Almada escreve esta carta a Maria Adelaide Burnay Soares Cardoso (Lalá), a 13 de Agosto de 1920, data em que Maria Madalena Moraes da Silva Amado (Tareca) festeja os seus 18 anos, desabafando o seu amor impossível pela última: «Vê a Lalá o que eu faço para não pensar? Guarde a Lalá estas coisas tão minhas e que só nós dois sabemos. Se ao menos ELA soubesse como eu LHE desejo os parabéns hoje! Adeus Lalá, agora vou rezar para poder aguentar com este meu coraçãozinho de que eu gosto tanto e que tanto me rasga». A carta inclui um poema (Lalá). Note-se que ambas as jovens pertencem ao «Club das Cinco Cores», grupo formado também por Almada, Zeca (Maria José Burnay Soares Cardoso), e Tatão (Maria da Conceição de Mello Breyner).
O «Club das Cinco Cores» surge em 1918, no âmbito da realização do bailado O Jardim da Pierrette, momento decisivo na génese da poética da ingenuidade almadiana, aqui, essencialmente ligada à infância, à imaginação e à espontaneidade, enquanto elementos essenciais de criação, e que seria amplamente desenvolvida em Paris, entre 1919 e 1920. É neste contexto que se inserem outras obras do CAM: DP167, DP168, DP176, DP183, DP184, DP243, DP244, DP245, DP246, DP247, DP 248, e DP249.
SA-F
Maio de 2010