«Tau
em madeira
sobre tela
cor castanho
claro
[ilegível]
telefone?»
[frente, quadrante superior direito]
Este é um dos vários estudos que António Dacosta realizou para um projeto em torno do Retábulo de Issenheim, que ficaria inacabado. A obra Tau ou os Porcos do Retábulo de Issenheim [ADPP327] foi postumamente concretizada por Bernardo Pinto de Almeida para o Museu de Serralves, tendo sido apresentada em 1992 na exposição «Há um minuto do Mundo que passa – Obras da coleção da Fundação de Serralves», através dos estudos deixados pelo pintor, particularmente um deles [ADD324].
Após ter visitado o Retábulo de Issenheim (c. 1512-1516), famosa obra encomendada a Mathias Grünewald (c. 1470-1528) pelo Mosteiro de Santo Antão (ou Santo António Abade) de Issenheim para a capela do seu hospital – destinado a doentes do fogo sagrado ou fogo de Santo António -, Dacosta terá começado a projetar o complexo instalativo de pintura, numa reflexão sobre estruturas retabulares, desenvolvida a partir da marcante série Tau, que pensava para uma exposição na Galeria 111.
O Retábulo de Issenheim era também uma referência central para a série Tau, com a qual todo este trabalho se relaciona. O «T» da crucificação associava-se ao «T» que os monges cosiam nas suas vestes e que imprimiam nas coxas dos porcos que tratavam, porcos estes que eram uma das suas principais fontes de autossubsistência e riqueza. Por seu lado, o porco era um dos símbolos de Santo Antão e era a forma do seu bastão.
Dias, Fernando Rosa, António Dacosta. A Tentação Mítica. Açores: Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional da Cultura; Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2016