• Cartão
  • Guache
  • Inv. DP868

António Soares

Camarim das Girls

Guache sem data atribuída, Camarim das Girls pode ser encarado como uma via de entrada para os anos vinte lisboetas, «também idade dos clubes e dos ‘cabarets’», como escreveu José-Augusto França. Em anos de afirmação de uma modernidade que, de acordo com vários autores, era entendida superficialmente, diz-se dos clubes e dos ‘cabarets’, na Presença de 18 de Julho de 1927, «que a mocidade os elege[ra] seu campo de batalha porque o espírito e o luxo, a alegria e o amor cantam lá dentro a eterna canção da Vida”. Imagem que se completa recorrendo ao Diário de Lisboa de 2 de Abril de 1925: «Um clube à noite é a síntese da vida moderna: a confusão, a loucura, o delírio, o aprés-moi le déluge

 

Esta composição é dinamizada pela concorrência entre as diagonais traçadas pelo banco em que as bailarinas se sentam e as definidas pelos seus corpos, com especial ênfase nas pernas ao centro do guache (ícone por si só do espectáculo de cabaret), e pela animação das figuras conseguida pelos jogos de luz, prolongada no tratamento do fundo e acentuada por uma relativa saturação do azul, do vermelho e do branco das vestes.

 

Soares retrata, deste modo, o essencial do espectáculo visual para lá dos camarins: a celebração do corpo e da mulher que encontra paralelos literários na descrição do espectáculo da cena inicial de A Confissão de Lúcio (1913), de Sá-Carneiro, ou na Idade do Jazz-Band (1924), de António Ferro.

 

 

 

ASR

 

Maio de 2010

TipoValorUnidadesParte
Altura18cm
Largura23,8cm
Tipoassinatura
TextoAnt. Soares
PosiçãoCanto inferior direito
TipoAquisição
DataNovembro de 1983
Atualização em 23 janeiro 2015

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