Exposição itinerante dedicada à arquitetura austríaca da segunda década do século XIX, desde as primeiras tentativas de rutura com a tendência historicista até à década de 30 do século seguinte, «ponto álgido do estilo internacional», que contou com a iniciativa do Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros da Áustria e foi organizada em Lisboa, através da colaboração da Embaixada da Áustria em Portugal e da Fundação Calouste Gulbenkian, por intermédio do seu Serviço de Exposições e Museografia.

Comissariada pelos arquitetos austríacos Karl Mang e Eva Mang-Frimmel, a exposição reuniu 100 desenhos de 24 arquitetos e projetistas austríacos de uma época de grande expansão urbanística, compreendida entre os anos de 1860 e 1930, nos quais se destacavam dois momentos, cada um deles construído em torno de uma figura central da arquitetura austríaca e da Escola de Viena: um consagrado aos projetos de ampliação da cidade de Viena, ocorrida durante a segunda metade do século, da qual Otto Wagner (1841-1918) foi um dos principais responsáveis; e um segundo momento, balizado no intervalo entre as duas guerras, durante o qual as transformações sociais e no tecido laboral obrigaram a uma reconfiguração do projeto urbanístico municipal, mas também da arquitetura de interiores, na qual se destacou Adolf Loos (1870-1933).

Os desenhos apresentados não eram os originais, mas reproduções fotográficas, a cores e a preto-e-branco, que respeitavam a escala original.

No catálogo da exposição, o intuito desta mostra era clarificado nos seguintes termos: «Para poder entender o desenvolvimento face à arquitectura moderna, é necessário começar a estudar os trabalhos dos grandes arquitectos urbanistas.» (Arquitectura Austríaca 1860-1930, 1980)

No mesmo sentido, o historiador e crítico de arte José-Augusto França viria a referir-se a esta mostra como «uma notável exposição pedagógica», que, na opinião do crítico, dava esclarecimentos fundamentais para o entendimento da arquitetura moderna: «A arquitectura “moderna”, definida ou institucionalizada nos anos 20, deve muito à Áustria, particularmente a Otto Wagner, ao seu discípulo Josef Hoffmann e a Adolf Loos, cujas obras foram amplamente divulgadas e marcaram épocas sucessivas dum discurso formal que do eclectismo historicista passou ao racionalismo funcional, atravessando a moda simbolista que o Jugendstil significou e marcando a polémica da Secession» (França, Colóquio/Artes, jun. 1981, p. 61).

Além de contribuir para o conhecimento da História da Arquitetura, o interesse da exposição residia no facto de possibilitar um olhar atento sobre o desenho técnico.

Depois de ter sido apresentada em Lisboa, a mostra foi exibida no Funchal, no Museu de Arte Sacra, tendo sido seguidamente apresentada no México.

Filipa Coimbra, 2017