Almada Negreiros publica em Maio de 1963 um conjunto de 10 gravuras em livro com o título 10 Primeiras Gravuras Riscadas em Vidros Acrílicos, numa tiragem de 500 exemplares. A publicação visava acompanhar a exposição na cooperativa Gravura, em Junho de 1963, em que se mostrava a série de 10 gravuras reproduzidas nesse livro. Esta gravura em concreto, que mostra um nu dançante numa posição inverosímil, surge em sexto lugar nessa publicação.

 

O método de execução consiste em riscar o desenho no acrílico e depois a cor é aplicada na chapa, ficando o desenho marcado pela ausência de tinta nas frinchas desenhadas, como é habitual nas várias técnicas de gravura. A superfície lisa do acrílico faz com que a cor surja uniforme, sem atrito a não ser o determinado pelo risco do desenho.

 

O desenho no acrílico permite também um traço quase contínuo, sem grande hesitação, que a gravura em outros suportes, como a madeira por exemplo, não tolera. Podemos assim facilmente adivinhar o percurso do buril de Almada, os pontos em que se ergueu para quebrar o traço e o esforço de simplificação do desenho para o apresentar em síntese de dança, em contraste com outras gravuras da mesma publicação, que apresentam um riscado muito mais pormenorizado (por exemplo, a que mostra uma versão, em negativo, do seu retrato de Fernando Pessoa, na página quatro da mesma publicação). Veja-se também no inventário da coleção do CAM outras gravuras desta série, com as referências: GP157, GP15, GP1005, GP1006, GP1007, GP1008, GP1009, GP1377, GP1961.

 

Mariana Pinto dos Santos

 

Novembro de 2013