• 1964
  • Tela
  • Tinta acrílica
  • Inv. PE242

Antony Donaldson

Summershot

Depoimento de Antony Donaldson:

 

Em 1964 emprestaram-nos uma casa em Sainte-Maxime para passar o fim do verão. Deixámos atrás o cinzento habitual de Londres e as suas ruas então pouco animadas, com os Swinging Sixties ainda mal a começar. Descemos de carro a costa oeste de França até Royan, para ver os locais onde Peter Brook rodou Moderato Cantabile (1960). (Assim era a nossa juventude – dois anos depois atravessámos os Estados Unidos de América guiados por títulos de canções, Charleston, Chattanooga, Memphis, Santa Fe, etc.) Era precisamente depois da aparição da Nouvelle Vague no cinema francês, que teve um efeito muito forte sobre nós. Chegar ao sul de França com os nossos miúdos em pleno calor do verão foi pois um choque incrível. A maior parte do tempo conduzíamos à volta da baía até Saint Tropez, que na altura não tinha nada a ver com Londres: restaurantes ao ar livre, grandes iates no porto, jazz em todo lado e raparigas quase nuas a tomar banhos de sol.

 

Summershot [Fotografia de Verão] foi a primeira pintura em que comecei a trabalhar depois de voltar. Era uma celebração da diferença. Muitas bandas horizontais para a areia, o mar e o céu, com uma rapariga nua a posar, unidas por uma estrutura emblemática, a lembrar postais e cartazes de férias. Nesta altura procurava tornar as minhas pinturas mais abstratas, alheias às probabilidade visuais. Só os lábios são um acento de realismo. Antes de deixarmos Londres acabara uma série de pinturas a preto e branco, inspiradas em parte pelas primeiras filmes do New Wave, como Les quatre cents coups [Os Quatrocentos Golpes, de 1959, realizado por François Truffaut], Hiroshima, Mon Amour [Hiroshima Meu Amor, de 1959, realizado por Alain Resnais], À bout de souffle [O Acossado, de 1960, realizado por Jean-Luc Godard], Jules et Jim [Jules e Jim, de 1962, realizado por Truffaut] e L’Année dernière à Marienbad [O Último Ano em Marienbad, de 1962, realizado por Resnais]. Sempre me interessaram o cinema e a persistência da visão. Nesta altura, a maioria dos filmes de Hollywood eram narrativas rodadas em tecnicolor. E de repente havia um cinema sobre a vida que podias relacionar com a tua, um cinema real em vez de irreal, com referências literárias e intelectuais.

 

A última pintura que acabara antes de partir de França chamava-se Bring it to Jerome [Trá-lo ao Jerome] (1964). Agora vejo que Summershot é a mesma pintura virada de avesso. As diferenças entre ambas podem-se resumir àquilo que vivemos em França. Encontrar-me alí numa esplanada, na praia e ao ar livre, constantemente saturado pelas cores vibrantes, levou-me a voltar à cor depois do preto e branco, a passar da roupa interior para o nu na imagem da rapariga, e do vazio para a ilusão de espaço na forma heráldica.

 

 

De cadernos escritos durante a década de 1960, reproduzido em ALZURI, Miriam (coord.), British Pop. Catálogo de exposição. Bilbao: Museo de Bellas Artes de Bilbao, 2005, p. 413.

TipoValorUnidadesParte
Altura172cmtela
Profundidade3,5cmcom moldura
Largura172cmtela
Altura174,5cmcom moldura
Largura174,5cmcom moldura
TipoAquisição
DataSetembro de 1970
A Ilha do Tesouro / Treasure Island
CAMJAP/FCG
Curadoria: CAMJAP/FCG
7 de Fevereiro de 1997 a 4 de Maio de 1997
Todo o espaço expositivo do CAM - pisos 0, 1 e 01, e Galeria de Exposições Temporárias.
Comissários da exposição: Jorge Molder e Rui Sanches.
Metamorphosis - British Art of the Sixties: works from the collections of the British Council and the Calouste Gulbenkian Foundation
Basil & Elise Goulandris Foundation - Museum of Contemporary Art
Curadoria: Fleurette P. Karadontis
26 de Junho de 2005 a 25 de Setembro de 2005
Basil & Elise Goulandris Foundation - Museum of Contemporary Art
Comissários da exposição: Richard Riley, British Council, London, e Ana Vasconcelos e Melo, CAMJAP-FCG, Lisboa.
British Pop
Museo de Bellas Artes de Bilbao
Curadoria: Marco Livingstone
17 de Outubro de 2005 a 12 de Fevereiro de 2006
Museo de Bellas Artes de Bilbao
Exposição comissariada por Marco Livingstone.
100 Obras de Arte Britânica Contemporânea
Fundação Calouste Gulbenkian
Curadoria: Fundação Calouste Gulbenkian

Galeria de exposições temporárias, FCG
Exposição realizada em Janeiro 1971, na Galeria de exposições temporárias, FCG.
The Gulbenkian Foundation and British Art
Tate Britain
Curadoria: Tate Britain
1 e 10 de Março de 2006 a Fevereiro de 2007
Londres, Tate Britain
A exposição fez parte das comemorações dos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian que começaram oficialmente a 18 de Julho de 2006.
Atualização em 23 janeiro 2015

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