• 1923
  • Tela
  • Óleo
  • Inv. 82P607

Lino António

s/título

Estabelecendo-se definitivamente em Lisboa na década de vinte, Lino António apreendeu uma vivência citadina em transformação representando em alguns trabalhos hábitos comportamentais que mudavam. Os cafés, os clubes noturnos, os cinemas, os diferentes costumes urbanos que percecionava, davam também outro protagonismo e abriam novos espaços a algumas mulheres. Nesta pintura vemos duas figuras femininas com o audacioso corte de cabelo à la garçonne e um modo de trajar que os anos vinte puseram em voga, permitindo uma maior liberdade e exposição do corpo. Sentadas a uma mesa num cenário que insinua um certo conforto e tropicalismo que as palmeiras sugerem, os seus rostos contrastam com a atmosfera que parece querer induzir-se não manifestando propriamente uma alegria de viver, lembram antes dois manequins num momento de troca de confidências. Duas mulheres que pela pouca caracterização individual podiam ser uma só, reflectindo, reflectindo-se…

 

A vegetação triunfa no canto inferior esquerdo revestindo a mulher como natureza-viva bem próxima da natureza-morta que se encontra sobre a mesa sublinhando o efémero, numa recorrente citação modernista. Uma pochette que com ela contrasta é adereço elegante que completa a composição e o sentido. O primado da superfície e o jogo de linhas essenciais ganha ênfase nesta pintura que pouco vinca os volumes e se compraz na bidimensionalidade que lhe é própria e que reina soberana. Os contrastes entre cores frias e quentes são caldeados por riquíssimos matizes de cor e nessa contaminação prevalecem os laranjas que incendeiam, embora serenamente, grande parte da superfície. Sintetismo formal, equilíbrio de composição, pouco ornamento, numa sofisticação abreviada.

 

 

Sandra Leandro

Março de 2013

 

TipoValorUnidadesParte
Altura110cm
Largura100cm
Tipo assinatura e data
TextoLino António / 1923
Posiçãoc.i.d.
TipoAquisição
DataJaneiro de 1982
Equilíbrio e indisciplina: pintura portuguesa dos anos 1930-40, 47 obras da colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
Lisboa, Portugal, Diário de Notícias, Junho/Julho 2006
ISBN:972-9335-93-1
Catálogo de exposição
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian/ Heimo Zobernig and the Collection of the Calouste Gulbenkian Foundation Modern Art Centre; Heimo Zobernig and the Tate Colllection/ Heimo Zobernig e a Colecção da Tate
Lisboa/ St. Ives, 2009
ISBN:978-1-85437-826-2
Catálogo de exposição
Equilíbrio e Indisciplina, Pintura Portuguesa dos Anos 1930-40
Galeria Diário de Notícias
Curadoria: João Pinharanda
23 de Maio de 2006 a 13 de Julho de 2006
Galeria Diário de Notícias
O objectivo da exposição foi mostrar uma zona da produção artística portuguesa que geralmente não é exposta ou o foi há muitos anos, bem como mostrar que não havia homogeneidade na criação plástica desse período.
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
CAM/FCG
Curadoria: Jürgen Bock
11 de Fevereiro de 2009 a 31 de Agosto
Centro de Arte Moderna
Exposição realizada em parceria com a Tate St. Ives. Inclui obras da colecção da Tate de St. Ives, do Centro de Arte Moderna e do artista Heimo Zobernig. De 24 de Maio a 31 de Agosto de 2009 estiveram expostas apenas as obras do CAM escolhidas pelo artista.
Atualização em 23 janeiro 2015

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