Labyrinthes de Culture. Les Jardins de Francisco Caldeira Cabral

Exposição dedicada ao arquiteto paisagista Francisco Manuel Caldeira Cabral (1948). Francisco Bethencourt assegurou a organização da exposição, cujas obras pretendiam mostrar a convivência entre a tradição e as técnicas de construção de várias culturas, assim como uma mensagem de preservação patrimonial.
Exhibition dedicated to landscape architect Francisco Manuel Caldeira Cabral (1948). Organised by Francisco Bethencourt, the show featured works that illustrated the interaction between tradition and building techniques from different cultures, as well as a message on the preservation of heritage.

No ano 2000, foi realizada a exposição de projetos do arquiteto paisagista Francisco Manuel Caldeira Cabral (1948), por iniciativa do Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG), em Paris. A mostra pretendeu dar protagonismo ao domínio da arquitetura paisagista. A organização foi assegurada pelo então diretor do CCCG, Francisco Bethencourt, que contou com a colaboração ativa do arquiteto homenageado.

Francisco Manuel Caldeira Cabral é filho daquele que foi o primeiro arquiteto paisagista português, Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), figura central na história da arquitetura paisagista em Portugal.

De 1969 a 1974, Francisco Manuel Caldeira Cabral estudou Arquitetura Paisagista no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. Iniciou a sua carreira de desenhista e paisagista no ateliê de Gonçalo Ribeiro Telles, em Lisboa, tendo realizado estágios profissionais com os arquitetos paisagistas Hans F. Werkmeister, na cidade de Hildesheim (Alemanha), e Sven Hansen, em Copenhaga (Dinamarca). Segundo o comunicado de imprensa da exposição, estes estágios internacionais foram decisivos para a sua formação, contribuindo para uma maior perceção das relações essenciais entre projeto, jardinagem e botânica (Comunicado de imprensa, 2000, Arquivos Gulbenkian, PRS 05608).

Francisco Manuel Caldeira Cabral assinou numerosos projetos em Portugal, Macau, Baamas, Argentina e Japão. Em Portugal, foi responsável pela criação dos jardins do Centro Cultural de Belém, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, do Museu Nacional de Arte Antiga, do Museu Nacional do Azulejo, do Museu Monográfico de Conímbriga e da Pousada de Vila Viçosa, entre outros parques e jardins públicos. Colaborou igualmente no desenvolvimento urbanístico das cidades de Setúbal e Évora (Ibid.).

Cativado pela cultura, flora e arquitetura oriental, o arquiteto encontrará em edifícios de Macau e do Japão uma fusão de elementos tradicionais portugueses e orientais que lhe servirá de inspiração e se manifestará ao longo da sua carreira: «Francisco Caldeira Cabral mélange dans un style très personnel les traditions et les techniques de plusieurs cultures, toujours attentif à la restauration et aux récupérations du patrimoine.» (Ibid.)

O seu compromisso com a preservação das dinâmicas criadas entre a natureza e o homem será explicitado no folheto da exposição: «L'œuvre de Francisco Caldeira Cabral nous conduit à la redécouverte de l'art des jardins. Ses projets constituent des lignes géométriques de cet art vivant où la singularité de l'artiste se croise avec le respect de la nature et avec l'imaginaire de différentes cultures. […] On peut dire de l'œuvre de Francisco Caldeira Cabral qu'il s'agit de Jardins et Paysages avec Mémoire, où la dynamique de la nature et l'intervention humaine forment une indissociable et vivante unité de temps et d'espace.» (Ibid.)

A exposição deu, assim, protagonismo aos projetos ajardinados: «Cette exposition nous montre des projets, schémas d'invisibles parcours qui déterminet les paysages auxquels nous rêvons et les jardins dans lequels nous nous promenons en nous interrogeant rarement sur leur génèse.» (Labyrinthes de Culture…, 2000)

O percurso expositivo apresentou vários painéis informativos sobre a obra do arquiteto. Cada conjunto de expositores aludia a um período ou tipo de intervenção: «Les parcs publics», «Les jardins privés», «Le tourisme», «Les institutions», «Les fronts maritimes», «Les plantes», entre outros. Em cada secção estavam representados alguns projetos nacionais e internacionais do arquiteto, através de textos, mapas, alçados, fotografias, esquemas arquitetónicos, estudos e ilustrações botânicas. A par dos painéis, a galeria de exposição foi também preenchida por arbustos, plantas, flores e árvores de pequeno porte, que acrescentaram valor à envolvente e ao propósito da iniciativa.

À semelhança do que sucedeu com outras iniciativas no CCCG, não foi editado catálogo da exposição, mas sim um desdobrável, um folheto e convites. O desdobrável inclui uma breve descrição da vida e obra do arquiteto e fotografias de alguns dos seus projetos.

As fotografias do evento (cf. documentação associada à exposição) mostram que a inauguração da exposição atraiu bastante público e imprensa. Quanto ao registo de visitantes, a documentação atesta que as exposições organizadas pela delegação francesa da FCG alcançaram «uma boa frequência de público, cerca de 700 pessoas cada uma» (Relatório Balanço e Contas. FGC. 2000, 2001, p. 152).

Durante o período em que a exposição esteve patente, foram organizadas diversas visitas guiadas.

A título de curiosidade, refira-se que três anos mais tarde, em 2003, a Fundação Calouste Gulbenkian organizou em Lisboa uma enorme exposição fotográfica, iconográfica e documental em homenagem ao arquiteto e pai de Francisco Manuel Caldeira Cabral: «Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian. Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas Portugueses, 1940-1970».

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum da inauguração da exposição

Documentação


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05377

Pasta com folhetos de exposições organizadas no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris. 1979 – 2004

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05378

Pasta com convites e recortes de imprensa de exposições organizadas no Centre Culturel Portugais, em Paris. 1979 – 2003

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05608

Pasta com folhetos de exposições organizadas no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris. 1997 – 2002

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04891

Álbum com coleção fotográfica, cor: inauguração (CCCG, Paris) 2000


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