Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face

Comemorações do Centenário da República

Exposição que comemorou o Primeiro Centenário da República Portuguesa, confrontando os dois séculos, XX e XXI, numa exploração da res publica na sua múltipla rede de sentidos. A mostra foi organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a Comissão Nacional de Comemorações do Centenário da República, e reuniu 540 obras de arte.
Commemorative exhibition on the First Centenary of the Portuguese Republic, contrasting the 20th and 21st centuries through an exploration of the multifarious meanings of “respublica”. The show, which featured 540 artworks, was organised by the Calouste Gulbenkian Foundation in partnership with the National Commission of Commemorations for the Centenary of the Republic.

A exposição «Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face» nasce da proposta apresentada pela Comissão Nacional de Comemorações do Centenário da República à Fundação Calouste Gulbenkian/Centro de Arte Moderna (FCG-CAM), no sentido de que esta organizasse uma mostra que assinalasse a ocasião comemorativa. Embora o elemento fundador desta iniciativa seja a celebração do momento histórico particular do Centenário da República Portuguesa, a exposição acaba por proporcionar, neste contexto, uma reflexão que supera o mote, permitindo uma exploração de caráter muito abrangente relativa ao sentido etimológico de República, Res Publica (termo latino para «coisa do povo»; «coisa pública»). O discurso em torno da noção de Res Publica é transversal a todas as grandes áreas de formulação de pensamento e de ação comunitária e quando, como neste caso, a arte reclama a sua participação, a regra verifica-se. Assim, a idealização de uma exposição que refletisse a amplitude temática proposta revela-se um empreendimento desafiante: a sua concretização passará por confrontar dois tempos afastados por um século, 1910 e 2010, reunindo neste intervalo uma abordagem não apenas da dimensão ideológica que o termo invoca – «factos da actualidade política e social globalizada» para uma interrogação do «destino da res publica» –, como também da «expressão que as múltiplas facetas (da res publica) adquirem nos objectos artísticos» (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 31).

Reconhecendo a complexidade desta tarefa, sobretudo num exercício expositivo que em exclusivo, e parafraseando Leonor Nazaré, curadora da exposição, não poderia ser sistemático e exaustivo (Ibid., p. 31), fazem-se decorrer, paralelamente à exposição, duas atividades de naturezas distintas, porém convergentes, que complementam a sua diligente edificação: a produção de um catálogo, que integra textos de autores convidados, onde se faz referência ao projeto de curadoria, à própria ideia (e esfera temática) de Res Publica e à inegável relação entre arte, política e vida; e ainda a organização de um ciclo de conferências, coordenado por Rodrigo Silva, que reúne um grupo de conferencistas internacionais, convidados a debater os novos caminhos da República para o século XXI. Todas as comunicações apresentadas neste ciclo foram, posteriormente, reunidas numa monografia publicada no âmbito da exposição, intitulada A República por Vir: Arte, Política e Pensamento para o Século XXI.

Deve ainda referir-se o conjunto de atividades realizadas pelo Serviço Educativo do CAM, nomeadamente o conjunto de visitas à exposição preparadas para um ponto de vista particularizado sobre a mesma. Ainda que inseridas num programa museológico de mediação e comunicação regular do CAM (o mesmo poderia dizer-se do catálogo), a especificidade destas atividades inscreve-se numa prática formativa, sobre a qual se anexa informação relevante, sem, contudo, a descrever de forma exaustiva.

O projeto da exposição, pensado por Helena de Freitas e Leonor Nazaré, e desenvolvido e realizado pela curadora Leonor Nazaré, divide a sua apresentação em sete grandes núcleos: I – Ideal Nacionalista e Republicano; II – Atmosfera Social; III – O Homem Novo; IV – Mundos Laico e Religioso; V – Figuras da Liberdade e Avatares da Violência; VI – Espaço Público e Privado; VII – A Afirmação da Consciência num Mundo por Vir.

Neste conjunto estão reunidos 67 artistas nacionais e internacionais (com maior incidência nacional, facto representativo do âmbito da exposição), refletindo deste modo uma diversidade significativa não só do ponto de vista geracional, e evocativo de uma nova era (globalizante e globalizada) onde essa referência fica apontada, mas também do ponto de vista formal, sendo a variedade considerável: a exploração de diferentes media, numa integração conjunta, exemplifica essa condição – são 540 obras que aqui dialogam, num exercício de grande fôlego imagético.

Como afirma Raquel Henriques da Silva no seu artigo acerca da exposição «as exposições são hoje instalações que manejam tanto os conteúdos como o espaço» (Silva, L+arte, 1 dez. 2010), numa alternância saudável que celebra o diálogo entre as várias obras nas suas diversas facetas. A exposição que aqui se descreve não é exceção: a divisão temática por núcleos não exclui uma variação espacial e formal de transição aberta, evocativa de leituras prolíferas ao longo de todo o espaço expositivo (pisos 0 e 01 da Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG).

Citando Celso Martins, trata-se de «uma mostra que assenta o seu desenho num jogo de continuidades e descontinuidades históricas, e o modo como o consegue fazer é uma das suas melhores características»; «desenvolve-se um labirinto de imagens e projecções que comunicam entre si sem se dissolverem num limbo a-histórico» (Martins, Expresso, 16 out. 2010).

Como afirma Leonor Nazaré: «Há obras sem tema explícito fortemente mobilizadoras […]. Há obras com tema explícito que cumprem a modesta mas grata função de o tornar presente, com maior ou menor capacidade de desvio, interpelação, destabilização do ponto de vista. Há obras que irrompem no espaço de um tema como uma força da natureza inscrevendo-se para lá dele, mesmo que a ele se dediquem. A exposição deve acolher todas essas modalidades sem lhes fazer subjazer uma hierarquia de valor.» (Res Publica- 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 32)

São prova de tudo isto as obras que projetam os sete núcleos temáticos, sobre as quais se faz uma sumária referência: «A queda da Monarquia, o patriotismo e os factos históricos da implantação da República são o ponto de partida. Todas as iconografias e símbolos nacionais se tornam evocação obrigatória: a bandeira, o hino, a propaganda, os festejos e as comemorações, os comícios, e os eventos de autoconsagração.» (Ibid., p. 9)

A tetralogia que funciona como introdução a esta exposição apresenta obras de Eurico Lino do Vale (1966), José de Brito (1855-1946), Paula Rego (1935) e Cristina Lucas (1973), num vaticínio em potência da Re(s)publica. Nesta assunção temática de teor nacionalista, pode ainda fazer-se nota das obras de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), Nikias Skapinakis (1931-2020), Ângela Ferreira (1958), José Carlos Teixeira (1977), José Malhoa (1855-1933) (e o curioso confronto com a obra de Francisco Vidal) ou João Pedro Vale (1976).

«O Império e as colónias ou a participação na guerra de 1914/18 definem também o nascimento do século XX português.» (Ibid.)

A guerra, horizonte de tantas obras da exposição, pode encontrar-se representada nos desenhos e gravuras de Adriano Sousa Lopes (1879-1944) («verdadeiras descobertas para o grande público» – Martins, Expresso, 16 out. 2010), no trabalho de Manuel Botelho (1950) («obras-primas da arte portuguesa dos últimos anos» – Silva, L+arte, 1 dez. 2010), na fotografia de Arnaldo Garcez (1885-1964), no filme de Maria Lusitano (1971) ou no de Daniel Barroca (1976) («que a cada visionamento ganha novo fulgor» – Marmeleira, Público, 15 out. 2010).

Uma captação do mundo colonial está patente nas obras de Vasco Araújo (1975), Inês Gonçalves (1964) ou Ana Telhado (1981).

«No início do século XX, a emigração, o envelhecimento e a pobreza não dignificam o quadro geral. Por isso são tão pertinentes as representações do povo e de vários tipos sociais e profissionais, ou do associativismo numa classe burguesa que o despreza. As desigualdades de género, de classe e de raça, a distribuição da riqueza e a exclusão são áreas temáticas inevitáveis que o presente não esbateu.» (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 10)

A ponte lançada entre as obras que tematizam este núcleo projeta um valioso paralelo entre as obras de Dordio Gomes (1890-1976), Carlos Reis (1863-1940) ou Alves Cardoso (1883-1930) e o fotojornalismo de Joshua Benoliel (1873-1932) («uma das mais relevantes personalidades artísticas de então» – Silva, L+arte, 1 dez. 2010), bem como com as obras de Ana Mata (1980), Pamela Golden (1959) ou Luísa Ferreira (1961).

«A educação nacional é erigida como uma prioridade, num contexto em que se fala acaloradamente na possibilidade de um Homem Novo. […] O ensino primário é cuidadosamente revisto.» (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 10)

São disso representativas as obras de Paulo Catrica (1965) ou Manuel Santos Maia (1970). Nas obras de Nelson d'Ayres (1975), Leal da Câmara (1876-1948) ou num segundo filme de Cristina Lucas fica apontada a influência da esfera religiosa, coberta no núcleo dos Mundos Laico e Religioso.

A imprensa como «instituição de absorção e projecção das grandes questões públicas e, supostamente, um espaço de liberdade» (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 11) introduz a abrangente reflexão acerca do «dotar de artisticidade o campo de documentarismo» (Silva, L+arte, 1 dez. 2010), também tratada no texto do catálogo de Leonor Nazaré e no âmbito da qual se poderá referir novamente o filme de Maria Lusitano ou a fotografia de Benoliel (com particular ênfase na exposição e no texto de catálogo de Carla Utra Mendes). Destacam-se também as obras de Xana (1959), Joana Vasconcelos (1971) ou Susan Philipsz (1965) (vencedora do Turner Prize 2010) no contexto da dicotomia entre espaço público e privado, nas suas mais estreitas e amplas dimensões: «Espaços interiores e espaços públicos, construção e ruína, política, economia e ecologia, protagonismo individual e destino colectivo […] permitem o escrutínio da integração da Res Publica no universo da arte.» (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 12)

«Haverá, finalmente, trabalhos nos quais o mundo referencial […] se encontra diminuído na sua importância. Neles sentimos que a materialidade e/ou a imagem se autoconstituem dentro da sua própria deriva formal e metafórica. Poderíamos ler dessa forma os trabalhos de Armanda Duarte (1961), Rui Moreira (1971), Sílvia Moreira (1978) ou André Romão (1984).» (Ibid., pp. 37-38)

As obras de Xana, Guillermo Kuitca (1961) e Susan Philipsz são criadas especificamente para a ocasião desta mostra, sendo neste contexto adquirida pela FCG a obra desta última. Também Nikias Skapinakis doa uma gravura à coleção do CAM, no âmbito da exposição.

Será de salientar que, embora registadas em anos posteriores (2016 e 2017), se realizam aquisições de obras patentes na exposição para a atual Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, o que consolida as escolhas da curadoria e efetiva os ecos que da exposição foram perdurando.

Este exercício expositivo mereceu um tratamento mediático considerável, na sua maioria bastante favorável. Dos três artigos que aqui se citam, apenas José Marmeleira faz menção a um hipotético excesso da exposição: «É uma exposição ambiciosa que, talvez por isso mesmo, cai em equívocos. […] organiza-se sobre um eclectismo visual e artístico […] prejudicando a experiência de propostas determinadas pela economia ou solidão dos objectos. […] São assim algumas exposições temáticas, sobretudo as generosas: não querem ser exaustivas, mas deixam o espectador à beira da exaustão, confuso, perdido.» (Marmeleira, Público, 15 out. 2010)

Celso Martins considera a «exposição extremamente ramificante nos temas colaterais a que dá espaço», o que permite «as mais diversas abordagens» (Martins, Expresso, 16 out. 2010), e Raquel Henriques da Silva salienta a consistência e qualidade da exposição, que «sem fugir ao intuito comemorativo […] confronta a história e as suas personagens com distanciada autonomia» (Silva, L+arte, 1 dez. 2010), exercício que classifica como «notável» (Ibid.).

A exposição teve um total de 17 237 visitantes, o que corresponde a uma média de 172 visitas por dia.

Vera Barreto, 2018

The exhibition “Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face” (Res Publica. 1910 and 2010 face to face) stemmed from a proposal by the National Committee for the Commemoration of the Centenary of the Republic that the Calouste Gulbenkian Foundation/Modern Art Centre (FCG-CAM) organise an exhibition to mark the occasion. Though the initiative had its roots in the commemoration of a specific historical moment – the Centenary of the Portuguese Republic – the exhibition harnessed this an opportunity for deeper reflection, enabling a broad exploration of the etymological origin of the word Republic, Res Publica (from the Latin for “thing of the people”; “public thing”). Discourse on the concept of Res Publica traverses all major areas of community thought and action and when, as here, art asserts its presence, this only proves that rule. Designing an exhibition that would reflect the breadth of the theme in question therefore proved extremely challenging. The end product would bring two moments separated by a century, 1910 and 2010, face to face, using this period as a space to reflect not only on the ideological dimension of the term – “the current global political and social situation” in order to interrogate the “fate of res publica” –, but also the “expression given to the multiple facets (of res publica) in the artistic objects” (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 31).

In recognition of the complexity of this task, particularly given the fact that, to paraphrase curator Leonor Nazaré, the planned exhibition cannot in isolation be systematic and exhaustive (Ibid., p. 31), two activities were organised in parallel with the exhibition. Despite their disparate natures, these converged to complement her carefully devised plans. Firstly, a catalogue was produced, containing essays by invited writers on the topics of curatorial approach, the concept Res Publica (and related themes), and the unique relationship between art, politics and life. Meanwhile, a series of talks coordinated by Rodrigo Silva brought together an international group of speakers, who were invited to discuss new directions for the Republic in the 21st century. All of the talks delivered as part of this series were subsequently collected in a monograph, published to mark the exhibition, entitled A República por Vir: Arte, Política e Pensamento para o Século XXI.

It is also necessary to mention the programme of activities delivered by the CAM Education Department, in particular the series of guided tours designed to offer a personal perspective on the exhibition. Despite being part of the CAM’s regular cultural outreach programme, these activities, like the catalogue, stood out for their pedagogical approach, on which relevant information is attached, though it is not described in full detail.

The exhibition plans, devised by Helena de Freitas and Leonor Nazaré and developed and delivered by curator Leonor Nazaré, divided the space into seven main areas: I – The Nationalist and Republican Ideal; II – The Social Climate; III – The New Man; IV – Secular and Religious Worlds; V – Figures of Freedom and Avatars of Violence; VI – Public and Private Space; VII – The Asserting Conscience in the World of Tomorrow.

In total, the exhibition included works by 67 Portuguese and international artists (Portuguese artists featuring more prominently given the context of the exhibition). There was significant diversity among them, not only in generational terms and as a result of the new (globalising and globalised) context in which they operate, but also in formal terms, where they varied greatly. The exploration of different media within the works on show exemplifies this – the 540 pieces talk to one another as part of an ambitiously image-dense exercise.

As Raquel Henriques da Silva states in her article on the exhibition “today, exhibitions are installations that encompass both content and space” (Silva, L+arte, 1 Dec 2010), in a healthy alternation that celebrates the dialogue between various facets of the various works. This exhibition was no exception: the division into thematic areas is not at the expense of spatial and formal variation and open transitions, fostering multiple interpretations throughout the exhibition space (ground and lower ground floors of the Temporary Exhibition Gallery of the FCG Main Building).

To quote Celso Martins, it is “an exhibition that bases its design on the interplay of historical continuity and discontinuity, and the way it manages this is one of its greatest triumphs”; “it creates a labyrinth of images and projections that communicate with one another, without dissolving into an ahistorical limbo” (Martins, Expresso, 16 Oct 2010).

As Leonor Nazaré explains: “There are rallying works with no explicit theme […]. There are works with explicit themes that fulfil the humble but worthwhile purpose of bringing these to the fore, with the capacity to divert, challenge or destabilise perspectives, to a greater or lesser extent. There are works that burst into the space occupied by a theme like a force of nature, imposing themselves on their chosen topic. The exhibition must embrace all of these approaches without forcing a value hierarchy upon them.” (Res Publica- 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 32)

This is evidenced by the works that fill the seven themed areas, which she summarises briefly as follows: “The fall of the Monarchy, patriotism and the historical circumstances of the foundation of the Republic are the point of departure. It was necessary to include national iconography and symbols: the flag, the national anthem, propaganda, celebrations and commemoration, rallies, the events that consolidated the republic.” (Ibid., p. 9)

The quartet of pieces that serve as an introduction to the exhibition are by Eurico Lino do Vale (1966), José de Brito (1855-1946), Paula Rego (1935) and Cristina Lucas (1973), all of whom envisage the strength of the Re(s)publica. This nationalist theme also runs through works by Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), Nikias Skapinakis (1931-2020), Ângela Ferreira (1958), José Carlos Teixeira (1977), José Malhoa (1855-1933) (interestingly juxtaposed with the work of Francisco Vidal) and João Pedro Vale (1976).

“The empire and the colonies and participation in the first world war also define the dawn of the 20th century in Portugal.” (Ibid.)

War, the backdrop to so many works in the exhibition, is depicted in the drawings and etchings of Adriano Sousa Lopes (1879-1944) (“a real discovery for the general public” – Martins, Expresso, 16 Oct 2010), the works of Manuel Botelho (1950) (“masterpieces of recent Portuguese art”– Silva, L+arte, 1 Dec 2010), the photography of Arnaldo Garcez (1885-1964) and the films of Maria Lusitano (1971) and Daniel Barroca (1976) (“which gain new impact upon each viewing”– Marmeleira, Público, 15 Oct 2010).

A preoccupation with the colonial world is seen in the works of Vasco Araújo (1975), Inês Gonçalves (1964) and Ana Telhado (1981).

“In the early 20th century, emigration, ageing and poverty did nothing to help the country’s outlook. That is what makes depictions of people of various social and professional classes and associativism among a bourgeois class that usually scorns it, so significant. Gender, class and racial inequality, the distribution of wealth and marginalisation remain essential themes to this day.” (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 10)

The bridges built between the pieces in this thematic area include valuable parallels between the works of Dordio Gomes (1890-1976), Carlos Reis (1863-1940) and Alves Cardoso (1883-1930) and the photojournalism of Joshua Benoliel (1873-1932) (“one of the most significant artistic figures of his era”– Silva, L+arte, 1 Dec 2010), as well as the works of Ana Mata (1980), Pamela Golden (1959) and Luísa Ferreira (1961).

“National education was held up as a priority as, in an era of impassioned discussion of the potential for a New Man. […] Primary education was meticulously reimagined” (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 10)

This is represented by the works of Paulo Catrica (1965) and Manuel Santos Maia (1970). Pieces by Nelson d'Ayres (1975) and Leal da Câmara (1876-1948) and a second film by Cristina Lucas highlight the influence of the religious sphere, covered in the Secular and Religious Worlds area.

The idea of the press as an “institution for the gathering and dissemination of major public issues and, supposedly, a space of freedom” (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 11) provides introduction to a far-reaching reflection on the question of “bringing artistry to the field of documentary” (Silva, L+arte, 1 Dec 2010). This subject is also broached in an essay by Leonor Nazaré in the catalogue. Here, we should again mention the film work of Maria Lusitano and the photography of Benoliel (which occupies a prominent position in the exhibition and an essay by Carla Utra Mendes in the catalogue). Other highlights include the works of Xana (1959), Joana Vasconcelos (1971) and 2010 Turner Prize winner Susan Philipsz (1965), who examine the dichotomy between public and private space, in its narrowest and broadest senses: “Indoor spaces and public spaces, construction and ruin, politics, economics and ecology, individual leadership and collective destiny […] allow us to scrutinise the integration of Res Publica into the art world.” (Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face, 2010, p. 12)

“Finally, there are works in which the sphere of reference […] is of limited importance. In these, we feel the materiality and/or the image take shape within their own formal or metaphorical sphere. The works of Armanda Duarte (1961), Rui Moreira (1971), Sílvia Moreira (1978) and André Romão (1984) can be interpreted in such terms.” (Ibid., pp. 37-38)

Xana, Guillermo Kuitca (1961) and Susan Philipsz created pieces specifically for this exhibition, and the FCG acquired a piece by the latter as part of the project.  Nikias Skapinakis also donated an etching to the CAM collection to mark the exhibition.

It should also be noted that, though catalogued years later (2016 and 2017), other works featured in the exhibition have since been acquired by the Calouste Gulbenkian Museum Modern Collection, consolidating curatorial decisions and ensuring that the echoes of the exhibition continue to resonate.

The exhibition received considerable media coverage, which was generally positive. Of the three articles cited, only José Marmeleira accuses the exhibition of potentially overstepping the mark: “It is an ambitious exhibition which, perhaps for this very reason, makes some false steps […] it is founded on visual and artistic eclecticism […] to the detriment of the experience offered by a more economical approach to the objects displayed. […] This tends to be the case with certain themed exhibitions, particularly those as vast as this one: though claiming not to be exhaustive, they leave the visitor on the brink of exhaustion, confused, lost.” (Marmeleira, Público, 15 Oct 2010)

According to Celso Martins “the exhibition puts out many branches, devoting space to a multitude of secondary topics”, which enables “the broadest of approaches” (Martins, Expresso, 16 Oct 2010). Meanwhile, Raquel Henriques da Silva highlights the consistency and quality of the exhibition, which “without forgetting its commemorative roots […] confronts history and its key figures with detached independence (Silva, L+arte, 1 Dec 2010), an exercise she deems “remarkable” (Ibid.).

The exhibition welcomed a total of 17,237 visitors, which corresponds to an average of 172 visits per day.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

9 de Abril – O capitão Beleza dos Santos atravessa uma densíssima barragem de artilharia e consegue salvar a sua bateria 75

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

9 de Abril – O capitão Beleza dos Santos atravessa uma densíssima barragem de artilharia e consegue salvar a sua bateria 75, Inv. GP853

A Brigada do Minho na "Ferme du Bois"

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

A Brigada do Minho na "Ferme du Bois", data desconhecida / Inv. GP849

A Patrulha

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

A Patrulha, data desconhecida / Inv. GP852

Bois lavrando a terra puxados por mulher

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Bois lavrando a terra puxados por mulher, Inv. GP855

Canhão desmantelado

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Canhão desmantelado, 1918 / Inv. GP848

Duas ordenanças de Infantaria 11

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Duas ordenanças de Infantaria 11, sem data / Inv. GP381

Mulheres de canastra à cabeça e homens junto a barcos na praia

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Mulheres de canastra à cabeça e homens junto a barcos na praia, Inv. GP857

O episódio de 9 de Abril

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

O episódio de 9 de Abril, 1919 / Inv. GP851

Paisagem com árvores

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Paisagem com árvores, data desconhecida / Inv. GP856

Posto de socorros avançado

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Posto de socorros avançado, data desconhecida / Inv. GP862

s/ título

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

s/ título, Inv. GP854

Soldados ao parapeito

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Soldados ao parapeito, data desconhecida / Inv. GP863

Trincheiras junto ao cemitério

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Trincheiras junto ao cemitério, Inv. GP847

Uma sepultura portuguesa na terra de ninguém

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Uma sepultura portuguesa na terra de ninguém, 1918 / Inv. GP859

Very Light

Adriano de Sousa Lopes (1879-1944)

Very Light, sem data / Inv. GP850

s/título

Cristiano Cruz (1892-1951)

s/título, Inv. DP1040

s/título

Cristiano Cruz (1892-1951)

s/título, Inv. DP1042

D. Carlos I (da série Retrato dos Túmulos dos Reis de Portugal)

Eurico Lino do Vale (1966-)

D. Carlos I (da série Retrato dos Túmulos dos Reis de Portugal), 2007 / Inv. 16FP585

S/Título (Manifestação)

Gil Heitor Cortesão (1967- )

S/Título (Manifestação), 2004 / Inv. 04P1262

Desvio e Consequência, para Uma Nova (R)evolução

José Carlos Teixeira (1977-)

Desvio e Consequência, para Uma Nova (R)evolução, 2008 / Inv. 17IM79

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP352

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP353

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP354

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP355

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP356

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP357

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP358

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP360

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP359

S/ Título (da série 22474)

José Luís Neto (1966-)

S/ Título (da série 22474), 2000 / Inv. 01FP361

Matchbox: Portugal is not a Small Country

Manuel Botelho

Matchbox: Portugal is not a Small Country, 2009 / Inv. 16E1819

War Correspondent

Maria Lusitano (1971-)

War Correspondent, 2010 / Inv. 16IM77

Paisagem - Bandeira Portuguesa

Nikias Skapinakis (1931-2020)

Paisagem - Bandeira Portuguesa, 2010 / Inv. GP2527

Do They Really Come From Cats?

Pamela Golden (1959-)

Do They Really Come From Cats?, 2001 / Inv. 02PE280

It Involves a Pedigree

Pamela Golden (1959-)

It Involves a Pedigree, 2001 / Inv. 04PE283

Nevertheless, A Library

Pamela Golden (1959-)

Nevertheless, A Library, 2001 / Inv. 02PE281

Woods so Wild

Susan Philipsz (1965-)

Woods so Wild, Inv. EE78

Woods so Wild

Susan Philipsz (1965-)

Woods so Wild, Inv. EE78

Hotel dos Jornalistas, Sarajevo

Susana Gaudêncio (1977-)

Hotel dos Jornalistas, Sarajevo, Inv. 16DP4043

Plaza de Mayo, Buenos Aires

Susana Gaudêncio (1977-)

Plaza de Mayo, Buenos Aires, Inv. 16DP4042

Paisagem - Bandeira Portuguesa

Nikias Skapinakis (1931-2020)

Paisagem - Bandeira Portuguesa, 2010 / Inv. GP2527

Woods so Wild

Susan Philipsz (1965-)

Woods so Wild, Inv. EE78


Eventos Paralelos

Ciclo de conferências

A República por Vir. Arte, Política e Pensamento para o Século XXI

20 nov 2010 – 27 nov 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Uma Obra de Arte à Hora do Almoço

nov 2010 – jan 2011
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal
Mesa-redonda / Debate / Conversa

Encontros ao Fim da Tarde

8 out 2010 – 7 jan 2011
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Domingos com Arte

out 2010 – jan 2011
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal
Curso

A Arte como Espelho. Quando a Arte Apresenta… Denuncia… Age

jan 2011 – fev 2011
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

[Res Publica. 1910 e 2010 Face a Face]

24 nov 2010
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Leonor Nazaré e Artur Santos Silva
Margarida Grácio Nunes, Isabel Carlos e Teresa Patrício Gouveia (da esq. para a dir.)
Helena de Freitas e Leonor Nazaré
Artur Santos Silva, Teresa Patrício Gouveia e Eduardo Lourenço (da esq. para a dir.)
Leonor Nazaré e Emílio Rui Vilar
Jorge Sampaio
Jorge Sampaio e Helena de Freitas
Fernando de Lemos (à esq.), Fernando Nunes (ao centro), e Isabel Carlos (à dir.)
Guilherme d'Oliveira Martins (à esq.) e Carlos Baptista da Silva (à dir.)
Helena de Freitas, Guilherme d'Oliveira Martins, Jorge Sampaio e Leonor Nazaré (da esq. para a dir.)

Multimédia


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00610

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência recebida e expedida relativa a orçamentos, documentação interna variada, projeto de arquitetura, tabelas da exposição, lista de artistas, convite da exposição e empréstimos. 2010 – 2012

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00611

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência recebida e expedida relativa a empréstimos de obras. 2009 – 2011

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00612

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência recebida e expedida relativa a empréstimos de obras. 2009 – 2011

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00613

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência recebida e expedida relativa a empréstimos de obras. 2009 – 2011

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00614

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência recebida e expedida relativa a empréstimos de obras. 2009 – 2010

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00615

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém «condition reports» das obras. 2010 – 2011

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00616

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém «condition reports» das obras. 2010 – 2011

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00617

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém «condition reports» das obras. 2010 – 2011

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00618

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém a descrição do projeto de arquitetura: memória descritiva, caderno de encargos, mapa de quantidades, mapa de medições. 2010 – 2011

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 8764

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa)

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 8765

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa)


Exposições Relacionadas

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