Esta obra data provavelmente da estada do pintor em Paris (1906-1911). No início do século XX, tanto as margens do Sena como os da Marne, facilmente acessíveis, a pé, de bicicleta ou de comboio, continuavam a oferecer vistas apetecíveis para quem quisesse pintar a natureza.

A poesia desta obra concentra-se toda no tratamento do motivo central, do qual se desprende um estranho gosto oriental, que nos conduz às aulas de Jean Paul Laurens na Académie Julian, frequentadas por Emmerico e por numerosos estudantes japoneses. São por demais evidentes as afinidades existentes entre a obra gráfica que Emmerico desenvolve para a imprensa alemã e os coloridos ou mesmo a composição das estampas japonesas do século XIX que se coleccionavam na capital francesa. Nesta tela, o toque oriental vem-nos de uma série de pequenos elementos que, conjugados, sugerem outras tonalidades ambientais: o amarelo dos chapéus cónicos de base larga, a postura de costas que marca o alheamento do espectador, a linha curva da embarcação, o tratamento simultaneamente fluido e gráfico do lado de cá do plano de água.

ILC