Prémio de Artes Plásticas União Latina 2004

Prémio Bienal de Artes Plásticas União Latina

Exposição integrada na VIII edição do Prémio Bienal da União Latina, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela União Latina. Visando promover e divulgar a arte portuguesa e latina de jovens artistas, esta edição do concurso veio a consagrar o artista Bruno Pacheco (1974).
Exhibition included in the eighth Latin Union Biennale Prize, organised by the Calouste Gulbenkian Foundation and the Latin Union. Designed to promote and disseminate art by young Portuguese and Latin artists, the winner of the 2004 competition show was Bruno Pacheco (1974).

Em 1990, por iniciativa da União Latina, constituiu-se o prémio bienal dedicado à pintura, com o intuito de incentivar e divulgar a arte portuguesa e latina, à data ainda com pouca repercussão lá fora.

Em 1996 deu-se início a uma nova etapa do prémio, alterando-se o seu regulamento e funcionamento, a fim de que fossem integradas outras disciplinas plásticas, como a fotografia, a escultura e o vídeo. A partir daquele ano, a designação do evento passou a ser «Prémio de Artes Plásticas União Latina».

À semelhança das edições anteriores do prémio, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e a Caixa Geral de Depósitos (Culturgest) surgem associadas à iniciativa. Nesta oitava edição, colaboram também o Instituto Cervantes, o Institut Franco-Portugais e o Istituto Italiano di Cultura.

O prémio realizava-se em duas fases. Numa primeira fase, o júri nacional, constituído por cinco críticos portugueses da área das artes plásticas, tinha por objetivo identificar quatro artistas que, nos anos anteriores, tivessem desenvolvido uma atividade relevante nas diversas áreas. Os artistas selecionados eram convidados a apresentar a sua obra numa exposição coletiva, patente na FCG ou na Culturgest. Na segunda fase, o júri de premiação, composto por críticos de diferentes nacionalidades, escolhia o premiado com base na exposição (Comunicado de imprensa, mar. 2005, Arquivos Gulbenkian, CAM 00535).

Além do reconhecimento e divulgação que o galardão proporcionava, a nível nacional e internacional, o vencedor receberia um prémio monetário no valor de 7500 euros.

Não foram organizadas exposições para a atribuição dos prémios de 1990 e de 1992. A exposição de 1994 teve lugar na Culturgest e, pela primeira vez, em 1996, a edição do Prémio União Latina foi organizada na Fundação Calouste Gulbenkian, repetindo-se em 2001 e em 2005, edição que agora analisamos.

Nas palavras do então diretor do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), Jorge Molder, o Prémio União Latina «sem pretender ser um prémio de descoberta ou de consagração, tem vindo a proporcionar uma evidente forma de reconhecimento tanto para os artistas vencedores quanto para os outros igualmente selecionados» (Prémio de Artes Plásticas…, 2005, p. 10).

Para a oitava edição do prémio, o júri de seleção foi composto pelos críticos e curadores de arte Leonor Nazaré, Delfim Sardo, Nuno Crespo, Nuno Faria e Alexandre Melo.

Assim, em dezembro de 2004 realizou-se no CAMJAP a reunião do júri português, que decidiu por consenso nomear os seguintes artistas candidatos ao prémio: Bruno Pacheco (1974), Gil Heitor Cortesão (1967), Ricardo Jacinto (1975) e Rui Calçada Bastos (1971).

Cada um dos artistas foi convidado a participar na exposição, que teve coordenação-geral de Jorge Molder e Maria Renée Gomes (diretora do escritório de Lisboa da União Latina). A mostra esteve patente na Galeria de Exposições Temporárias (piso 01) da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian entre 7 de abril e 8 de maio de 2005.

As propostas apresentadas pelos artistas enquadraram-se nas disciplinas de pintura, vídeo e instalação. Bruno Pacheco fez-se representar pela pintura Happy Hour (2005) e pelo vídeo Self-portrait smoking a cigar without the aid of the hand (2002); Gil Heitor Cortesão reuniu dez trabalhos em óleo sob vidro acrílico, da série Volta ao Mundo (Falsa Partida), Eclipse e Pesca Nocturna, datados de 2004-2005; Ricardo Jacinto apresentou a instalação Parque (extras e demonstrações # 1); por último, Rui Calçada Bastos apresentou a instalação Kleine/probleme (2004) e o filme Studio Contents (2005) – este último viria a ser incorporado na coleção do Centro de Arte Moderna da FCG na sequência da exposição.

A apresentação das obras no dia da inauguração da exposição foi o ponto a partir do qual se exerceu o trabalho do júri de premiação, composto por Jorge Molder, Vicente Todolí (diretor do Museu de Serralves) e pelos críticos e comissários Rosa Martínez, Teresa Macri e Thierry de Duve.

Durante o período em que esteve patente, a mostra contou com a organização de várias visitas guiadas.

O catálogo da exposição, de edição bilingue (português/francês), foi publicado pela FCG e pela Caixa Geral de Depósitos. Inclui textos assinados por Jorge Molder, Bernardino Osio (secretário-geral da União Latina) e Vítor Martins (presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos), bem como a biografia dos artistas, a lista de obras apresentadas e a respetiva reprodução.

A oitava edição do Prémio União Latina alcançou uma repercussão crítica bastante positiva. A título exemplificativo, destacamos as impressões do professor e crítico de arte Celso Martins.

No seu texto, Celso Martins traça o historial e o propósito do Prémio União Latina, sublinhando o facto de as edições a partir de 1996 acompanharem as tendências da década, revelando «um crescente interesse pelos novos suportes como o vídeo ou por trabalhos desenvolvidos num campo mais multidisciplinar […] ao mesmo tempo que se juvenilizou o galardão pela sua atribuição a artistas cada vez mais novos» (Martins, Público, 16 abr. 2005). O autor entende ainda que não é por voltar a ser atribuído à categoria da pintura que o prémio inverte a sua trajetória, pois «a tendência é para as distinções se fazerem agora no campo mais subjectivo mas certamente mais fecundo das escolhas culturais e estéticas» (Ibid.).

Nas palavras de Celso Martins: «A pintura intitulada Happy Hour onde se vê um sorridente grupo de palhaços em pose de retrato de família e um vídeo em que o artista fuma um charuto até ao fim sem nunca o tirar da boca, têm em comum a referência a uma certa ideia de proeza performativa, sugestiva de uma terna ironia no caso da pintura alusiva ao universo trágico-cómico do circo e transformada em prova de esforço no segundo caso.» (Ibid.)

O galardoado Bruno Pacheco sucedeu assim a Filipa César (edição de 2002, Culturgest), João Onofre e Rui Toscano (premiados ex aequo em 2001, FCG), Patrícia Garrido (edição de 1998, Culturgest), Rui Chafes (edição de 1996, FCG), Marta Wengorovius (edição de 1994, Culturgest), Pedro Proença (edição de 1992) e Pedro Calapez (distinguido em 1990).

O Prémio de Artes Plásticas da União Latina contou ainda com mais uma edição, em 2006, em que seria premiado André Guedes (Culturgest), e após um interregno, motivado por falta de verbas, seria retomado em 2011, cumprindo a sua décima edição.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Studio Contents

Rui Calçada Bastos (1972-)

Studio Contents, 2004 / Inv. IM24

Studio Contents

Rui Calçada Bastos (1972-)

Studio Contents, 2004 / Inv. IM24


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Emílio Rui Vilar (ao centro), Teresa Gouveia (ao centro, à dir.) e Jorge Molder (à dir.)
Miguel Nabinho (à dir.)
Nuno Crespo (à dir.)
Jorge Molder (à esq.) e Emílio Rui Vilar (à dir.)
Emílio Rui Vilar e Teresa Gouveia (à dir., respectivamente)
Manuel Botelho
Emílio Rui Vilar, Teresa Gouveia e Jorge Molder (à dir.)
Emílio Rui Vilar (à esq.)
Leonor Nazaré

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00535

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna, correspondência externa e textos de catálogo. 2005 – 2005

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 114215

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2005

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 118780

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2005


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