Em Dezembro de 1917 e Janeiro de 1918, Almada assiste às representações lisboetas dos Ballets Russes. Profundamente marcado por estes espetáculos, anima e projeta uma série de bailados, desempenhando ele próprio o papel de coreógrafo, dançarino, e autor de cenários e figurinos. Datado de 1918, este figurino para 2.º Assassino (conforme a inscrição), destinar-se-ia provavelmente ao bailado A Lenda d’Ignez, espetáculo nunca realizado, anunciado no manifesto Os Bailados Russos em Lisboa, publicado em Novembro de 1917 no único número de Portugal Futurista e assinado por Almada, José Pacheco e o compositor Ruy Coelho. A Lenda d’Ignez, de acordo com este texto, teria «interessado Diaghilev [fundador e empresário dos Ballets Russes] na sua ideia já antiga de um bailado sobre Inês de Castro.» Almada teria já desenhado «cenários e figurinos, que o grande empresário parece ter levado consigo, com promessas de breve concretização.»*

* Veja-se Vítor Pavão dos Santos, O Escaparate de todas as artes ou Gil Vicente visto por Almada Negreiros, Lisboa: Museu Nacional do Teatro, 1993, p. 20. Sobre o bailado A Lenda d’Ignez, com música de Ruy Coelho, veja-se Almada Negreiros e o espectáculo, catálogo de exposição, Lisboa: FCG/CAM, 1984.

SAF

 Maio de 2010