- 1950
- Tela
- Óleo
- Inv. 81P447
Júlio Pomar
Mulheres na Praia
Esta obra, presente nas exposições individuais de Júlio Pomar (Lisboa, 1926) em Lisboa e no Porto de 1950 e 1951 juntamente com pinturas como Almoço do Trolha, Varina Comendo Melancia ou O Golo, foi feita no contexto neo-realista que marcou a cultura portuguesa a partir do final dos anos 40 e de que Pomar foi expoente máximo no campo da pintura. Influenciado pela contribuição teórica de Mário Dionísio, que defendia para o artista ou agente cultural uma «atitude marxista» e não um formulário estético rígido como encontramos no realismo socialista soviético, o neo-realismo de Pomar consolidou-se numa pintura de influência expressionista (ou sobretudo do pós-impressionismo de van Gogh) e muito marcada pelo Picasso pós-«Rappel à l’Ordre» (e que cruzará nos anos 30 e 40 a herança cubista com o surrealismo). Estas influências eram absorvidas através de leituras e do contacto com reproduções, uma vez que a deslocação ao estrangeiro era para muitos da jovem geração neo-realista, incluindo Pomar, um desejo ainda por concretizar.
Em 1953 e durante um curto período de tempo, Júlio Pomar cederá a um compromisso (ainda) maior com o referente, na época do «Ciclo do Arroz» (iniciativa do escritor Alves Redol, que consistiu em jornadas pelos arrozais do Ribatejo para que os artistas contactassem de perto com a dureza do trabalho na região), trabalhando inclusivamente a partir de fotografias. Mas são obras como Mulheres na Praia que se tornaram o marco pictórico do neo-realismo. A composição em volumetrias de blocos geométricos, a insistência nas mãos e pés nus, símbolos de pobreza e trabalho, os semblantes espartanos das mulheres, uma delas usando o xaile para segurar o bebé ao peito num curioso registo de uma tradição entretanto quase esquecida, são, apesar da heterodoxia do neo-realismo português, recursos de um ideário estético reconhecível enquanto tal. E não será também de desconsiderar a influência bem mais próxima e directa de Almada Negreiros, também ele admirador de Picasso, que vinha explorando desde há muito temáticas populares em composições geometricamente ordenadas e que acabava de completar os frescos da Gare Marítima da Rocha Conde de Óbidos (1948).
MPS
Novembro de 2010
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 93,5 | cm | |
Largura | 122,5 | cm |
Tipo | data |
Texto | 50 |
Posição | frente, canto inferior esquerdo |
Tipo | assinatura |
Texto | Pomar |
Posição | frente, canto inferior esquerdo |
Tipo | Aquisição |
Data | Julho 1981 |
Uma Arte do Povo, Pelo Povo e Para o Povo - Neo-Realismo e Artes Plásticas |
Museu do Neo-Realismo |
Curadoria: David Santos e Luísa Duarte Santos |
20 de Outubro de 2007 a 13 de Janeiro de 2008 Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira |
A arte de pesca. As pescas e as artes |
Museu Marítimo de Ílhavo |
01 de Março de 2005 a 01 de Novembro de 2005 Museu Maritimo de Ílhavo, sala de exposições temporárias |
Pintura Portuguesa - Século XX |
Câmara Municipal de Coimbra |
Curadoria: Telo Morais |
6 de Dezembro de 2001 a 27 de Janeiro de 2002 Casa Municipal da Cultura, Coimbra |