• 1967
  • Madeira
  • Madeirapintada
  • Inv. E1509

Artur Rosa

Evolução de um losango numa malha logarítmica

Misturando influências da Op Art, absorvidas na década de 60, com uma clara apetência geométrica e o domínio de meios científico-técnicos, o exercício rigoroso do desenho de Artur Rosa reflecte-se na pintura e na escultura, evidenciando, no entendimento espacial e volumétrico da composição, a sua formação arquitectónica. Nas suas obras, a linha percorre e modela o espaço, transformando-o dinamicamente. Explícito exemplo do gosto contemporâneo pelo equilíbrio forjado na assimetria, Artur Rosa investiga o modo como as formas geométricas se movimentam espacialmente, criando malhas compositivas dotadas de intenso dinamismo e, logrando um equilíbrio através do contraste de cheios e vazios, de cor e apagamento. Por isso, as suas formas evocam o puro jogo, a repetição infindável do número, da linha, do ângulo que cria pregas na luz, a duplica, a elimina, a examina, desvendando as suas múltiplas faces.

 

É disso exemplo a peça Evolução de um losango numa malha logarítmica, realizada em madeira pintada e na qual um conjunto de losangos progride num duplo movimento linear e de rotação (e mesmo de dobragem, num exercício escultórico que evoca a precisão do origami e demonstra as suas inúmeras possibilidades matemáticas, abstractas e simultaneamente poéticas, nas subtis linhas curvas causadas pela dança das figuras). O suporte quadrado, dominado pela malha de losangos, acentua o carácter geométrico da composição, em que as linhas rectas dominam, e torna mais necessário e flagrante a necessidade desse traçado de curvas meramente sugeridas. Também a economia da paleta (reduzida a um vermelho, dois tons de verde e algumas sombras projectadas pelo relevo das figuras sobrepostas, sublinha a objectividade matemática do conjunto, e consegue, com o contraste, acender reciprocamente as cores, conferindo uma intensa luminosidade à composição.

 

Com efeito, como no restante corpus da sua obra, as formas geométricas puras que se movem no espaço, (des)dobram-se em exercício demonstrativo das suas inúmeras possibilidades matemáticas, abstractas. Não evocam nada para lá de si mesmas, para lá da repetição infindável do número, da linha, do ângulo que dobra a luz, a aplana e examina. Assim se edifica, numa linguagem mista de infinitas possibilidades, uma obra que se afirma entre objecto científico, escultórico e pictórico. Significa isto que, mesmo quando se dedica à pintura, esta responde ainda às exigências da obra escultórica, assumindo as mesmas premissas, tanto no recorte ou desenho dos elementos geométricos que nela progridem, como no modo como a cor mima o volume, como se as modelações tonais usadas se transformassem em densidade matérica.

 

Também neste caso, o afastamento físico patente entre figuras geométricas e suporte acentua o jogo entre interior e exterior persistente na sua escultura e insere a sombra como elemento compositivo. O habitual jogo óptico patente na sua produção mantém, portanto, nesta peça, uma clara e lúdica afirmação.

 

 

Emília Ferreira

Maio de 2010

 

TipoValorUnidadesParte
Altura115cm
Largura115cm
Profundidade12,9cm
TipoA definir
DataA definir
Atualização em 23 janeiro 2015

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