- 1938
- Cartão e Alumínio
- Têmpera
- Inv. 80PE117
Joaquín Torres-García
Estructura en Gris
Joaquín Torres-García fixa-se em Barcelona no ano de 1892. É aí que inicia os estudos artísticos, frequentando também o café Els Quatre Gats, ponto de encontro de intelectuais e artistas catalães. É influenciado por Puvis de Chavannes e liga-se ao Novecentismo Catalão, que preconizava um retorno ao classicismo baseado na tradição mediterrânica, olhando para os períodos clássicos que, estendidos à história sul-americana, são condensados e actualizados em Estructura en Gris (Estrutura em Cinzento), depois de uma viragem estética em direcção ao modernismo, marcada pela publicação de El Descubrimiento de Sí Mismo, em 1917. É ainda em Barcelona que começa a construir brinquedos em madeira, onde desenvolve a ideia da composição de estruturas complexas a partir de formas geométricas elementares, princípio que, aplicado à pintura, orienta a ordenação do plano pictórico.
Em 1926, já em Paris, depois de passar por Nova Iorque e Itália, junta-se ao Internacional Construtivismo e é co-fundador do Grupo Cercle et Carré do qual fazia parte, entre outros, Mondrian. É também nesta altura que Vieira da Silva toma contacto com a sua obra, chegando a haver troca de correspondência entre os dois. Já no Uruguai, onde se encontra desde 1934, afirma que «O artista opera com formas e não com coisas, porque o que está a fazer é um ordenamento plástico, e não a reprodução de uma aparência natural»*. Em Estructura en Gris, encontramos as orientações programáticas do seu Universalismo Construtivo. Este baseia-se, grosso modo, na modelação da estrutura num plano ortogonal, em que domina a regra de ouro, e o uso de signos. Resolve, assim, o seu dilema da transição plástica da natureza para a abstracção, ao fazer uso de uma linguagem simbólica que apela ao espírito de cada um, não perdendo a intemporalidade que desde cedo o fascinou na arte dos períodos clássicos europeus e sul-americanos, mantendo diferentes estratos de significação. Acaba, assim, por esboçar uma materialização da construção de significados por parte do espectador.
Oferecendo ao receptor o estabelecimento de relações entre os signos desenhados nas diversas áreas delimitadas no quadro, a liberdade interpretativa é potenciada pela relação entre motivos cujo referente é tão distante quanto a distância entre os dois continentes. É possível especular, a título de exemplo, se o uso de VV invertidos e de semicírculos não remete para a arquitectura e os diferentes métodos construtivos usados no vencimento de vãos, respectivamente a abóbada maia e o arco romano, desenhados num fundo em que o cinzento pétreo sobre uma camada de tinta ocre parece reclamar a resistência ao tempo da própria pedra. Esta síntese, formal e simbólica, reforça ainda a defesa de Torres-García de que a afirmação do continente sul-americano devia ser efectuada não através do isolamento, mas por um entendimento da modernidade internacional conjugada com valores locais.
André Silveira
Maio de 2010
* Disponível em www.torresgarcia.org.uy/uc_70_1.html [consultado em Outubro de 2009].
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 101,5 | cm | |
Largura | 81 | cm | |
Altura | 107,3 | cm | moldura |
Largura | 86,6 | cm | moldura |
Espessura | 4,9 | cm | moldura |
Tipo | Aquisição |
Data | Junho 1980 |
A Intuição e a Estrutura / La Intuición y la Estructura de Torres-García a Vieira da Silva 1929-1949 |
Valencia e Lisboa, IVAM e Museu Colecção Berardo, 2008 |
Catálogo de exposição |
Inauguração do CAM |
CAM/FCG |
20 de Julho de 1983 Lisboa, Centro de Arte Moderna/ FCG |
Joaquim Torres Garcia - Su Visión Constructiva |
Museu de Belas Artes, Caracas, Venezuela, Maio 1980 |
A Intuição e a Estrutura / La Intuición y la Estructura de Torres-García a Vieira da Silva 1929-1949 |
Curadoria: Consuelo Císcar Casabán, Jean-François Chougnet e Eric Corne. |
4 de Dezembro de 2008 a 15 de Fevereiro de 2009 Museu Colecção Berardo, Lisboa |
4 de Março a 3 de Maio de 2009 IVAM, Valencia |