Three to go, título de difícil tradução, é uma obra escultórica em ferro pintado que, num primeiro momento, se apresenta como uma composição relativamente aleatória de distintas superfícies geométricas. Um olhar mais demorado descobre, no entanto, um equilíbrio compositivo harmonioso, a que a manifesta verticalidade da obra confere uma qualidade rígida e austera.

 

A cor negra que cobre todo o corpo acentua as características formais intrínsecas da peça. Ao contrário da maior parte dos seus colegas da «New Generation» britânica, Wall não procura explorar o carácter puramente visual da cor, mas antes o seu potencial unificador e homogeneizador. Embora cada elemento que compõe o conjunto tenha uma identidade própria, irredutível, entre eles são estabelecidas relações recíprocas fecundas, que podem sugerir um sentido alegórico. Mas Wall não pretende tal conotação simbólica ou intelectual. À semelhança de Antony Caro (n. 1924), que fora o seu professor, procura chamar a atenção para a superfície escultórica em si, e para a perceção que se tem dela. A ênfase é colocada na natureza puramente visual do objeto, na linha dos princípios promovidos pelo minimalismo norte-americano.

 

Three to go explora, assim, ideias de espaço, estrutura e geometria, partindo de uma relação tendencialmente controversa entre os valores escultóricos monumentais do construtivismo, a clareza geométrica de movimentos como o De Stijl holandês, e os princípios de simplicidade e sobriedade do minimalismo.

 

 

MG

 

Maio de 2010