A Visão Austríaca. Posições da Arte Austríaca Contemporânea

Exposição coletiva de arte austríaca contemporânea, organizada por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com o Mumok – Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien, cujo diretor, Lóránd Hegyi, assumiu o comissariado da exposição.
Collective exhibition on contemporary Austrian art organised by the Calouste Gulbenkian Foundation in collaboration with the Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien. Lórand Hegyi, director of the museum at the time, curated the exhibition.

Em 1998, ano em que Lisboa organizou a Exposição Internacional de Lisboa de 1998 (Expo'98), e a Áustria assumia, pela primeira vez, a Presidência da União Europeia, teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) a exposição comemorativa «A Visão Austríaca».

No texto que assina no catálogo da exposição, o então vice-chanceler do Ministério dos Negócios Estrangeiros austríaco, Wolfgang Schüssel, destaca o contexto em que se inseriu a exposição: «Como membro da EU e anfitriã da EXPO, Lisboa passou a figurar no centro de interesse internacional e associa a sua tradicional abertura ao mundo para além das suas fronteiras a uma maior proximidade e integração na Europa.» (Schüssel, A Visão Austríaca. Posições da Arte Austríaca Contemporânea, 1998, p. 7)

A exposição foi o resultado da cooperação entre a FCG, através do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), e o museu austríaco Mumok – Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien (Viena, Áustria), com o apoio do Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros e do Ministério Federal da Educação e dos Assuntos Culturais, ambos da República da Áustria. Um dos objetivos da iniciativa prendeu-se com a vontade de promover o intercâmbio cultural das relações luso-austríacas.

Foi estabelecido entre os dois museus organizadores a continuidade do intercâmbio entre os países, determinando-se que, finda a exposição austríaca em Lisboa, se organizaria no museu de Viena uma exposição de arte portuguesa contemporânea de obras pertencentes ao acervo da FCG, numa iniciativa a inaugurar no ano 2000. Na qualidade de diretor do CAMJAP, Jorge Molder explica o objetivo de «permitir uma visão recíproca de duas realidades artísticas, que apesar das assimetrias, contam certamente à partida com graus de conhecimento (ou de desconhecimento) análogos» (Molder, A Visão Austríaca…, 1998, p. 10).

O comissariado de «A Visão Austríaca» ficou a cargo do então diretor do Mumok, Lóránd Hegyi. O comissário contou com o apoio da equipa de organização e programação de Viena: Dieter Schrage, Johanna Gudden e Gabriele Höbart, assim como dos diretores do CAMJAP, Jorge Molder e Rui Sanches, que acompanharam todo o projeto.

A mostra pretendeu apresentar os múltiplos aspetos da arte austríaca contemporânea, abordando em particular a produção daqueles últimos vinte anos. Para isso, foi preparada uma ampla apresentação das peças na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 0). As obras abrangeram pontos principais da nova pintura, percorrendo tanto a figuração, como a abstração, mas também a fotografia, a instalação e a arte eletrónica dos media.

No catálogo da exposição, Lóránd Hegyi assinou um extenso texto versando os artistas e os trabalhos apresentados, onde começa por alertar para as limitações da exposição e para a dificuldade de fornecer um panorama completo da cena artística austríaca. A seleção de artistas privilegiou aqueles cujo trabalho se distingue não só pela qualidade estética, autenticidade individual, mas também pelo seu reconhecimento internacional.

Foram exibidas as obras de 38 artistas: Adolf Frohner (1934-2007), Alois Mosbacher (1954), Arnulf Rainer (1929), Birgit Jürgenssen (1949-2003), Brigitte Kowanz (1957), Christian Ludwig Attersee (1940), Constanze Ruhm (1965), Erwin Bohatsch (1951), Erwin Wurm (1954), Eva Grubinger (1970), Eva Schlegel (1960), Flora Neuwirth (1971), Franz Graf (1954), Franz Pichler (1960), Franz West (1947-2012), Günter Brus (1938), Günther Selichar (1960), Heimo Zobernig (1958), Heinrich Dunst (1955), Herbert Brandl (1959), Heribert Friedl (1969), Hermann Nitsch (1938), Herwig Kempinger (1957), Hubert Scheibl (1952), Hubert Schmalix (1952), Inés Lombardi (1958), Jakob Gasteiger (1953), Lois Weinberger (1947-2020), Manfred Wakolbinger (1952), Maria Lassnig (1919-2014), Martin Walde (1957), Muntean & Rosenblum – duo colaborativo formado em 1962, composto por Markus Muntean (1962) e Adi Rosenblum (1962) –, Otto Muehl (1925-2013), Otto Zitko (1959), Peter Kogler (1959), Richard Hoeck (1965), Rini Tandon (1956), Siegfried Anzinger (1953).

O catálogo, publicado pelo CAMJAP, tem edição bilingue (português-alemão) e inclui textos de Wolfgang Schüssel, Jaime Gama, Jorge Molder, Rui Sanches, Lóránd Hegyi e Dieter Schrage. A publicação contém também a reprodução de algumas das obras apresentadas na exposição e a biografia dos artistas.

A exposição contou com a organização de várias visitas guiadas. O êxito da iniciativa seria assinalado pelo então ministro português Jaime Gama, que valorizou os impulsos austríacos no desenvolvimento e vitalidade da cena artística portuguesa. Nas suas palavras, a mostra «enriquece ainda mais a oferta cultural do nosso País, que conheceu um significativo incremento ao longo dos últimos anos e que ocupa uma posição de merecido destaque no panorama europeu», além de trazer a Lisboa uma coleção que, «ao revelar as modernas tendências das artes plásticas austríacas, renova o interesse com que os portugueses olham para uma riquíssima cultura […] que tanto nos influenciou, coletiva e individualmente, até aqui» (Gama, A Visão Austríaca…, 1998, p. 9).

Katharina Hahn, autora associada ao jornal APN – The Anglo-Portuguese News, reconheceu o mérito da exposição («It is well worth visiting»), louvando a afluência de público no dia da inauguração: «It was good to see so many leading figures at the opening session – and also so many young people among them! I believe that the current new generation of Portuguese – apart from being almost too modern in their way of living and clothing – do know more, and wish to learn more, than we think.» (Hahn, The Anglo-Portuguese News, 15 out. 1998)

O crítico de arte João Pinharanda mostrou-se ambivalente em relação à exposição, reconhecendo, porém, a pertinência do catálogo: «Exposição oficial que segue as virtudes e defeitos destas iniciativas. Virtudes de exaustão (é como se estivessem lá todos – excepto os populares realismos mágicos austríacos) e defeitos de excesso (é como se todos se equivalessem). Do panorama especial dos anos 60 […] à progressiva marginalidade da produção austríaca em relação às velocidades consumidoras dos circuitos artísticos internacionais. A exposição apresenta imensas e incontornáveis singularidades […] que, no entanto, parecem mal ilustradas por defeito. Ainda assim estas listagens enciclopédicas e os catálogos que os acompanham […] são indispensáveis repositórios de informação.» (Pinharanda, Público, 16 out. 1998)

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Fotografias


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00419

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém documentos referentes aos empréstimos e seguros das obras, textos de catálogo em papel e em suporte disquete, e recortes de imprensa. 1997 – 1999

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 109419

Coleção fotográfica, cor: aspestos (FCG, Lisboa) 1998


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