Ao longo da sua carreira artística, Wallinger recorre a diversos meios: pintura, escultura, fotografia, vídeo, performance, instalação, mantendo ainda assim uma coerência intrínseca, que se sustenta num posicionamento crítico explícito. A sua abordagem assume, de forma recorrente, uma estratégia humorística, distintamente astuta, através da qual escolhe confrontar várias temáticas, entre elas o sistema de valores da nacionalidade britânica, mas também outras questões mais vastas do campo político, filosófico ou religioso.

 

Na série School [Escola], desenhada em giz sobre ardósia, Mark Wallinger explora uma problemática que se prende com a construção da identidade pelo social, questão que surge já aflorada em obras anteriores, nomeadamente em The Bottom Line [O Fim das Contas] (1986) e Natural Selection [Seleção Natural] (1988). Interpelando este espaço institucional específico que é a escola, as sete obras que compõem a série School descrevem sete espaços que a compõem: Classroom [Sala de Aula], Woodwork Room [Sala de Marcenaria], Changing Room [Balneário], Assembly Hall [Auditório], Jungle Gym [Parque Infantil], Gymnasium [Ginásio] e Playground [Campo de Jogos].

 

Com exceção de Playground, em todas as obras o desenho é sustentado pela organização perspética, sendo o ponto de fuga marcado por um foco de luz elétrica. Podemos encontrar neste recurso à perspetiva um indício expressivo de um questionamento sobre o papel institucional da Escola. Considerando-se a perspetiva uma convenção em que a perceção individual é conformada a um sistema espacial prescrito, esta poderá constituir uma boa metáfora das relações que se jogam na escola entre o individual e o institucional.

 

Os desenhos foram criados a partir de fotografias de uma instituição específica, frequentada em tempos por Wallinger. Reportando-se a uma memória particular do artista, os trabalhos não deixam todavia de evocar reflexões mais vastas sobre o coletivo, nomeadamente sobre os desdobramentos do poder, da ideologia e do controlo social. As estratégias subversivas que são exploradas pelo artista evitam claramente o literal, o óbvio e a pura militância, extrapolando a unidimensionalidade para gerar diálogos de referências.

 

 

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Maio de 2010