• 1940
  • Tela
  • Óleo
  • Inv. 83P122

António Dacosta

Serenata Açoreana

Serenata Açoreana esteve patente na primeira exposição surrealista em Portugal, inaugurada a 11 de Novembro de 1940, na Casa Repe (casa de móveis e decoração no Chiado, em Lisboa), no ano do grande evento estado-novista – a Exposição do Mundo Português. A primeira mostra do surrealismo português surgia, assim, como oposição ao revivalismo histórico imposto pela grande iniciativa salazarista, através da apresentação de dezasseis telas de António Pedro, seis esculturas de Pamela Boden (escultora inglesa refugiada em Portugal), e dez pinturas do jovem António Dacosta, que tinha então 26 anos e o curso de Pintura na Escola de Belas- Artes de Lisboa. As obras expostas procuravam reflectir a violência, o “exílio” português, o fechamento do país à realidade da II Guerra Mundial e o impacto da Guerra Civil espanhola.

Uma fotografia da Serenata Açoreana, tal como foi exposta em 1940, permite verificar que a obra que conhecemos hoje sofreu diversas alterações realizadas pelo pintor*. Em geral, a pintura escureceu, está mais densa; os rostos são menos expressivos e as nuvens estão mais carregadas.

Este quadro é marcado por uma iconografia cristã. A serenidade evidenciada na figura feminina do fundo, a chegar à costa numa canoa, opõe-se ao desespero da figura nua contorcida no chão em primeiro plano. Esta apresenta uma certa androginia, reflectindo a culpa de Adão e Eva, evidenciada na maçã avermelhada (cor de fogo, como o corpo), consciente de uma perda de inocência e agrilhoada à condição humana, expressa na corrente presa ao pescoço. Em relação a Serenata Açoreana, Dacosta referiu-se a um desejo de evasão, que pode ser entendido na representação da figura na canoa. Evasão da II Guerra Mundial que começara e evasão de uma condição (humana) acorrentada em si mesma. A figura masculina no lado direito, também nua, e ainda imbuída de uma cândida inocência, oferece um pássaro morto, numa serenata em que o sofrimento e a morte estão espelhados no rosto da figura caída no chão.

 

Patrícia Rosas
Janeiro de 2010

 

* Ver Rui Mário Gonçalves, António Dacosta, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1984, pp. 33-35.

TipoValorUnidadesParte
Altura81cm
Largura65,7cm
Tipo assinatura
TextoA. Dacosta
Posiçãoc.i.e.
TipoAquisição
DataJulho de 1983
Arte Portuguesa 1992
Colónia, Alemanhã, Vista Point Verlag, 1992
ISBN:3 88973 602 5
Catálogo de exposição
Arte Contemporáneo Portugués
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna, 1987
Catálogo de exposição
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian/ Heimo Zobernig and the Collection of the Calouste Gulbenkian Foundation Modern Art Centre; Heimo Zobernig and the Tate Colllection/ Heimo Zobernig e a Colecção da Tate
Lisboa/ St. Ives, 2009
ISBN:978-1-85437-826-2
Catálogo de exposição
Inauguração do CAM
CAM/FCG
 
20 de Julho de 1983
Lisboa, Centro de Arte Moderna/ FCG
 
Arte Contemporáneo Portugués
Fundação Calouste Gulbenkian
Curadoria: CAM/FCG
Fevereiro a Março 1987
Madrid, Museo Espanõl de Arte Contemporáneo
 
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
CAM/FCG
Curadoria: Jürgen Bock
11 de Fevereiro a 31 de Agosto de 2009
Centro de Arte Moderna
 
Exposição Permanente do CAM
CAM/FCG
Curadoria: Jorge Molder
18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009
Centro de Arte Moderna
 
Surrealismo em Portugal 1934-1952
Gabinete das Relações Culturais Internacionais
 
9 de Janeiro a 3 de Fevereiro de 2002
Circulo de Bellas Artes, Madrid
 
Surrealismo em Portugal 1934-1952
Museu do Chiado
 
Outubro a Dezembro de 2001
Fundação Cupertino de Miranda

2001

MEIAC, Badajoz

 
Atualização em 01 maio 2023

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