Amadeo de Souza-Cardoso

(Étude B / Estudo B)
1913

Galeria


Informação técnica

Autor(es)
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918)
Título
(Étude B / Estudo B)
Data
1913
Materiais e meios
Tela; Óleo
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
Altura 46,00 cm (tela); Largura 61,00 cm (tela)
N.º de inventário
77P6

Inscrições

Tipo
Data
Descrição
1913
Posição
Canto inferior direito
Tipo
Assinatura
Descrição
«de Souza / Cardoso / 1913»
Posição
Canto inferior direito

Incorporação

Tipo
Aquisição
Proveniência
Lucie de Souza Cardoso
Data
1977

Texto

Étude A/Gemälde A é uma obra de pincelada mais pontilhista, mas de paleta menos intensa, que esteve exposta no Erster Deutscher Herbstsalon [Primeiro Salão de Outono Alemão] na galeria Der Sturm em Berlim em 1913. Étude B ganha maior clareza e vivacidade face à pintura anterior, muito graças à escolha das tonalidades de verde e vermelho em contraste com brancos, amarelos e azuis. Enquadrável numa linha de abstração circular, por oposição a outra linha de abstrações retangulares e de ritmos diagonais, desenvolvida por Amadeo em 1913, esta pintura é rica em sugestão de movimento, insinuando duas rodas principais, onde se concentram as restantes formas.

Embora abstrato, pode existir algo de mecânico neste quadro, uma certa concatenação das formas evocativa de uma engrenagem de rodas dentadas. A máquina é, como se sabe, uma importante categoria para a arte moderna que inspirou o imaginário da vanguarda. Nas entrevistas concedidas aquando da sua exposição na Liga Naval em Lisboa, em 1916, Amadeo de Souza-Cardoso celebrou o progresso, o desporto, a máquina, citando amiúde manifestos futuristas.

Amadeo não dedicou uma galeria extensa à máquina, como observamos em Fernand Léger, em Francis Picabia e noutros artistas ligados ao DADA de Nova Iorque. Contudo, dedicou-se, a partir de 1916, a uma maior mecanização do humano. Não se deve excluir a hipótese de Amadeo ter igualmente aludido à máquina de uma forma muito subtil nas suas obras abstratas. Picabia acabaria por transitar de uma representação da máquina próxima da publicidade e da ilustração científica em 1915 para uma interpretação mais livre em obras expostas na galeria Dalmau em 1922. O artista americano Morton Schamberg, vítima mortal da Gripe Espanhola em Outubro de 1918 tal como Amadeo, intitulou várias obras dedicadas a máquinas de Mechanical Abstraction em 1916.

Após o êxito da sua participação no Armory Show patente em Nova Iorque, Chicago e Boston em 1913 e a frustração com as escassas hipóteses expositivas internacionais durante a guerra, Amadeo mantinha a correspondência com Walter Pach, na expectativa de expor na Modern Gallery do artista e galerista mexicano Marius de Zayas, figura fundamental do meio artístico nova iorquino, tão entusiasmado com o universo maquínico.

 

Marta Soares

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