- 1931
- Tela
- Óleo
- Inv. PE66
Ervand Kotchar
Personnage dans l’espace
A pintura Personnage dans l’espace [Personagem no espaço], do artista arménio Ervand Kotchar, insere-se nas suas pesquisas sobre a imagem e o espaço que orientam a sua obra dos anos 20 e 30, quando vivia em Paris e ganhou alguma visibilidade nos círculos das vanguardas artísticas. Estas pesquisas também se desdobraram em esculturas e nas suas Peintures dans l’espace [Pinturas no espaço], estranhos híbridos entre escultura e pintura que terão sido a sua contribuição mais original para a arte deste período. (Para imagens da sua obra consulta-se o site do Museu Kochar, em Erevan, Arménia.)
A cabeça de um homem de barba—possível referência ao Pantocrator da arte bizantina, que estudara em Constantinopla e Veneza, e que aparece também em Peinture dans l’espace de 1934, na coleção do Centre Georges Pompidou em Paris—irrompe de uma moldura, que enquadra assim uma imagem dentro da imagem. A parte inferior da composição assim delimitada revela-se como uma caótica justaposição de elementos de aparência orgânica—tecidos, intestinos, órgãos, nervos. É como se fosse um corpo virado do avesso, ou como se o quadro delimitasse uma janela para o interior do corpo, revelando, não a alma ou a identidade, mas o caos de um interior biológico que nos é estranho e nos repele. Trata-se, pois, não só de uma personagem no espaço mas também do espaço dentro da personagem, trazido para a frente da imagem, no mesmo plano da cabeça.
A deslocação do interior profundo para a pela da personagem—para à boca da cena—aproxima este quadro, pelo valor de choque que assim se evidencia, ao imaginário e às táticas surrealistas. Mas se há óbvias afinidades estilísticas com a obra de alguns dos seus exponentes (Dalí, Max Ernst), a preocupação maior de Kotchar não se enquadra na exploração transgressora do subconsciente, defendido pelo grupo de Breton. Antes, trata-se da vontade de trazer a imagem, enquanto objeto, para os seus próprios limites, para o espaço, numa linha que se pode definir em continuidade com as pesquisas cubistas, futuristas e abstratas (ver a biografia para um aprofundamento deste tema). Isto torna-se mais evidente quando aproximado ao trabalho em escultura (por exemplo a obra Mélancolie, na coleção do CAM) ou às “pinturas no espaço”.
GV
Maio de 2013
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Espessura | 2,5 | cm | |
Altura | 92,7 | cm | |
Largura | 74,7 | cm | |
Altura | 88,7 | cm | |
Largura | 70,7 | cm |
Tipo | data |
Texto | 31 |
Posição | no c.i.d. |
Tipo | assinatura |
Texto | Kotchar |
Posição | no c.i.d. |
Tipo | A definir |
Data | a definir |
Inauguração do CAM |
CAM/FCG |
Curadoria: A definir |
20 de Julho de 1983 Lisboa, Centro de Arte Moderna/ FCG |
20 de Julho 1983. |