- 1986
- Platex
- Tinta acrílica
- Inv. 86P779
Pedro Calapez
S/Título
Escala de cor
Começo por seleccionar todas as cores que os fabricantes de tintas proporcionam. Disponho os respectivos potes de tinta na mesa de trabalho agrupando-os segundo uma possível paleta de cores: estabeleço uma escala entre as cores que primeiro penso utilizar e as suas opostas, não no sentido óptico ou de círculo cromático, mas por associações subjectivas, intuitivas. Por vezes restrinjo de início o número de cores a utilizar. Já tem acontecido escolher apenas duas cores, pintar apenas com branco e preto. Os tons intermédios surgem no fazer duma intensidade antes de pintar ou resultam da mistura física na superfície do quadro onde os “degradés” proliferam pelo arrastar da tinta. Dimensões, forma, distância, actuam na escolha das cores. O processo de pintar flui irregularmente entrecortado por momentos de contemplação, em que, como espectador, experimento os múltiplos cromatismos presentes. O processo repete-se sendo o momento de terminar determinado no relance do olhar que certifica.
É dum concreto problema que me ocupo: fazer funcionar cores, formas, volumes. Que dimensão poderá ainda ganhar, ao olhar de quem olha, um conjunto de cores, delimitadas pelas particulares superfícies que as comportam? Será que ainda é possível reivindicar importância ao olhar? O olhar como parte dum sentir? As cores e as formas não o são apenas. Algo emana da sua física presença. Como aparecem e se estruturam é determinado no fazer, parte determinante no processo da pintura.
Pairam as cores diante de mim, deslocando-se como nuvens num céu rápido de ventos. Arrastam-se umas nas outras, ora fundindo-se ora arranhando-se. Contrastam entre si, promovem jogos inesperados. Falamos de Arnheim, Itten, Kandinsky, Chevreul, Goethe para convocar uma mão cheia de explicações. Mas fica sempre algo por dizer. O espaço das cores é variável e ambíguo, não é explicativo ou afirmativo. Tanto permite falar de politica como de amor, como de nada. Falar de nada é ainda uma possibilidade, a última possibilidade para ainda comunicar. O lugar da comunicação, da contemplação, desloca-se. As imagens continuam a existir para além do que podem ilustrar. Estabelecem um mundo com vitalidade própria onde a discussão da realidade é um assunto menor. Revelar a cor, relembrar a sua existência, só é possível na física empatia da sua intrínseca natureza.
Pedro Calapez
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 200 | cm | |
Largura | 160 | cm |
Tipo | assinatura |
Texto | Pedro Calapez |
Posição | verso, canto superior esquerdo |
Tipo | data |
Texto | 1986 |
Posição | verso, canto superior esquerdo |
Tipo | Aquisição |
Data | 1986 |
50 Anos de Arte Portuguesa |
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2007 |
ISBN:978-972-678-043-4 |
Catálogo de exposição |
III Exposição de Artes Plásticas |
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian - Centro de Arte Moderna, 1986 |
Catálogo de exposição |
Arte Contemporáneo Portugués |
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna, 1987 |
Catálogo de exposição |
III Exposição de Artes Plásticas |
CAM/FCG |
Curadoria: CAM/FCG |
20 de Julho de 1986 a 31 de Agosto de 1986 Galeria de Exposições Temporárias da sede Piso 0 e Hall dos Congressos |
Exposição de comemoração do 30.º aniversário da FCG |
Arte Contemporáneo Portugués |
Fundação Calouste Gulbenkian |
Curadoria: CAM/FCG |
Fevereiro de 1987 a Março de 1987 Madrid, Museo Espanõl de Arte Contemporáneo |
Exposição organizada pelo CAM e pelos ministérios dos "Asuntos Exteriores" e da Cultura de Espanha. A exposição apresentou obras da Colecção do Centro de Arte Moderna e de colecções particulares. |
50 Anos de Arte Portuguesa |
Fundação Calouste Gulbenkian |
Curadoria: Fundação Calouste Gulbenkian |
6 de Junho de 2007 a 9 de Setembro de 2007 Sede da FCG, Piso 0 e 01 |
Exposição programada pelo Serviço de Belas-Artes e pelo Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian. Comissariado: Raquel Henriques da Silva, Ana Ruivo e Ana Filipa Candeias |