- 1919
- Papel
- Guache
- Inv. DP879
António Soares
Retrato de José de Almada Negreiros
José de Almada Negreiros (1893-1970) é figura fundamental para o entendimento do panorama artístico português do século XX, em particular do Modernismo. Órfão de mãe, esquecido pelo pai, educado num colégio jesuíta, escritor, pintor, bailarino, Poeta D’Orpheu Futurista e Tudo, expõe pela primeira vez no I Salão dos Humoristas em 1912. No ano seguinte organiza a sua primeira exposição individual na Escola Internacional, onde conhece Fernando Pessoa. Desta amizade resulta a colaboração na revista Orpheu, em 1915, editada por António Ferro e fundada também por Mário de Sá-Carneiro.
Em 1916 redige um texto chamando a atenção para exposição individual de Amadeo de Souza-Cardoso na Liga Naval de Lisboa, onde começa por afirmar que «em Portugal existe uma única opinião sobre Arte e abrange uma tão colossal maioria que receio que ela impere por esmagamento. Essa opinião é a do Ex.mo Sr. Dr. José de Figueiredo (gago do governo).» Em 1917 participa na revista Portugal Futurista e na conferência subsequente onde apresenta o seu Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX. Um ano depois das mortes de Sá-Carneiro e Amadeo, em 1918, parte para Paris.
Ora, este retrato de Almada, pintado a guache por António Soares, é de 19 de Janeiro de 1919, pouco antes da partida para a capital francesa onde Negreiros, saudoso da pátria, escreverá Histoire du Portugal par coeur, «História de Portugal de cor» ou «como o coração a lembra». Aqui, Soares traça o rosto do artista numa pincelada rápida e expressiva, que parece tentar replicar os pressupostos dinâmicos do futurismo numa composição de tons escuros. Todavia, o resultado parece aproximar-se mais da escultura de Umberto Boccioni, Forme uniche della continuità nello spazio [Formas Únicas de Continuidade no Espaço], de 1913, do que propriamente da pintura futurista, cujos referentes se podem encontrar em Giacomo Balla, Velocità astratta + rumore [Velocidade Abstracta + Som], de 1913-14, ou em Nu descendant un escalier n° 2 [Nu Descendo as Escadas – Nº2] de Marcel Duchamp, de 1912.
ASR
Maio de 2010
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Largura | 22,3 | cm | |
Altura | 32,5 | cm |
Tipo | assinatura |
Texto | Ant. Soares |
Posição | Canto inferior direito |
Tipo | data |
Texto | Lisboa, 19 de janeiro de 1919 |
Posição | No verso |
Tipo | assinatura |
Texto | António Soares |
Posição | No verso |
Tipo | Aquisição |
Data | Março de 1980 |
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian/ Heimo Zobernig and the Collection of the Calouste Gulbenkian Foundation Modern Art Centre; Heimo Zobernig and the Tate Colllection/ Heimo Zobernig e a Colecção da Tate |
Lisboa/ St. Ives, 2009 |
ISBN:978-1-85437-826-2 |
Catálogo de exposição |
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian |
CAM/FCG |
Curadoria: Jürgen Bock |
11 de Fevereiro de 2009 a 31 de Agosto Centro de Arte Moderna |
Exposição realizada em parceria com a Tate St. Ives. Inclui obras da colecção da Tate de St. Ives, do Centro de Arte Moderna e do artista Heimo Zobernig. De 24 de Maio a 31 de Agosto de 2009 estiveram expostas apenas as obras do CAM escolhidas pelo artista. |
Exposição Permanente do CAM |
CAM/FCG |
Curadoria: Jorge Molder |
18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009 Centro de Arte Moderna |
Exposição Permanente entre 18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009. |