Obras
Desenho, Pintura
Cruz
Tau

Estudo para Tau ou os Porcos do Retábulo de Issenheim

N.º Inv.

ADD324

Data

c. 1990

Materiais e técnicas

Esferográfica, grafite e lápis de cera sobre papel (frente) Esferográfica sobre papel (verso)

Medidas

21 x 26,5 cm

Proveniência

Col. Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto. Doação de Bernando Pinto de Almeida (Inv. FS 0054)

Inscrições

«Painel separado
do muro com abertura para os lençóis»
[frente, canto superior esquerdo]

«lençol
[ilegível]»
[frente, quadrante superior esquerdo]

«T o Tau fica
a 2 m. do
painel dos
lençóis e os
porcos – 6 – [ilegível]
em torno
da cruz»
[frente, margem esquerda]

«porcos em
fibra de vidro
ou terra-cota»
[frente, quadrante inferior esquerdo]

«[ilegível]
ou carvalho
tingido»
[frente, quadrante inferior direito]

«painel dos
lençóis
brancos
separados do [ilegível]
de forma a que
as chamas se
[ilegível]»
[frente, margem direita]

«As bordas à volta
são em cinza»
[verso, canto superior esquerdo]

«fundo da [ilegível]»
[verso, margem superior ao centro]

«”Tau ou os porcos de Issenheim”»
[verso, margem superior ao centro]

«Texto explicativo de
B. Pinto de Almeida
impresso sobre papel cinza
70-50 conforme o
espaço»
[verso, canto superior direito]

«Painel
de
cinzento claro»
[verso, quadrante superior esquerdo]

«cor da cruz
do Grunewald»
[verso, quadrante superior direito]

«painel dos lençóis»
[verso, quadrante superior direito]

«pano de lençol»
[verso, quadrante superior direito]

«branco
com cinza
[ilegível]»
[verso, quadrante superior esquerdo]

«recipiente em
estanho e
um leve fogo»
[verso, quadrante inferior esquerdo]

«Os porcos em
cinza mais
escuro»
[verso, canto inferior esquerdo]

«comissário B. Pinto de
Almeida»
[verso, quadrante inferior direito]

«Zé e Presidente Somer
vê lá se isto te
interessa.
Eu [ilegível]
particulares de querer
ver um Tau de pé!
A.»
[verso, canto inferior direito]

Este estudo, de frente e verso, foi o principal de um conjunto de estudos deixados por António Dacosta, através dos quais Bernardo Pinto de Almeida concretizou a instalação Tau ou Os Porcos do Retábulo de Issenheim [ADPP327]. O projeto em torno do Retábulo de Issenheim que Dacosta não chegou a terminar, foi postumamente apresentado na exposição «Há um minuto do Mundo que passa – Obras da coleção da Fundação de Serralves», em 1992, ano em que Bernardo Pinto de Almeida doa este estudo ao Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves.

Após ter visitado o Retábulo de Issenheim (c. 1512-1516), famosa obra encomendada a Mathias Grünewald (c. 1470-1528) pelo Mosteiro de Santo Antão (ou Santo António Abade) de Issenheim para a capela do seu hospital – destinado a doentes do fogo sagrado ou fogo de Santo António -, Dacosta terá começado a projetar o complexo instalativo de pintura, numa reflexão sobre estruturas retabulares, desenvolvida a partir da marcante série Tau, que pensava para uma exposição na Galeria 111.

O Retábulo de Issenheim era também uma referência central para a série Tau, com a qual todo este trabalho se relaciona. O «T» da crucificação associava-se ao «T» que os monges cosiam nas suas vestes e que imprimiam nas coxas dos porcos que tratavam, porcos estes que eram uma das suas principais fontes de autossubsistência e riqueza. Por seu lado, o porco era um dos símbolos de Santo Antão e era a forma do seu bastão.

Exposições

Coletiva

Há um Minuto no Mundo que Passa. Obras da Coleção da Fundação Serralves

1991 – 1992 / Fundação de Serralves, Porto

Individual

António Dacosta

2006 / Fundação de Serralves, Porto

Individual
Itinerante

António Dacosta 1914 – 2014

2014 – 2015 / Itinerância Portugal

Bibliografia

Passiva / Monografia

Saraiva, Tânia, António Dacosta (Pintores Portugueses). Porto: Quidnovi, 2010, p. 96

Antologia Crítica

«Os porcos que ali [Issenheim] eram criados pelos frades de Santo Antão eram marcados pela cruz – o Tau – para que ninguém os tocasse, que era disso que viviam estes, dedicados a aliviar os males alheios, do corpo e do espírito. Isso impressionou-o deveras e daí veio essa série. O Tau era a cruz, […]

António Dacosta «O Trabalho das Nossas Mãos». Vila Nova de Famalicão: Fundação Cupertino de Miranda, 1999

«Memória de um tempo ancestral – o tempo dos retábulos – em que tudo, animais e gentes conviviam numa comunhão de humildes. Admirava ele ainda a ideia de que os que escutavam as almas fossem também os que cuidavam dos porcos. […] Por outro lado, a simples presença estruturante, construtiva, do Tau, com o seu […]

Almeida, Bernardo Pinto de, António Dacosta ou «A Imperiosa Necessidade de Presente». Lisboa: Editorial Caminho, 2006, p. 69

«Continuando a caracterização geral da série retomamos alguns aspetos importantes que podemos observar numa das maiores obras da série Tau: a figuração tende a desaparecer, ficando uma espécie de marca solitária (o «T» grego do Tau); a cor retrai-se num cromatismo dessaturado e sujo, dominado por negros, castanhos e cores frias; existe uma atração pelo […]

Dias, Fernando Rosa, António Dacosta. A Tentação Mítica. Açores: Secretaria Regional da Educação e Cultura; Direção Regional da Cultura; Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2016