas

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