• 1988
  • Alumínio, Espuma, Vidro, Madeira e PVC
  • A definir
  • Inv. 91EE44

Julian Opie

V

Abandonando o enunciado neo-Pop dos seus primeiros objectos pintados, feitos em folhas de aço revestidas a tintas celulósicas de forte colorido – máquinas de escrever, malas de viagem, pilhas de livros, o segmento de recta do ponto A a B –, Julian Opie cita nesta obra a escultura minimalista de Donald Judd ou de Dan Flavin, numa espécie de exaustão imagética provocada pelos excessos anteriores. A partir de 1987, Opie parece interessado em estabelecer uma nova relação com o público, mais imediatista, sustentada no jogo de reconhecimento do estatuto artístico da obra e reflecte igualmente, ainda que de uma forma mais distanciada, quase dissimulada, sobre a relação duchampiana entre escultura e objectos de uso corrente. As suas obras passam a ser construções a partir de materiais industriais, como o alumínio, o aço inoxidável, o PVC, como acontece em V. Apesar da referência óbvia a formas, e funções, reconhecíveis no mundo dos armários-contentores metálicos, refrigerados e asseptizados, do nosso quotidiano, a des-funcionalização do objecto, e o jogo visual proposto entre os materiais utilizados no seu fabrico, impõem a sua presença escultórica enquanto obra de arte.

 

Suspenso na parede, isolado na sua frieza metálica, vazio, desprovido de qualquer elemento de sustentação interior – prateleiras, ganchos, varões, cabides –, que nos elucide sobre a sua orientação vertical, o paralelepípedo V estabelece com o observador um jogo de reconhecimento e estranheza. As faces exteriores acolchoadas num plástico branco brilhante são a cedência Pop de maior vibração táctil. O metal, as portas de vidro transparentes, o reflexo baço da caixa interior rectangular, guardam o vazio.

 

Opie aprimorou a execução destes objectos, retocados numa beleza artificial, e inerte. Encontramos nestes seus trabalhos de aparência linear a possibilidade de remissões sensoriais emotivas ao nosso universo quotidiano, tecnologicamente dependente. Ficamos, deste modo, mais atentos «à luz que jorra de um frigorífico aberto a meio da noite ou à quietude de uma máquina de venda automática na rua».*

 

 

Ana Vasconcelos

Maio de 2010

 

 

* Takahashi Mizuki, «A Report on Julian Opie Or a Nonfiction Regarding Reality», in Julian Opie, Tokyo, Contemporary Art Center, Art Tower Mito, 2008.

TipoValorUnidadesParte
Largura61,5cm
Altura134,5cm
Profundidade37,5cm
TipoAquisição
Data12.04.1991
A Ilha do Tesouro / Treasure Island
CAMJAP/FCG
Curadoria: CAMJAP/FCG
7 de Fevereiro de 1997 a 4 de Maio de 1997
Todo o espaço expositivo do CAM - pisos 0, 1 e 01, e Galeria de Exposições Temporárias.
Comissários da exposição: Jorge Molder e Rui Sanches.
Atualização em 23 janeiro 2015

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