The Land´s End é uma instalação do britânico John Beard (1943), formada por sete serigrafias com intervenções fotográficas em que o artista explora a relação entre a terra e o mar, apresentando diferentes variações plásticas sobre a massa inerte de um rochedo em contraponto à mobilidade das águas do oceano. O conjunto foi apresentado com esta disposição na exposição Visão Fugitiva – Instalação ‘The Land’s End’ e outros novos trabalhos no CAM, em 2005/2006 e estivera patente numa outra disposição, de ordem vertical, na Tate St Ives (Reino Unido, 1998), na sequência de uma residência artística de dez semanas nesta instituição.

 

O título The Land’s End faz referência a um cabo e uma pequena aldeia com o mesmo nome perto de St Ives, no extremo sudoeste da Cornualha, que Beard visitou durante a sua residência. Tal como sucede em outras obras do artista, esta decorreu de processos criativos desenvolvidos em residências artísticas e períodos de trabalho em diferentes pontos geográficos, mas com características comuns: a sua posição em extremos ocidentais de massas continentais.

 

John Beard viveu também na zona mais ocidental da Austrália, em Perth, e passou por Portugal, tendo em 1992-93 residido no ponto mais ocidental da Europa continental, na costa de Sintra. Dessa experiência, que decorreu nomeadamente na Praia da Adraga, perto de Almoçageme e Colares, e perto do Cabo da Roca, resultou uma série de trabalhos tendo por motivo central o Rochedo da Praia da Adraga. Em 1995 esta foi apresentada em diversas exposições, nas galerias Luís Serpa (Adraga I) e Gomes Alves, em Guimarães (Adraga II), e no 15º Festival de Música dos Capuchos (Adraga III). Em 1998, a mostra do artista na Tate St Ives teve uma primeira parte que recebeu o nome The Land’s End reunindo a instalação e outros trabalhos da mesma série, e uma segunda parte – After Adraga – com as peças decorrentes da sua experiência em Portugal, que receberam especial atenção. A busca do ocidente que preside ao seu trabalho não funciona apenas enquanto evocação geográfica. Ela contém um desafio da finitude (o além do extremo que é a terra, pois só esta tem fim) que é também uma sugestão da continuidade e da materialização da carga simbólica indissociável da ideia de Ocidente – e dos seus limites.

 

 

 

Sandra Vieira Jürgens

Outubro 2014