Amadeo de Souza-Cardoso

Título desconhecido
c. 1913 (data atribuída)

Galeria


Informação técnica

Autor(es)
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918)
Título
Título desconhecido
Data
c. 1913 (data atribuída)
Materiais e meios
Tela; Óleo
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
Altura 46,00 cm (tela); Largura 33,00 cm (tela)
N.º de inventário
68P7

Inscrições

Tipo
Assinatura
Descrição
A. De Souza CaRDoso
Posição
Canto inferior direito

Incorporação

Tipo
Aquisição
Proveniência
Lucie de Souza Cardoso
Data
1968

Texto

No canto superior esquerdo insinua-se um disco, mais marcado pela transparência e intersecção com outras formas que a ele se sobrepõem do que pelo esquema de contrastes simultâneos do Primeiro Disco, de Robert Delaunay, de 1913. Ainda assim, observamos uma série de contrastes entre amarelos, rosas, azuis e verdes que se operam entre as várias formas predominantemente elípticas da composição.

Nesta fase, Amadeo de Souza-Cardoso estaria sintonizado com Robert Delaunay, pelo investimento na cor que distancia ambos os artistas do cubismo. Todavia, não se sabe até que ponto o artista português estaria igualmente empenhado nas pesquisas óticas que animavam o trabalho de Delaunay, ou se subscreveria outras vertentes dos discursos sobre a abstração, como aqueles pautados por uma forte carga espiritual ou pela analogia musical, como em Kandinsky. Em geral, Amadeo tende a ser mais enigmático e intuitivo do que um teórico que procura legitimar a sua obra com publicações.

Curiosamente, quando Amadeo intitulou de “Abstraccionismo” a sua primeira exposição individual no Porto, que decorreu de 1 a 12 de novembro de 1916, não apresentou as obras convencionalmente mais abstratas de 1913. Essa ausência, que se deve sobretudo à impossibilidade de deslocar muitas pinturas deixadas em Paris durante a guerra, não impediu o artista de dar este título intrigante à sua mostra. Que quereria ele dizer com “abstracionismo” em 1916? Seria uma provocação, uma forma de baralhar o público quando, na verdade, não correspondia a uma adesão estrita a um movimento artístico? É uma hipótese, tendo em conta que, no mês seguinte, Amadeo viria a recusar qualquer “filiação” num “ismo” e a apagar o título “Abstracionismo” do título da sua exposição individual em Lisboa*. Ou quereria propor a abstração como termo abrangente capaz de englobar todas as expressões da vanguarda? Ou um terreno impuro, onde os referentes, isto é, os objetos podem passar por um processo de abstratização, sem nunca perderem a sua função de representação? Nas entrevistas de 1916, a posição do artista sobre a arte abstrata acabaria por ser eclipsada pela celebração do cubismo e do futurismo, num período em que o relacionamento com o casal Delaunay tinha já arrefecido.

 

Marta Soares

 

* João de Almeida Moreira, “Uma exposição original. Impressionista, cubista, futurista, abstracionista? De tudo um pouco”, in O Dia, 4 de dezembro de 1916. Reimpresso em Maria João Vasconcelos, Marta Soares e Raquel Henriques da Silva (ed.), Amadeo de Souza-Cardoso / Porto Lisboa / 2016 – 1916, Porto: Bluebook; Museu Nacional de Soares dos Reis, 2016, pp. 280-281.

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