Exposição itinerante e antológica do artista austríaco Rudolf Hausner (1914-1995), promovida pela Embaixada da Áustria em Portugal, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). A mostra na FCG fez parte do circuito internacional da exposição, que esteve em exibição em vários países, nomeadamente a Alemanha, os Estados Unidos da América e o Japão.

Em janeiro de 1981, foi deferida a proposta apresentada pela embaixada austríaca para a realização do certame, cujo programa seria estruturado pelo então diretor do Serviço de Exposições e Museografia, José Sommer Ribeiro.

Da referida proposta constava a doação de algumas gravuras à FCG por parte do artista, como contrapartida dos encargos de transporte que a Fundação assumiria.

A exposição foi inaugurada na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 0), na presença do artista, do embaixador da Áustria em Portugal e de Manuela Eanes, em representação do presidente da República Portuguesa. Os 73 trabalhos que integraram a mostra, realizados entre os anos de 1938 e 1982, correspondiam a 55 pinturas a óleo, têmpera ou acrílico, em vários formatos, sobre tela e sobre papel, três esculturas em bronze, mármore e alumínio e 15 gravuras (litografias e serigrafias).

Os temas dos trabalhos de Rudolf Hausner, um dos cofundadores da Escola Vienense dos Realista Fantásticos, estão imbuídos de um simbolismo herdeiro do surrealismo, tendo sido objeto de reinterpretação pelo artista ao longo dos anos. Na exposição, essas transformações eram evidenciadas em obras como os retratos de Eva ou de Adão, que funcionavam também como máscaras ou duplos de autorrepresentação.

Apontando para esta relação com o surrealismo, o pintor Fernando de Azevedo comentaria que a pintura de Hausner, ainda que apelando ao universo dos sentidos, integra na sua gramática figurativa o «acaso tumultuoso da extroversão onírica» «nada deixa ao acaso tumultuoso da extroversão onírica» (Azevedo, Colóquio/Artes, dez. 1982, p. 72). E a respeito da originalidade dos trabalhos de Hausner, o jornal portuense Notícias da Tarde diria que, «se o narcisismo está patente em toda a obra de Rudolf Hausner, a sua beleza plástica e a criatividade com que esse narcisismo se exprime são, pelo menos, brilhantes» (Notícias da Tarde, 15 out. 1982). Os elogios relativamente a este evento viriam também da parte do crítico de arte Mário de Oliveira, que afirmaria tratar-se de um «documento francamente positivo do chamado realismo fantástico» (Oliveira, O País, 21 out. 1982).

Além das 14 litografias e serigrafias doadas, foram ainda adquiridas e incorporadas na Coleção Moderna da FCG a pintura Der Maler (n.º inv.: PE125) e outras cinco gravuras (n.º inv: GE141, GE150, GE156, GE160 e GE164).

Filipa Coimbra, 2017