Alexandre Conefrey. Œuvres sur Papier

Exposição individual de Alexandre Conefrey (1961). A mostra apresentou 15 trabalhos sobre papel pertencentes a cinco séries distintas da sua obra, envolvendo técnicas como o desenho, a aguarela e o guache. Algumas das peças expostas seriam adquiridas pela Fundação Calouste Gulbenkian na sequência desta mostra.
Solo exhibition of work by Alexander Conefrey (1961). The show featured 15 works on paper from five distinct series, including drawings, watercolours and gouaches. Some of the pieces on display were subsequently acquired by the Calouste Gulbenkian Foundation.

De 16 de março a 16 de abril de 1999, o Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG) organizou no seu espaço de Paris uma exposição individual de Alexandre Conefrey (1961). Reuniu 15 trabalhos de pintura e desenho sobre papel, pertencentes a cinco séries distintas da sua obra recente. Foram incluídos três dos grandes guaches do conjunto Fim do Santo Império: Descalça vai para a fonte, de 1999; duas Acções, de 1997, cada uma representando uma flor (um jarro), a aguarela e crayon; quatro peças de uma série S/ Título, que à aguarela aliam a folha de ouro, e que envolvem halos abstratos com arranjos florais, humanizados pelas palavras «Lust», «Love», «Anger» e «Wish», uma em cada peça; três Paisagens, a guache e aguarela, de 1998; três elementos da série A Oeste Nada de Novo, de 1999. Estas últimas três aguarelas seriam adquiridas pela FCG após a mostra, incorporando atualmente o núcleo de 15 obras do autor registadas na coleção do Centro de Arte Moderna (Invs. DP1732; DP1733; DP1734) (Arquivos Gulbenkian, CAM 00916).

O catálogo de exposição foi editado pela própria Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), exclusivamente em versão francesa, e foi oferecido pelo CCCG a várias bibliotecas de França (Arquivos Gulbenkian, PRS 05354). Publicado para um artista que tem no património visual dos livros uma inspiração, esse livro apresenta-se em formato de bolso, com conceção gráfica de Mónica Braz Teixeira, e em muito condizente com a elegância e depuração a que nos habitua a obra de Conefrey. A publicação reitera isso mesmo, dando a ver como o artista conduz a expressão gráfica da sua arte a laivos de desenho cartográfico e de ilustração científica, especialmente no domínio da botânica, bem como a uma certa memória da fotografia, especialmente evidente no caso das peças que apresentam soldados posando, da série Fim do Santo Império: Descalça vai para a fonte.

Não será abuso ver nessas predisposições alguns ecos da experiência de quem tem no documentalismo e na bibliotecnia uma das duas áreas de formação e de declarado interesse estético. No texto que escreve para o catálogo, Alexandre Melo realça precisamente essa relação com o livro, o documento e a história. Melo adianta ainda que essa espécie de bibliofilia foi um dos primeiros grandes aglutinadores entre si e o artista, que trabalhavam juntos há já alguns anos (Alexandre Conefrey, 1999).

De facto, a bibliotecnia e a arquivística são áreas de formação de Conefrey, tendo sido responsável pela organização de vários centros de documentação e pesquisa. A sua relação profissional com a Fundação Calouste Gulbenkian, que em 1999 era já longa, passou justamente por contributos no campo da documentação. Nessa linha de trabalho, «colaborou durante alguns anos no Departamento de Documentação e Pesquisa do Centro de Arte Moderna da FCG, [tendo] a seu cargo catalogação e classificação de vários espólios como os dos arquitectos Cristino da Silva, Raul Lino e Carlos Ramos…, entre outros». A relação do seu trabalho com o livro é «frequente». O parecer redigido pelo Serviço de Belas-Artes da FCG em que se lê este esclarecimento é justamente o mesmo que deliberou favoravelmente, em 1995, a atribuição de um subsídio para prossecução do trabalho em desenho que estava a desenvolver em Londres, integrado num intercâmbio com o Royal College of Art, iniciativa também ela apoiada pela FCG (Arquivos Gulbenkian, SBA 07509).

Quanto à atividade expositiva de Conefrey em iniciativas da Fundação, destaca-se, em 1996, a sua participação na primeira exposição do ciclo «Sete Artistas ao Décimo Mês» (1996-2008). Em 1999, pouco depois da mostra de Paris, o CAMJAP coorganizaria uma exposição do artista na Casa de Portugal em Vigo (Espanha). No ano seguinte, o CAMJAP organiza em Lisboa a coletiva «Os Últimos Dias. Desenhos de Alexandre Conefrey, Paulo Brighenti, Rui Moreira, Rui Vasconcelos», outro evento a referir no percurso de representação do autor na FCG, que, mais recentemente, fica pontuado por outra coletiva: «O Fio Condutor. Desenhos da Colecção do CAM» (CAMJAP, 2010).

Muitas das obras apresentadas no CCCG entre março e abril de 1999 estiveram presentes numa outra exposição, entre junho e julho do mesmo ano, na Casa de Portugal em Vigo. Essa mostra foi produzida pelo Instituto Camões com a colaboração da FCG. O catálogo, editado em português e novamente com design de Mónica Braz Teixeira, utiliza a versão original do mesmo texto que Melo publicara no âmbito da exposição de Paris (Alexandre Conefrey, 1999).

Daniel Peres, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A oeste nada de novo

Alexandre Conefrey (1961-)

A oeste nada de novo, 1999 / Inv. DP1732

A oeste nada de novo

Alexandre Conefrey (1961-)

A oeste nada de novo, 1999 / Inv. DP1733

A oeste nada de novo

Alexandre Conefrey (1961-)

A oeste nada de novo, 1999 / Inv. DP1734

A oeste nada de novo

Alexandre Conefrey (1961-)

A oeste nada de novo, 1999 / Inv. DP1732

A oeste nada de novo

Alexandre Conefrey (1961-)

A oeste nada de novo, 1999 / Inv. DP1733

A oeste nada de novo

Alexandre Conefrey (1961-)

A oeste nada de novo, 1999 / Inv. DP1734


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum da inauguração da exposição

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05354

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa; informações sobre transportes e valores de seguro; texto de Alexandre Melo, que seria traduzido para francês para integrar o catálogo; recortes de imprensa; currículo artístico enviado por Conefrey (com algumas fotocópias de textos sobre a sua obra – um deles da autoria de João Miguel Fernandes Jorge, escrito para integrar o catálogo da exposição do artista na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1998). 1999 – 1999

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00916

Pasta referente à aquisição de três aguarelas da série «A Oeste Nada de Novo», de 1999, expostas, nesse mesmo ano, na individual do artista «Alexandre Conefrey. Œuvres sur Papier», no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, Paris. 1999

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04922

Álbum com coleção fotográfica, cor: inauguração (CCCG, Paris) 1999


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