- 1985
- Pasta de papel policromada
- Inv. 95E348
José de Guimarães
Rei D. Sebastião
Louco, sim, louco, porque quiz grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
D. Sebastião Rei de Portugal, Mensagem, Fernando Pessoa, 1934
Montado num cavalo que mais parece de brincar, o Rei D. Sebastião é apresentado com um chapéu exageradamente grande e um rosto-máscara queimado pelo sol africano, segurando uma espada que é uma serpente, cujo corpo se enrola para formar o seu torso. Um jovem rei que, tal como José de Guimarães, se lançou na aventura de África.
Conhecido pela profunda influência da cultura e arte africanas na sua obra, o artista José de Guimarães não ignorou a História de Portugal, os seus protagonistas e narradores. Aliás, a sua homenagem ao Rei D. Sebastião (1554-1578) não deixa de ser mais um pretexto para trabalhar em escultura as formas e símbolos daquela cultura e, simultaneamente, aludir às ligações entre Portugal e África, existentes há mais de 600 anos.
A fragmentação e simplificação que caracterizam a obra de José de Guimarães conduzem, nos anos 80, ao questionamento dos próprios limites da pintura. Desta indagação surgem objectos entre a pintura e a escultura, feitos com materiais pouco convencionais – como o papel fabricado pelo próprio artista – que se expandem espacialmente e são pintados de ambos os lados, sendo todavia bidimensionais. Tais seres são, como de costume, pintados com cores fortes e contrastantes que contribuem para os jogos visuais e simbólicos criados.
Os elementos que compõem a figura são também os fragmentos de um mito que muitas vezes se tem apoderado dos verdadeiros acontecimentos, inspirando poetas como Fernando Pessoa.
Inês Jorge
Agosto de 2011
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 276 | cm |
Tipo | Aquisição |
Data | Janeiro de 1995 |
José de Guimarães |
Câmara Municipal de Lisboa |
26 de Julho a 4 de Novembro de 2001 Cordoaria Nacional, Lisboa |