- 1981
- Bronze
- A definir
- Inv. EE7
Reuben Nakian
Satiricon I
Esta escultura monumental em bronze é constituída por dois corpos sobre um plinto baixo. O da esquerda é composto por três elementos lisos e alongados sobre duas massas irregulares; o outro compõe-se por uma placa alisada com incisões sobre um corpo rochoso, como que erodido. A placa é um relevo: pode distinguir-se a imagem da cabeça de um bode; na figura da esquerda pode ser intuído o corpo de uma mulher, reduzida a algumas linhas essenciais que, não obstante, transmitem toda uma carga de sensualidade. É assim pressentida uma narrativa, a que também a frontalidade da obra, contra o fundo vegetal do jardim da FCG, concorre. Mas as duas figuras não são, propriamente, personagens, nem se trata de uma encenação. Elas vêm, antes, associadas a forças—da natureza, da paixão, do corpo. Delas emana um excesso, uma vitalidade que as transborda, e que está presente na própria fatura da obra, na textura do barro transposta para o bronze, na montagem quase fortuita de elementos.
O título, Satyricon I, remete para a conhecida “novela” romana, Satíricon, que nos chegou em fragmentos. Trata-se de uma narrativa satírica da sociedade romana da segunda metade do século I depois de Cristo, que segue as aventuras, e desventuras, de Encólpio e do seu jovem amante Gitão. Não parece, no entanto, haver uma relação narrativa direta com a obra literária. A obra remete antes para um tema muito frequente ao longo do percurso artístico de Reuben Nakian: a ninfa, o o sátiro ou fauno e o seu jogo amoroso brutal e descomplexado. É nisto que, porventura, se aproxima do imaginário abertamente erótico de Satíricon. O sátiro, híbrido de homem e bode, amante do vinho e do amor que se caracteriza pelo membro sempre ereto, integra a corte de homens-animais (deuses disfarçados, seres míticos) que, na revisitação do universo clássico que Nakian enceta a partir de finais dos anos 30, aparecem com frequência. O relevo da cabeça do bode segue um procedimento que experimenta primeiro nesta altura—a incisão sobre barro, a cujo resultado Nakian chamava stone drawings, desenhos à pedra, ou também Fragonards, em referência a Jean-Honoré Fragonard (1732–1806), pintor conhecido pelas suas cenas de intimidade, sensualidade e hedonismo.
Esta obra foi adquirida na ocasião da exposição retrospetiva de 1988 no CAM. Também a a maqueta faz parte da coleção do CAM.
GV
Março de 2013
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Largura | 232 | cm | |
Profundidade | 110 | cm | |
Altura | 213,4 | cm |
Tipo | assinatura |
Posição | Verso das figuras |
Tipo | A definir |
Data | 1983 |