- 1948
- Tela
- Óleo
- Inv. PE87
Arpad Szenes
Marie Hélène
Inseparáveis na pintura e na vida que partilharam durante mais de cinco décadas, Arpad Szenes e Maria Helena Vieira da Silva retrataram-se mutuamente desde 1930 e em tempos diversos. Arpad desenhou e pintou Maria Helena sozinha ou representada como casal (série Le Couple, 1930-35), numa união e fusão de corpos com espaços interiores e objectos – mesas ou cadeiras – em versões ora figurativas, ora geometrizadas.
Do período de exílio no Brasil (1940-47), data um conjunto de retratos de Vieira da Silva, que Arpad produziu quase quotidianamente, a trabalhar, a dormir, na sua cadeira de verga, num diálogo incessante, também em termos de pintura. Este tema tem uma simbologia privilegiada: representa a continuidade no trabalho de Arpad, tal como a cadeira trazida da Europa cujas curvas emolduram Vieira da Silva. Ao contrário de Maria Helena, que viveu mal os anos do Brasil e se readaptou bem a Paris, o regresso a França, em 1947, representou para Arpad uma readaptação difícil e uma grande dificuldade em pintar.
As obras dessa altura multiplicam-se em variações de outro tema, Conversations, resultante do diálogo interior, silencioso e sem resposta. São “conversas” com um interlocutor, que pode ou não ser Vieira da Silva, já anteriormente captada ausente e concentrada no trabalho. Estas obras reflectem tensão e isolamento, e nelas, Arpad ensaia múltiplas interpretações plásticas: a cadeira adquire uma transparência e confunde-se com a personagem, aprisionando o modelo. Nestes espaços fechados, tenta retomar um sentido para a sua obra. Na procura de reconstrução, Arpad retoma também os retratos de Maria Helena na sua cadeira de verga que, agora, nos volta propositadamente as costas, inviabilizando qualquer diálogo. A imagem de Maria Helena é tangível na sua ausência, enredada na trama da cadeira. É ainda a incomunicabilidade e a solidão que emanam destes retratos, “Maria Helena” ou “Marie-Hélène”, em diálogo impossível com a pintura. Nesta tela, mais do que modelo ideal, Marie-Hélène torna-se tema e serve para novas investigações plásticas: as formas tornam-se mais geométricas e a cor é usada em manchas que acentuam a forma. A sensação de distância e isolamento tende a ser substituída pela certeza de estar na via que lhe convém: a série dos Banquets é o tema que se segue e se encadeia, como nova metáfora dos retratos de Maria Helena, do casal e das “conversas”. A aproximação a uma linguagem mais abstracta, a concentração do artista na estrutura, na geometrização da forma e da cor, os objectos que se transformam em signos, já se adivinham nesta Marie-Hélène. Esta nova via de pesquisa, que tem uma correspondência mais acertada com Arpad Szenes, possibilita-lhe a representação de um novo entendimento do espaço, outrora fechado. Por isso, os “Banquetes” representam um momento de viragem no seu percurso artístico.
Marina Bairrão Ruivo
Maio de 2010
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Largura | 105,3 | cm | |
Altura | 162 | cm | |
Altura | 163,5 | cm | |
Largura | 106,9 | cm | |
Espessura | 3 | cm |
Tipo | assinatura |
Texto | a. Szenes |
Posição | frente, canto inferior direito |
Tipo | Doação |
Data | 12 Outubro 1978 |
Inauguração do CAM |
CAM/FCG |
Curadoria: A definir |
20 de Julho de 1983 Lisboa, Centro de Arte Moderna/ FCG |
20 de Julho 1983. |
Vieira da Silva - Arpad Szenes nas Colecções portuguesas |
Casa de Serralves |
Curadoria: A definir |
Fevereiro de 1989 a Abril de 1989 Casa de Serralves, Porto |
Exposição individual, no Porto, em 1989. |
Arpad Szenes |
Fundação Calouste Gulbenkian |
Curadoria: A definir |
Existe um catálogo da exposição. |
Arpad Szenes |
Musée d'Art Moderne de la Villle de Paris |
Curadoria: A definir |
Paris, 27 Fevereiro - 21 Abril 1974 |