Na série Não tem que me contar seja o que for é proposto o trânsito entre duas tipologias de imagens que à partida se distinguem completamente – “Nada mais longe do cinema do que a fotografia”, diz-nos João Bénard da Costa. A presente série abraça esta mesma problemática, propondo um diálogo com vários filmes e realizadores, como Lynch, Hitchcock ou Resnais. Esta obra, em particular, toma como referência o filme The Harder They Fall, de Mark Robson.

A proveniência cinematográfica destas fotografias, não serve de fio condutor explicativo da série. O título – Não tem que me contar seja o que for, denuncia, à partida, a explícita recusa de qualquer sentido narrativo – uma premissa que o artista tem procurado explorar em outros trabalhos, referindo a dada altura: “Essa impossibilidade e limite do sentido narrativo é uma coisa que me interessa.” A deambulação pela memória do cinema não vive de um intuito celebrativo ou nostálgico, de facto algumas imagens partem de filmes apreciados pelo artista, mas nem todos. Na verdade, o cinema não é o tema da série, mas antes o pretexto para outras reflexões, como afirma Jorge Molder: “Tal como em Circunstâncias Atenuantes o trabalho ocupa-se das afinidades e das coincidências, não pretendendo estabelecer qualquer nexo valorativo ou mostrar qualquer escolha feita a partir de uma memória muito reflectida.” (www.jorgemolder.com)

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Agosto de 2011