- Papel
- Xilogravura
- Inv. GP1056
Júlio Pomar
Mono Sábio
Em 1962, em plena fase de exploração de uma pintura em moldes mais gestualistas que, por esta altura, muito incidia sobre temas tauromáquicos, Pomar realiza a presente xilogravura a três cores. O tema já havia sido ensaiado em pintura, pois nesse mesmo ano realiza três óleos sobe tela tomando o macaco como mote, intitulando duas de Chimpazé e uma outra igualmente de Mono Sábio.* Esta última apresenta afinidades evidentes com a presente gravura: o mesmo fundo neutro e abstracto sobre o qual se inscreve, descentrado para a esquerda da composição, o animal.
No entanto, se a técnica da gravura o conduz a uma contenção ou depuração distinta, a opção que aqui faz por três tons confere-lhe uma outra animação quando comparada com a uniformidade e sobriedade de cinzas que empregara na tela.
O abandono da estruturação da forma através do desenho e da linha em prol de uma estruturação desta através da pincelada, parece adquirir nesta gravura (e ainda que de uma gravura se trate, e não de uma pintura) um declinação distinta. Há um cariz orientalizante que ressalta desta gravura, seja pela depuração e simplificação da composição, seja pelo uso da “pincelada” como se de um exercício de caligrafia chinesa ou japonesa se tratasse, seja ainda pela pequena mancha vermelha que lhe introduz, discreta mas marcante.
Pairando sobre um fundo neutro, a figuração do macaco é resolvida em manchas de preto e castanho que, mesmo na gravura, parecem deixar a marca do arrastado da pincelada. Os brancos que se intrometem na figura (e que mais não são do que emergências do fundo claro que a mancha escura não esconde) sinalizam o olho e a boca do animal. O descentramento e alteamento do macaco para a esquerda da composição é equilibrado pela sua cauda que, de uma forma muito depurada, se encarrega de ocupar o lado direito da obra, numa trajectória oblíqua que parece “prender” o animal ao quadro ao mesmo tempo que testa os limites da obra.
Por fim, o pequeno círculo a vermelho, parece focalizar o nosso olhar e constituir-se como um centro dissimulado em torno do qual se estrutura a imagem.
* Ver Júlio Pomar. Catálogo ‘Raisonné’ I. Pinturas, Ferros e ‘Assemblages’. 1942-1968, Paris, La Différence, 2001-2004, pp. 170-1.
Luísa Cardoso
Fevereiro 2015
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 40,5 | cm | papel |
Largura | 52,8 | cm | papel |
Tipo | A definir |
Data | A definir |
1/150 Gravar e Multiplicar |
Almada, Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, 2009 |
ISBN:9789728794583 |
Catálogo de exposição |
1/150 Gravar e Multiplicar - Gravuras da Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian |
Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea |
Curadoria: Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea |
31 de Janeiro de 2009 a 17 de Maio de 2009 Casa da Cerca |
exposição comissariada por Ana Vasconcelos, Emília Ferreira e António Canau (Comissário científico). |